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[ANTIGO] [Shounen / Romance / Comédia] Four Sun - New Generation

3 participantes

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Four Sun - New Generation!

Passaram-se três anos desde a devastadora batalha entre Kin e Kazu, a paz continua reinando na Terra. Depois de uma busca frustrada pelo Four Sun, Haru desiste do mesmo por um tempo e decide dedicar-se somente a treinar para superar a força de Kin, tornando-se o novo protetor do mundo. Com o retorno de Arashi, Keiko e Hayate, tudo parece melhorar, porém a situação muda com a chegada de dois seres misteriosos e extremamente poderosos, que se denominam "Akumas, seres extra-dimensionais" que atacam a Terra, obrigando os guerreiros de Áries a lutarem juntos mais uma vez, para proteger o mundo desta ameaça.

Novos vilões e heróis surgirão nesta emocionante disputa pelo destino dos universos, as batalhas serão as mais difíceis da vida de todos, porém, nossos heróis estão dispostos a lutarem com todas as forças para proteger tudo o que os protetores que os antecederam tanto lutaram para manter e proteger!

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1: A nova aventura de Haru: caçada pelos talismãs!

Um pequeno ponto de luz dourado e brilhante acendeu-se no horizonte, tornando-se mais visível a medida que o tempo se passava. Quanto mais vida aquele clarão adquiria, mais altas as risadas que pareciam acompanhá-lo se tornavam e ecoando pela área, de longe, emanavam pureza e ingenuidade, atributos dignos de uma criança alegre. Um vulto cor de abóbora passou raspando as águas e cortando o ar, envergando as árvores e levantando ondas.

Se movendo entre os montes, desviando habilmente dos galhos em seu caminho e deixando para trás nada mais do que a ventania da rapidez de seu voo — que por si só eram fortes o bastante para destruir penhascos e rachar montanhas —, o pequenino jogou suas asas cintilantes para trás, planando rumo às maiores alturas que conseguiria atingir naquele instante. Um sorriso sereno se formava em seu rosto, que era beijado pelos ventos frios daquela manhã ensolarada.

As alturas que alcançou lhe deram uma visão privilegiada daquela região. Os olhos castanhos percorriam vagarosamente toda extensão da área. Utilizando o dedo indicador, ele retirou o único fio de cabelo laranja que descia-lhe a testa. Imaginar que teria que bater suas asas amareladas para poder chegar ao chão novamente, fez com que a sensação que mais o fazia entusiasmar-se toda vez que pensava em voar retornasse. Ele não esperou nem mais um segundo; inclinou seu corpo para frente, posicionou as asas e disparou em alta velocidade contra o chão.

— Não existe mesmo nada melhor do que ter asas pra voar livremente, eu não me canso disso, hahah!! — disse ele animadamente, preparando-se para subir no exato instante em que estivesse para colidir com a superfície, para assim ter a emoção que tanto adorava — Eu sou um super-herói, hahaha! Vou voar pelo mundo todo, sou um passarinho! — o garoto arrancou para a direita, fazendo, depois, movimentos de zigue-zague à toda velocidade.

O pequenino de cabelos cor de abóbora espetados —com alguns fios louros espalhados pela cabeça — continuou com o seu caminho, voando sempre com trajetória retilínea. Esticou seus braços ao longo do corpo para cruzar o caminho estreito que viu pela frente. Ao chegar ao outro lado, desvencilhando-se das sombras que a ponte sobre a qual passou criara, ele se deparou com uma cena da qual não se agradou muito.

Pausou o voo, parando em pleno ar.

— Hã? O que tá acontecendo? — De onde estava, podia ver perfeitamente um urso pardo preparando-se para atacar dois cervos indefesos, que se acanharam diante das ameaças do animal a sua frente — Não vou deixar você bater neles! — o pequenino voou até eles e, em um piscar de olhos, apareceu entre as criaturas.

Utilizando apenas uma mão, ele parou o golpe desferido pelo animal violento. Aproveitando-se da condição, ele segurou o ser pelo pulso, girou, pondo o braço do mesmo por cima de seu ombro e após inclinar o corpo um pouco pra frente, ele o atirou contra o chão com força, atordoando-o por ao menos alguns segundos.

