Tudo de errado c/a última saga de Bleach e os erros que enterraram o mangá/anime

Cogitei até falar sobre os erros & defeitos das 2 últimas sagas (FullBringer e SternLitcher) aqui, mas o tópico se estenderia demais, então deixei pra falar só da última mesmo.
É consenso que o mangá Bleach teve uma brusca e grande queda de audiência (e talvez... qualidade) após o findar da saga Arrancar e jamais se recuperou, nunca mais figurando no topo dos mais lidos ao lado de Naruto e One Piece como nos velhos tempos do Big-3.

A saga Fullbringer foi o início de toda a decadência, e de fato foi uma temporada que causou estranhamento nos leitores, parecendo mais um pseudo-filler de transição (que nem deve ter impactado quem só assistia anime). Mas o fato é que foi uma espécie de saga de transição, pro Ichigo recuperar poderes de Shinigami, e a última saga, dos Quincies, deu continuidade à decadência que enterrou a obra de vez.

Há muitos defeitos a serem citados sobre essa saga, mas o pior de tudo é que, ao pensar muito sobre, tenho a impressão de que os defeitos não são da saga em si. São cacoetes que o Tite Kubo sempre teve desde o início da obra e antes não notávamos. Parece que a saga SternLitcher foi a gota d'água.

(Obs: . há um tempo atrás, expus alguns defeitos da obra noutro tópico. A quem interessar: https://www.forumnsanimes.com/t68808-o-saga-pos-saga-de-bleach-e-muito-repetitivo-e-entediante)

Vi muita gente reclamando que os "quincies" dessa última saga eram muito esquisitos em vários aspectos. Disformes, multi-raciais, toscos, e com poderes sem-sentido. Sim, realmente eram, mas notem que todas as entidades de Bleach sempre foram assim desde o início.
Shinigamis eram desse jeito, Arrancars também, Vaizards e por aí vai... Parece que todas essas "raças" de Bleach seguem esse padrão de aparência e poderes disformes, tendo apenas alguma característica/acessório comum como regra. Máscaras-hollow no caso dos Vaizards e fragmentadas em Arrancars; Zampakutous pros Shinigamis. Arcos pros Quincys, é claro.
É o jeito que o autor Tite Kubo faz suas coisas, pelo que parece.

Mas o fato é que esses quincies da última saga causaram estranhamento e impacto psicológico enorme nos leitores. Ninguém esperava que eles fossem assim e muitos acharam non-sense.
Diferente de todas demais entidades de Bleach, a ideia que tínhamos dos quincies - construída desde o início da obra por apenas 1 ou 2 mostrados, Ishida e seu pai - era extremamente humanizada, mundana e homogênea. Sempre nos foram apresentados como uma raça espiritual de arqueiros cujo poder congênito era de absorver energia espiritual externa e nada mais.

Aquele padrão disforme de poderes e aparências não eram problema pras entidades Shinigamis e Hollows que precediam, mas de fato não pegou bem pros Quincys da última saga. Os SternLitcher também apareciam do nada, sem mais nem menos, cada qual sem nenhuma história pessoal pra contar. Todos deveriam ter já que eram humanos vivendo no mundo real antes de se tornaram soldados. Não é como os Arrancars, ex-monstros de uma dimensão do além (Hollows) recém-criados por uma esfera mística e tal.
De certo até a aparição deles gerou algum estranhamento.

E não para por aí. Como se não bastassem não fazer jus ao estereótipo Quincy, os SternLitchers carecem de toda e qualquer originalidade que fazia das entidades anteriores algo único. Em absolutamente tudo, não só poderes, mas até roupas e adereços.
Pode parecer superficial, mas pra um Shonen como Bleach isso são detalhes importantes que dão todo um clima e originalidade à obra.
Acho que aquelas máscaras Hollow em Bleach são quase equivalentes às bandanas de vilas em Naruto; quase peças publicitárias. Até as roupas dos Arrancars era algo bem autêntico e excepcional, uma mescla entre trajes modernos e os kimonos de Shinigami...
Já os Quincys da última saga eram (quase) todos humanóides comuns sem nenhuma característica distintiva e até os trajes eram totalmente ordinários; uniformes militares.

Eu não tenho dúvidas de que a saga Arrancar foi o auge de criatividade e qualidade de Bleach, e até acho que Kubo deveria tê-la aproveitado melhor, tendo a estendido.

Os Sternlitchers da última saga não devem ter nem um-décimo do carisma dos Arrancars e de fato imensa maioria deles não foram personagens cativantes que conquistaram o público. Sempre disse que o saga-pós-saga de Bleach era repetitivo e parece que nessa última saga Quincy o Kubo mirou em certas fórmulas de sucesso da saga Arrancar. Mas só acertou na caçamba de lixo.

