Salão do Trono

Com o badalar dos sinos, um mago de pele clara e cabelos longos, comparável a sua barba gigantesca, vestia uma grande túnica. Estava acompanhado de alguns guardas e uma moça ao qual, desnorteada jazia atrás dele. Seu nome? Azarethot Inmus; O mago mais poderoso e conselheiro real do reinado de Otavius II. 

A garota se encolhia atrás do grande mago.

— Enfim chegamos, achamos a garota meu rei. Ela viveu na floresta por muito tempo, mas parece que não se lembra do seu passado, porém suas condições mentais são boas e agradáveis. Venha minha querida, apresente-se ao rei, seu irmão — Inmus deu espaço para a garota passar, os guardas e os príncipes observavam com repulsa ao vê-la com trapos sujos e não sofisticados como os da realeza. 

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Aurelia permanecera inerte por alguns segundos: a jovem druida ainda não havia experimentado uma situação como aquela e, diante de tamanho desafio, buscara em sua mente recordações de ensinamentos acerca do comportamento perante a nobreza, que lhe foram ensinados pela mulher sem nome. Com certa reclusão e inabilidade, curvou-se timidamente.

— O meu nome é Aurelia, vossa majestade. — Encarava o chão com alívio, pois este servia como refúgio diante dos olhares repulsivos. —  Perdoe-me por minha introspecção, tudo aconteceu de forma tão repentina e não estou acostumada com situações formais como esta. Como pode ver, minha existência é singela — internamente, sentia-se incomodada com a situação na qual precisava se submeter.

A druida aguardou com certa indiferença a resposta do rei, uma vez que relutava sobre toda a situação — fora ensinada que havia uma vastidão de seres no mundo e que muitos deles atraem-se por todo o tipo de atrocidade. Todavia, a figura do mago superava quaisquer incômodos gerados pelo luxo do ambiente, Azarethot Inmus tinha em torno de si uma atmosfera diferente.

A voz da garota ecoou pelo salão, não havia um ser ao qual falasse em seu momento. Otavius se relutava em se dirigir à palavra à ela, com os punhos cerrados, levantou-se. 

— Como sabe, meu pai falecido, eu assumi o trono, entretanto ele deixou sob minha custódia uma filha bastarda ao qual ele jamais viera contar. — Os condes reviraram os olhos, escapando da visão do rei — Está sob minha guarda, Inmus lhe ensinará os bons modos e costumes, para que eu, somente eu possa analisar se sua vida é digna do meu sangue. Algo que não espero muito. 

Otavius não deu oportunidade para a fala da garota, sentou-se novamente no trono e esbravejou: 

— Tirem-na daqui. 


Os guardas por um instante aproximaram para pegar no braço da garota e a levar dali. Porém Inmus interrompeu com um aceno quase imperceptível. 

— Ela está sob minha tutela agora — Inmus pôr-se a dar a mão a garota — Vamos donzela? O mundo e o conhecimento lhe aguarda. 


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Aurela intimamente não se surpreendeu com a postura do rei, uma atitude digna de um nobre cujo ambiente lhe incentivara a agir como uma autoridade relevante da vida. Contudo, pôde sentir uma fração de respeito dentro do conjunto de palavras.

Aproximar-se-ia, de qualquer forma, a Inmus, porém foi surpreendida pela forma elegante e interventora utilizada pelo mago para conduzir a situação. A druida levantou com delicadeza a mão esquerda — gélida e com resquícios de sujeira —  e colocou-a sobre a mão do mago.
— Estou sob sua tutela — repetiu, sorrateiramente, para si mesma.

Aurelia seguiu o mago com a pretensão de responder-lhe a todos os eventuais questionamentos.

Inmus sorriu gentilmente para a garota, ambos saíram dali, às vistas de olhares tortos e narizes empinados. A caminho do Santuário dos bruxos, Inmus conversava com a garota. 

— Talvez, pela arrogância do novo rei, eu não tenha me apresentado a ti. Sou Azarethot Inmus, mas me chame de Inmus. Saiba que você é uma afronta ao rei, de certa forma. Ele irá fazer de tudo para que você seja eliminada do reinado, porque é a primeira vez em seis séculos que há um bastardo na família real. E olha que eu já vi muitos reis — Inmus deu uma gargalhada fanha — Mas eu estou aqui para garantir o seu conhecimento e talvez um pouco de sua segurança. Vamos até o Santuário, lá, você iniciará seus estudos na academia. 

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