Olhou para os cervos, que o observavam confusos.

— Vocês não podem ficar por aqui, fujam ou mais ursos como esse vão aparecer e vão bater em vocês! — alertou-os, vendo-os obedecê-lo logo depois, fugindo dali.

Seus olhos, agora, desviaram-se para o animal, que ainda estava desacordado. De alguma forma, conseguiu sentir quais eram as verdadeiras intenções da criatura, percebê-las assim o fez sentir dó. Após vagarosamente aproximar-se do urso, ele o tomou pela mão e, devagar, levou-a até a argola dourada que estava sobre sua cintura, fazendo-o tocá-lo ali levemente. Soltou a mão dele.

Confuso, o pequenino coçou o topo da cabeça. Sorriu.

— Você não é malvado, só tava atrás de alimento para dar pros seus filhos, né? — o animal descerrou os olhos, e, como uma resposta, emitiu alguns sons, sons que a maioria das pessoas não conseguiriam interpretar seu significado, no entanto, o garotinho de cabelos espetados pôde perfeitamente entender — Eu já sabia disso. Você conseguiu tocar na minha auréola sem levar um baita choque, isso quer dizer que você também tem o coração puro. Meu nome é Haru, é um prazer conhecer você, senhor urso. — ergueu a mão para ajudá-lo a se pôr de pé — Eu acho que posso te ajudar. Se você jurar que não vai mais tentar bater nos outros animais, eu te levo pra um lugar aonde tem um montão de comida!

O garoto novamente soube interpretar os sons emitidos pela criatura. Sem a menor dificuldade, ele pôde erguê-lo com somente um braço, reabriu as asas e levantou voo, seguindo para a direção na qual, segundo ele, conseguiria alimentos para a criatura que carecia deles. Um sorriso se formava lentamente em seu rosto, juntamente com o sentimento de satisfação, que crescia dentro dele. Uma das coisas que mais gostava de fazer, era ajudar os outros, se sente incrível, toda vez que faz uma boa ação.

Não conseguia descrever em palavras a sensação, tudo o que sabia era que o fazia bem, muito bem. Fazer boas ações, inclusive, passou a agradá-lo muito mais do que lutar e treinar para se fortalecer, por mais incrível que pareça. Se bem que, de alguma forma, pelo que foi capaz de notar, isto "mudava" a sua performance em batalhas, perceber isto foi fácil, já que toda vez que visitava a Ilha dos Yokais, Sora o desafiava para um combate.

Esquecendo-se disto por alguns instantes, ele finalmente avistou o local do qual falara ao urso que carregava. O local era enorme e cercado por montanhas íngremes, árvores e rochas também eram presentes por toda a parte, tornando difícil a transição por métodos normais, por ali. Do ângulo em que eles se encontravam, era possível avistar, bem distante, um campo enorme envolto por uma cerca, provavelmente uma fazenda.

Haru pousou suavemente sobre a área que mais carecia de pedras e outros empecilhos, deixando o seu companheiro de viagem no chão, em segurança.

— Espera aqui alguns minutinhos que eu já volto, vou ir atrás de uns insetos gigantes e malvados que vivem lá, não sai daí, senhor urso! — ele apontou para a direção, indicando para aonde iria, não esperou mais e levantou voo, seguindo para a direção apontada. Minutos depois ele retornou, carregando um mosquito gigantesco inconsciente em uma das mãos, e um outro inseto sobre a outra — Isso aqui tá bom, acha que os seus filhinhos vão gostar de comer isso? — o animal lhe deu a resposta, emitindo os mesmos sons de antes — Tá legal, então tá tudo bem! Vamos, eu vou te levar pra onde eles estão — O pequenino ergueu o urso gigantesco, jogando-o sobre as costas — Ah, esqueci de te perguntar, pra onde você mora mesmo? — o urso respondeu — Não fica muito longe daqui, vai ser moleza chegar lá!

Uma das coisas que mais gostava de fazer, era conversar com os animais. Isso porque eles eram muito diferentes dos seres humanos, eram tão bem educados quanto uns e mais bem educados do que outros, eram sinceros e, a grande maioria, possuía um bom coração. Só não entende o porquê de, até agora, ter sido o único a desenvolver essa "habilidade".

