As palavras que ouvi eram extremamente interessantes, ao ponto em que eram, também, assustadoras. Era compreensível, no fim das contas, nem todo dia se descobre a existência de aparatos mágicos do tipo. Algo me incomodava bastante após ouvir as palavras daquela mulher, mas apesar de não saber muito bem o que era eu estava confiante em mim mesmo depois de tomar conhecimento do que ela havia me dito.
— Quatro, hein? pretendo manter meu bico calado quanto a isso —dizia a ela, pensando comigo mesmo — sequer consigo imaginar com que tipo de pessoa você andou arrumando problema, mas pelo visto vale a pena.
Dizia olhando para o lobo junto a ela, que continuava me intrigando. Naturalmente me senti atraído pelo que aqueles pedaços poderiam trazer, mas ao mesmo tempo me preocupava com a tensão que ela havia posto nas palavras que me dissera. Certamente haveriam muitas pessoas atrás deles, tal qual a mulher do ferreiro e Ekalg, lendas se espalham bem rapidamente, assim como provavelmente também haviam aqueles que tentariam protegê-los a qualquer custo, afinal aquela mulher não seria uma foragida procurada aos quatro cantos e bares de Nuova em vão. Rapidamente as possíveis consequências desse roubo me alertaram sobre o que poderia acabar sucedendo, o ferreiro sequer estava na loja, no fim das contas, teria que esperá-lo para sanar minhas dúvidas sobre quem verdadeiramente era aquele homem, haviam segredos demais para um simples ferreiro lidar.
Ajeitava a capa para trás, abrindo-a novamente, como costumeiramente fazia quando agitado, embora o ambiente não fosse tão propício a isso eu estava acostumado com aquilo.
— Ekalg, tem alguém em especial atrás de você? tenho um mau presságio quanto a isso — perguntei a ela com um tom de voz mais sério que o habitual — não deveríamos ficar tão negligentes por aqui, devo protegê-la até que o ferreiro apareça, tenho muito a tratar com ele.
Fitava-a, ligeiramente inseguro.