Adhragon, escutou atento a cada palavra que era dita pelo colosso e não demorou a compreender a situação em que se encontrava o gigante de pedra. Entendia agora o olhar triste e solitário do colosso, destinado a ficar preso por toda eternidade ali.
Meus pensamentos voltaram para a época em que fiquei aprisionado, me relembrando a dor das estacas de aço sendo fincadas em meus membros, o suplício de viver as mais intensas dores da tortura, a sensação infernal de que o tempo não existia ali e do meu orgulho esmagado, pela vergonha de ter sido traído, capturado pelos anjos e ter se humilhado todos os dias suplicando para que a morte lhe alcançasse enquanto estive preso. A raiva e ódio puro dentro do meu ser, a sede de vingança por esses dias, e o desejo vívido por justiça, mesmo que a minha justiça seja maligna, lesiva e danosa, já insistia em ser extravasada em forma gotas de água pelos cantos dos olhos, mas as impedir de saírem, as enxugando com a minha própria pele, a pele palida e ferida de meu braço.
Eu entendia a tristeza daquele ser antigo, compreendia a crueldade do castigo de ser aprisionado por tanto tempo em uma prisão que é impossível contar os dias que se passou ali, numa prisão aonde o tempo não faz diferença.
— Sim, sim, meu desejo por este momento é por essas rochas que há dentro dessa ruína e em troca delas o que tenho a oferecer é minha ajuda. — Eu o ajudaria ao menos aplacar a grande tristeza de seu destino — Se és tão velho quanto minha própria existência, acredito que tenhas infindáveis desejos guardados dentro de se e eu lhe ofereço minha ajuda para conseguir uma das coisas que queira em troca das rochas.