Apesar de já ter visto Naomi conversar com um pássaro e a pequenina Sachi falar com um gato, certa vez. Fora elas, não se recorda de mais nenhum outro alguém com capacidade parecida. Já viu Yue e Sora tentarem, mas nenhum dos dois obteve êxito nisso, o que, realmente, era confuso, pareciam que apenas pessoas seletas eram capazes de fazê-lo.

Avistou o local apontado pelo seu novo amigo, tratava-se de uma caverna. Adentrou-a com cuidado, deixando-o no chão novamente e, assim que o fez, mais ursos — menores do que ele, o que o fez compreender que se tratavam dos filhotes dele — correram até eles. O patriarca entregou aos pequeninos os insetos que o pequeno Haru lhe havia arranjado. Eles cheiraram e, aparentemente, não gostaram.

— Hã, o que aconteceu? Não gostaram? — eles o deram a resposta — Tudo bem, acho que eu posso ajudar com isso — Haru andou lentamente até eles, temendo assustá-los, porém, não deu certo, pois eles correram para as costas do urso mais velho — Calma, não vou machucar vocês, eu só quero ajudar. — mais seguros depois de ouvir o pai dizer que podiam confiar, eles saíram das costas dele e cederam ao garoto os insetos gigantes trazidos; com um único movimento da mão direita, ele foi capaz de fazer nascer chamas, e com um simples toque tostou os bichos, recebendo os agradecimentos dos ursos, em seguida — Hahah, não precisam agradecer, acho que eu...

O nervosismo o tomou, após se dar conta de que estava atrasado para um compromisso importantíssimo. Kin lhe disse para estar na sala dela até o meio-dia, porque lá ela lhe daria uma tarefa, uma missão, e lhe disse de um modo intimidador, que se não chegasse até lá, receberia uma punição, algo que ela nem chegou a dizer o que era, mas mesmo assim, lhe deixou bastante assustado.

Ele correu até a saída parando na beira do penhasco.

— Eu tenho que ir, se eu não chegar lá antes do meio-dia eu tô frito, a Kin vai me matar! — suando frio, ele reabriu suas asas e voou para o Noroeste, o mais rápido que conseguia. — Eu tô frito! Eu tô frito! Se eu não chegar lá de uma vez ela vai... o que ela disse que ia fazer mesmo? Não sei, mas com toda certeza deve ser terrível!

"...— Você pode ir"

"...— Valeu! — exclamou alegremente"

"...— Mas... — Haru parou apreensivo para ouvi-la — Se não estiver aqui até o meio-dia, irá conhecer a minha fúria...!"


Lembrar-se disto o deixava ainda mais nervoso, o que, de certa forma, era bom, pois o forçava a voar ainda mais rápido, assim, em poucos segundos, já se viu dentro do Reino de Áries novamente, e manteve aquela velocidade, até chegar ao andar final do palácio. Haru recolheu as suas asas, correu até a porta que havia alguns metros a sua frente, abriu-a, desceu todas as escadas e percorreu o corredor a frente, passando por todas as pilastras até se ver de frente para os portões dourados, que davam na sala de reunião do conselho.

Bateu na porta até ouvir o "entre", que com certeza era dela. O pequenino engoliu seco e empurrou devagar a porta. Lá estava ela, sentada, com os cotovelos apoiados sob a mesa a frente e o olhar direcionado à ele. Haru olhou discretamente para o relógio no canto da parede ao lado, podendo suspirar aliviado, ainda faltava um minuto para dar meio-dia.

— Pensei que não viria. — disse-lhe, assustadora como sempre.

— Como pôde pensar nisso, é claro que eu viria, hahah! — ele gargalhou tentando esconder o nervosismo — Que tipo de missão eu vou ter que fazer? Pode dizer, eu tô ansioso!

— Preste atenção — começou, ele assentiu — No meio de toda aquelas obras que tivemos aqui no reino, nós acabamos perdendo os Talismãs Essenciais que pertenciam ao Hanzuki-sama, à Yuno e ao Yamada-sama.

— Hã? Talismãs Essenciais? O que é isso, é algum tipo de brinquedo?