Aquele lance de escolher letras pra simbolizarem os poderes do SternLitchers, pra mim foi um tremendo retardo. Isso claramente não se baseou em nenhuma lógica interna da obra e foi mais um cacoete autoral do Kubo, lembrando que eram números/algarismos que representavam os Arrancars em simples hierarquia de força. Ele quis que letrar representassem as iniciais dos poderes Sternritters, em inglês?!
De fato essa baboseira limitou a quantidade de de quincies que ele deveria criar e também os poderes deles. Houve uns que apareceram e morreram rapidamente em cenas totalmente ridículas que nem quero listar aqui.

Enfim, é isso oque recordo por agora e se houver algo mais a adicionar, direi nos comentários.
Só pra constar, não acho que essa última saga foi um completo lixo; houve alguns (beem poucos) quincies interessantes que eu não mudaria nada, umas ótimas lutas (algumas clássicas, como Unohana x Zaraki & Ichibei x Yhwach) e muitas revelações e reviravoltas importantes pra toda a série, é claro.
Mas de fato houve todos esses erros em detalhes que justificam toda a decadência pela qual passou o mangá, e consequentemente o anime também...

Última edição por Eumenes em Sex 03 Jun 2022, 15:33, editado 1 vez(es)

Pra mim o erro do Bleach é ter o Ichigo... o resto é muito bom...

@eumenes Olha sua informações estão boas.

No entanto porque os SternLitchers era como uma forma militar? E porque o seu líder era daquele jeito?

Simplesmente Tite Kudo, buscou para fazer essa saga com elementos de narzismo, onde Hittler foi um comandante implacável.

Então está subentendido em sua obra essa referência.

Última edição por SamuelCosta em Qui 07 Jul 2022, 12:43, editado 1 vez(es)

Bleach é uma obra muito boa, uma das minhas preferidas...

No manga foi bom!
Mas quando o anime estava prestes a acabar, muita coisa me pareceu incomodo... Parecia um despacho...

Eu avaliaria assim:
-Manga 9
-Anime 7

Kubo meteu o louco alegando estar doente durante o período. É a palavra dele contra as evidências. Acredita quem quer.

A saga Fullbringer matou Bleach, todos os erros observados na saga dos Quincy são extensões dos problemas da saga Fullbringer. Inclusive uma das poucas conspirações de "editor malvado" que eu acredito é de que o editor pediu para o Kubo fazer essa saga. Além dela não adicionar nada na trama principal do mangá, não existe uma ligação lógica entre essa saga e o cliffhanger da saga do Arrancar.

Foi na saga Fullbringer que o Kubo adquiriu o vicio que tornou a saga dos Quincy horrível: poderes non-sense e que não criam qualquer dinâmica interessante nas lutas, tensão baseada em plot twist tirado do orifício anal ("Hahahaha você acha que me derrotou? Na verdade eu tenho esse poder nunca mencionado ou prenunciado e você foi o derrotado!"), antagonistas sem carisma cujo a única utilidade na trama é para algum personagem mostrar seus poderes ou simplesmente impedir que eles interfiram na trama. 

Esse é um processo que acaba de acontecer em One Piece, na saga de Wano. 

Isso torna a saga extremamente arrastada e repetitiva, principalmente porque essa saga dos Quincy, assim como Wano em One Piece, não tem realmente um objetivo concreto, então é tudo muito gratuito. O Oda ao menos se dava ao trabalho de criar uns mini objetivos, umas sidequest meia boca, em Bleach era só gratuito, vazio.

bleach se perde é um fato mas na época achei bem exagerado naruto tambem tava num arco bem ruim e o pessoal não hateava tanto.

@ShinobinoKami

Jamais discordo que a saga FullBring foi o ponto inicial da decadência e queda de Bleach. Mas reitero que oque já disse, sobre oque enterrou a obra de vez na saga final dos Quincys ser cacoetes repetitivos que Kubo vinha praticando desde sempre.

Bleach sempre foi repetitivo e um dos fatores da saturação na saga final foi - além de tudo oq já falei - o entediamento que ainda não existia na altura da saga Arrancar.

Creio que ninguém aqui se opõe ao que eu disse, sobre os Arrancars/Espadas terem sido o auge de criatividade, identidade e qualidade de Bleach e eu até acho que a saga deles deveria ter durado mais. Mas fato é que desde essas Eras de Ouro já haviam essas esquisitices de poderes e coisa e tal. Há coisas nos próprios Arrancars que sempre achei sem-nexo e desnecessário, como eles possuírem Zampakutous e serem híbridos entre Shinigamis e Hollows. Acho que seria bem melhor e mais coerente se fossem simplesmente Hollows humanóides com transformações a partir de suas máscaras.