— Não. — Respondeu. — Os Talismãs Essenciais servem como uma espécie de selamento, eles guardam para sempre a Essência elemental do samurai falecido, impedindo assim que ela desapareça ou que alguém a roube.

— Entendi. Mas como é que eu faço pra achar isso?

— Aqui tem um mapa mundial feito pelos retalhadores, ele marca os últimos locais aonde as essências foram sentidas mas não é nada certo, de toda forma você terá que procurar. O talismã da Yuno contém o raro elemento neve, o talismã de Hanzuki-sama contém o ainda mais raro elemento pó, e por fim, o do Yamada-sama, contém o elemento terra e as suas técnicas. Preciso que você os recupere e os traga até mim, acha que consegue?

— Aham. Consigo sim, pode confiar! — afirmou.

— Tudo bem. — afagou os cabelos dele, sorridente — O que está esperando?! Vá de uma vez! — exclamou, ríspida.

— S-Sim senhora! — disse, nervosamente, um pouco antes de correr assustado, saindo pelo portão.

— E vê se não volta tarde pra casa, não vá fazer minha mãe, meu pai e eu ficarmos te esperando pro jantar, ouviu?! — avisou-o.

Haru a havia escutado, mas estava longe demais pra dar uma resposta, ele sabia que uma das coisas que mais a irritava era não ter suas perguntas feitas à alguém respondidas, mas o que podia fazer? Voltar agora que já está próximo da porta não, portanto, iria esperar para ouvi-la quando voltasse, por mais medo que esperar por isto lhe desse. Depois de cruzar a porta, ele abriu as asas e se moveu em direção aos céus de onde estava mesmo, rumando a saída da Nação da Água.

Pensou que, agora que já estava em missão, não tinha que ter tanta pressa, por isso resolveu relaxar, aproveitar a viagem. Começou a imaginar no que conseguirá, caso consiga concluir a missão. Receberá o reconhecimento de Kin, a pessoa a quem almeja superar, e... bom, não conseguiu pensar em mais nada, pois só de imaginar ter o reconhecimento dela, já o faz esquecer-se de tudo, de tão feliz que se sente.

Resolveu verificar aonde estava, percebendo que já havia saído de dentro da Nação da Água há muito tempo. Sorriu. Ele retirou o mapa enrolado, que havia sido prensado contra a argola que estava em torno de sua cintura e o desenrolou. O olhou, analisando-o com um sorriso no rosto. A sua barriga roncou.

— Agora eu tô com fome. — afirmou, esfregando o seu estômago com a mão direita — De acordo com o que indica o mapa, o talismã não tá muito longe do vilarejo aonde vivem a Yue e os outros, acho que tá tudo bem eu fazer uma visitinha e aproveitar pra comer alguma coisa. — depois de resolver isto ele guardou o mapa novamente e se focou novamente no seu caminho.

Graças à sua impressionante velocidade de locomoção no ar, não tardou muito para finalmente chegar ao vilarejo. Já lá dentro, ele se concentrou em encontrar a casa deles, o que por um lado seria difícil, tendo em vista que era bem pequena e humilde, porém, se lembrou de que lá também viviam Sora, Yue e Naomi, e por agora saber detectar essência — graças à Kin, que o treinou e o ensinou a fazê-lo —, não seria tão difícil achá-la. E seguindo as regiões por onde conseguia sentir as essências do vento, do relâmpago e da terra, ele rapidamente encontrou o lugar.

Avistou a pequena casa e pousou calmamente sobre a rua em que ela se localizava. Correu até a porta e a bateu. Foi quando começou a escutar vozes.

— Olha Sora, eu não quero saber, me ouviu?! Eu já te disse não! — era a de Yue, que estava claramente irritada — Depois de ficar com todas as garotas dessa vila você vem e me diz isso!?

— Eu já expliquei um monte de vezes que não tem nada a ver, aquilo foi só... — essa era a voz de Sora.

— "Só..." você querendo curtir, né? — ouviram a porta bater novamente — Não quero mais escutar você, vou sair um pouco, diga à Naomi-chan que eu volto pela tarde.

Ela abriu a porta irritadamente, passando por Haru muito rapidamente, sem lhe dar a chance de cumprimentá-la. Ele entrou devagar, avistando Sora logo na entrada.

Sora o viu e sorriu.

— Você, por aqui? É muito difícil, viu. Não sabe o que está perdendo, por aqui tem muitas garotas lindas. — afirmou, ao notá-lo — Que tal se lutássemos um pouco? Só pra aquecer.

— Foi mal, mas eu não posso agora porque tô em uma missão importantíssima, sem falar que eu tô quase morrendo de fome! — respondeu, se agachou para desamarrar as botas e as jogou para o canto, logo depois adentrando a casa — E o que deu na Yue-chan, por que ela parecia irritada?

— Aconteceram umas coisas aí. — respondeu, coçando a nuca com o rosto corado — Não vai dizer que veio aqui só pra comer?

A barriga dele roncou novamente.

— É, acho que é isso mesmo, hahah! — falou, esfregando o estômago novamente — Cadê a baa-chan?

— Ela foi na mercearia faz algumas horas, foi fazer umas compras. Mas em cima da mesa tem pão e algumas outras coisas, ela deixou ali para que comêssemos, imaginando que iria demorar. — Respondeu, mas quando olhou para o lado, já não o viu mais lá, Haru já estava debruçado sobre a mesa de plástico da cozinha, devorando tudo.

Em poucos segundos o garoto já estava perto de acabar com tudo o que estava sobre a mesa, a rapidez com a qual ele comia era de assustar, era notável que ele estava mesmo com muita fome. Depois de "limpar" a mesa, ele arrotou e sorriu satisfeito.

— Ah — suspirou aliviado, sorridente — Agora eu tô mais do que pronto pra voltar pra missão!

— Deixe-me ver esse mapa. — Sora pediu e Haru cedeu-o a ele, que analisou todo o mapa — Cara, isso fica mesmo longe daqui.

— Não tenho com o que me preocupar, como agora eu posso voar na velocidade da luz, posso chegar lá em um piscar de olhos! — afirmou, surpreendendo-o — Essa manhã eu já dei umas quinhentas voltas pelo mundo inteiro em somente alguns segundos como treinamento!

— Entendi. — sorriu — Então quer dizer que, agora, você também pode se mover na velocidade da luz?

— Aham, tudo graças ao treinamento da Kin! Foi bastante pesado, mas compensou muito! Mas e você, também pode? — perguntou, vendo-o assentir — Uau, isso é incrível, Sora!

— Nem tanto assim, eu não preciso correr, já que agora eu aprendi uma técnica super-especial. — disse, com um sorriso presunçoso estampado na face.

— Sério, que tipo de técnica? — Perguntou, olhou a sua volta — Sora? Cadê você?

— Estou aqui. — falou, tocando-o no ombro.

— AAAI! — Gritou, virando-se para ele que já estava em suas costas — Você quase me matou de susto! Mas, como você fez isso?

— Fui eu quem ensinou à ele. — Sachi respondeu, voando pela cozinha. — É uma surpresa te ver por aqui. E você não mudou nada, continua com a mesma carinha de um garotinho de 10 anos, Haru-chan.

— Uau Sachi, você tá diferente, até cresceu! — afirmou.

— Você acha? — perguntou-o.

— Nem tanto assim, só um pouco. — Sora se intrometeu — Antes ela não tinha nem o tamanho da palma da minha mão mas agora ela tem o tamanho do meu rosto! — disse, dando risadas. Irritada, ela lhe deu um choque na nuca — Au! Nossa, você não aguenta uma brincadeirinha? Ficou igualzinha a Yue, hein!

— Que tipo de técnica você ensinou pra ele? — Haru lhe perguntou.

— A minha técnica de teletransporte. — respondeu, e ele olhou incrédulo — Mostre à ele.

— Certo, certo. — se aproximou dele e o tocou no ombro — Vamos para o Vilarejo Kyoi. — afirmou, apontando com o dedo indicador, no mapa dele.

Ao invocar a técnica de teletransporte, o raio transpassou o teto da casa como se não fosse feito de matéria, logo depois consumiu ambos desmaterializando-os dali e os materializando em outra região. Haru olhou em volta, impressionando-se com isto.Eles não estavam mentindo, é verdade mesmo.