Sobre antagonistas sem carisma... Bem, é muito claro e óbvio que os Shinigamis são os personagens centrais e todos os inimigos são criados pra e por eles. Pra eles terem suas lutas, desenvolvimento, mostrarem novos poderes (Shikai, Bankai...) e por aí vai. Mas Bleach sempre teve isso de antagonistas descartáveis e efêmeros, inclusive na saga Arrancar e talvez você(s) só não notava(m).

Fato é que essa última saga dos SternLitchers foi a gota d'água e os leitores não tiveram mais saco.
Reitero tudo oque eu já disse sobre os Quincies da última saga; no habitual padrão repetitivo do saga-pós-saga, ocuparam aquele nicho de grande organização-entidade trajada-de-branco inimiga dos Shinigamis - anteriormente representada pelos Arrancars - e Kubo parece ter mirado em algumas fórmulas de sucesso (e errado miseravelmente).

@SamuelCosta

Sim, eu sei. Sempre notei as referências nazistas-alemãs nos quincies-sternritters dessa última saga e, sinceramente, achei algo bem tosco e desnecessário.

De certo foi mais um cacoete repetitivo do mestre Kubo. Na saga arrancar-espada eles possuíam denominações e referências em español, mas a alusão a eventos da história real eu desconheço.

@A D Sartana

É, talvez a radiação de Hiroshima tenha afetado as capacidades mentais dele.

Ironias a parte, eu realmente acho que a direção da Shonen Jump deu um corte nele e o forçou a acabar Bleach subitamente daquele jeito.

Eumenes

Digamos que a Jump ainda foi muito cordial e atenciosa dando uma rara oportunidade de encerrar com um tempo considerável, mas por birra Kubo resolveu fazer a merda que fez.

Esses problemas nunca foram centrais nas Sagas iniciais do mangá, Saga do Shinigami Substituto, Saga da Soul Society e dos Arrancar.

Nessas primeiras sagas o sistema de poder se desenrolava ao redor de porradaria pura, o poder dos personagens se resumia a basicamente trocar a arma que usavam, mas as lutas ainda tinha seu valor porque tinham algo em jogo, alguma consequência, e os protagonistas sempre estavam na desvantagem, logo existia alguma tensão, além do Kubo criar alguma dinâmica para tornar a luta divertida.

O primeiro cara com um poder diferentão que me vem a mente, que não se reduzia a porrada, é o Mayuri, que além de combinar com o personagem, o poder dele incialmente era simplesmente espalhar veneno. O Tousen também tem um poder diferentão, mas que é usado para criar uma luta com uma boa dinâmica entre ele e o Zaraki, um cara exclusivamente porradeiro.

No arco dos Arrancas realmente já haviam muitos desses poderes diferentões, mas a maioria ajudava a criar uma dinâmica original e criativa para as lutas não se resumirem a porradaria pura, alguns funcionaram e outros não, mas ainda era algo restrito. No arco dos Quincy, o que torna tudo intragável é que nós temos dezenas desses poderes, basicamente todos na verdade, não me lembro de um único Quincy porradeiro, e esses poderes não contribuem em nada para a dinâmica da luta em que estão inseridos, eles são apenas um recurso de roteiro.

E também tem algo repetitivo e especialmente irritante nesse arco, Kubo cria um poder, não sabe ou não tem como lidar com ele e então simplesmente faz o cara ser derrotado sem nenhuma explicação (ou com algum recurso inventado no último segundo) ou tira ele de foco.

Isso havia acontecido anteriormente com o Aizen, embora por alguma razão muitas pessoas gostem do fato de que o Ichigo derrotou ele porque sim, porque ele era fodão, mas isso se torna um problema central no arco dos Quincy porque é algo que ocorre múltiplas vezes.

Os vilões descartáveis é o mesmo caminho, na Soul Society já existiam alguns na figura daqueles tenentes secundários, que até que ganharam seu espaço por algum motivo, e cresceu no Hueco Mundo com aqueles Fracción ainda mais irrelevantes, mas eles apenas eram enchimento e escadas para os vilões principais: os Capitães e os Espadas.

Na saga dos Quincy isso não existe, a elite do Yuhabaha cujo o nome eu sequer me lembro é tão ou mais sem carisma do que os SternLitchers irrelevantes e o principal, nenhum deles transmite nada, não quer dizer nada, eles são literalmente como os Fracción que só serviam para serem escadas para os personagens.

Isso é piorado pelo fato de que não existe qualquer objetivo concreto na Saga dos Quincy, é a luta pela luta, mas a luta é sem graça, sem qualquer dinâmica interessante e não quer dizer nada.

A questão da Saga dos Quincy não é a repetição, o Kubo decaiu mesmo, desaprendeu a escrever.