Sora sorriu com a expressão de espanto dele.

— Chegamos. Vilarejo Kyoi. — Disse Sora.

— Uou! isso foi fantástico! Por que você não... — Haru olhou a sua volta e não o viu mais — Se foi outra vez. Não tem problema, outro dia eu agradeço à ele. — Andou alguns passos na direção da beirada da montanha em que estava e olhou para frente, destemido — Tá na hora de cumprir a minha missão!

Haru está bastante ansioso para iniciar em sua mais nova aventura, e segue com um sorriso no rosto! Fiquem com a gente, acompanhe conosco o desenvolvimento do guerreiro mais jovem de todo o Reino de Áries, garotinho cuja força e o talento impressionam a muitos, devido a sua idade!!

Fim do primeiro capítulo.

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2: A primeira tarefa de Haru: arrumar uma namorada!

Com um sorriso determinado estampado em sua face, o pequenino saltou do topo da montanha, caindo livremente sobre o precipício logo a frente. Buscou refúgio em uma rocha desprendida da parede, ficando de pé sobre ela. O seu objetivo era chegar ao chão sem precisar do voo e por isto ele seguiu descendo pedra por pedra, até enfim chegar a terra firme. Caíra agachado mas em poucos segundos se ergueu novamente, sem pressa. Retirou o mapa que estava preso entre sua calça cumprida e auréola, desenrolando-o com calma. Analisava-o com frieza e seriedade, depois olhou pra frente, como se pensasse no que fazer.

Seus cabelos louros-alaranjados esvoaçaram com as correntes de ar que sopraram a área, trazendo consigo uma confortante sensação de nostalgia. Estar neste vilarejo o fez lembrar-se de sua primeira aventura, depois de sair do Reino de Áries. Ao lado de Yue, Kin e Arashi. Lembrou-se também de quando viu Sora pela primeira vez, rindo em silêncio ao se recordar da burrada que ele fez, algo que quase lhes custou a vida. Fora a sua primeira batalha fora do reino, jamais irá esquecê-la. Foi quando se deu conta de que o mundo é um lugar muito grande e que, nele, existem muitos samurais poderosos, inclusive mais do que ele. Descobrir isto lhe fez se esforçar para se tornar mais poderoso, para, algum bom dia, ser o melhor, como prometeu a si mesmo.

Ele pôs a mão nas cinturas e suspirou sorridente.

— Foi bom me lembrar um pouco do passado, mas já tá na hora de continuar com isso. Deixa eu ver... deixa eu ver...aonde eu encontro uma essência... — fechou os olhos para se concentrar melhor — Ah, pra lá! Já posso sentir a essência da terra, essa é a do conselheiro! — exclamou ele, apontando com o indicador para a direção de onde o poder irradiava — Agora que eu encontrei a primeira tenho que me apressar, porque ela já tá se afastando e eu não posso chegar tarde pro jantar.

Haru invocou suas asas que se manifestaram logo após a nuvem de energia dourada se dissipar e levitou tranquilamente, até alcançar altura o bastante para ver por completo aquele vilarejo, o que não foi algo lá tão difícil, pois o lugar era relativamente pequeno. Continha muitas casas, e até era bem populado, para seu tamanho. Ao rastrear a última frequência de energia, ele bateu suas asas, seguindo pacientemente para a direção em questão. Voou serenamente por alguns segundos até se aproximar da área em que seu alvo se encontrava.

Olhou para um lado. Olhou para o outro.

— Ué? Cadê? Pra onde será que foi? — Vasculhou com os olhos as ruas, uma após a outra, até finalmente ser capaz de ver a irradiação que caracteristicamente acompanhava cada talismã; o da terra, por exemplo, era cercado por pequenos ciscos e emanava um brilho amarronzado — Ah, tá ali! Entrou naquela loja!

O rapaz que o tinha em mãos entrou em uma loja em que só eram vendidos artigos velhos e usados, que se localizava algumas quadras de onde Haru estava. Depois de notá-lo, ele disparou na direção, sendo capaz de rapidamente chegar e pousar sobre a rua. O garotinho fez suas asas que tanto chamavam a atenção ali desaparecerem novamente e voltou a procurar pelo rapaz que fitava o seu objetivo ali curiosamente. Ele, agora, estava dentro da loja ao lado, Haru pôde percebê-lo devido a ser capaz de sentir a essência que estava selada no talismã.

O rapaz se dirigia ao caixa, estava prestes a entregar nas mãos de um senhor, que pôs os óculos de leitura sobre a testa, para analisar com calma o objeto estranho que tinha em mãos. Haru entrou em desespero e correu exuberantemente para dentro da loja, esbarrando em todos que não saíam ou não tinham tempo de sair de seu caminho, até que enfim chegou neles.

Tomou o talismã da mão do senhor.

— Consegui, hahah! Encontrei o talismã da terra! — disse confiante, com um sorriso vitorioso sobre o rosto.

— Ei, como assim você encontrou? Isso é meu! — disse, tomando-o da mão de Haru — Eu vim aqui pra vender, portanto, se você o quiser terá que pagar!

— Perdoe-me meu jovem, mas não iremos pagar nada por isso. — disse o senhor.

— Mas hein?! — indagou, indignadamente — Por quê?!

— Porque nunca vi isso, então não dá pra especular um valor e nem o que eu ganharia, tendo-o aqui. Além disso, está velho e empoeirado, também está repleto de rachaduras. — respondeu.

— Ahh! — exclamou, frustrado — O que eu faço com isso? Eu vou é jogar no lixo! — decidiu, encaminhando-se para o lado.

— Não, não faz isso! — suplicou, pondo-se entre o rapaz e o latão — Eu preciso muito disso, é sério!

— Ah é? — Perguntou, vendo-o assentir. O jovem sorriu, ao dar-se conta do que poderia conseguir, caso explorasse essa necessidade. — O que você pode me oferecer por ele?

— Eu não tenho dinheiro aqui, mas se você me der o talismã, pode me pedir o que quiser, qualquer coisa!

— Isso é muito relativo... — falou, pensativo — Seja um pouco mais específico.

— Eu não sei, ué... — Haru também ficou pensativo — O que você quer? Vai ser mais fácil se me disser.

— Eu quero... já sei, uma namorada! Uma namorada muito bonita, você acha que pode conseguir pra mim?

— Uma namorada muito bonita? Mas eu não sei o que é isso. — disse, coçando o topo da cabeça.

— Já vi, já vi. Você ainda é uma criança, muito pequeno pra saber sobre esse tipo de coisa. — falou, afagando-lhe os cabelos.

— Eu não sou criança, já tenho treze anos. — Afirmou, deixando-o boquiaberto.

— Não parece. Mas enfim, ter uma namorada bonita é a coisa mais gloriosa de todas, para um homem! Com ela você pode invejar os seus amigos, se torna popular e consegue ainda mais garotas! — olhou pra ele, dando de cara com a expressão confusa do pequeno, que deixava claro que ele não estava entendendo nada.

— Eu não sei muito sobre essas coisas, mas a Yue uma vez disse pra mim que se algum dia eu gostar de uma garota, tem que ser uma de bom coração e pra mim não ligar pra aparência dela. — inocentemente ele retrucou.

— Quem é Yue? Ela é bonita? — Perguntou, esperançoso.

— Ela é a minha nee-chan. Isso eu não sei, pra mim todas elas são iguais, não sei o que é uma garota bonita. — Afirmou.

— Perdoem-me a rispidez, mas se os dois não vão comprar ou vender nada, peço que saiam. — Pediu o balconista.

— Tá, tá bom, nós já estávamos de saída mesmo. Vem comigo. — Se aproximou de Haru, envolveu-lhe o ombro com uma das mãos e o guiou até a saída do estabelecimento.

— Você vai me dar o talismã de graça? — Indagou-lhe, enquanto ia andando sem saber exatamente pra onde estava indo, só o seguia.

— Claro que não, aprenda que nesse mundo nada é de graça.

— Então porque me trouxe aqui? Pra onde a gente tá indo?

— Porque, depois que você cumprir a tarefa que vou pedir, eu irei lhe dar o talismã. — disse, exibindo o objeto em questão.

— Sério? — ele assentiu, com os olhos fechados e um sorriso no rosto — Demais, pode dizer que eu vou lá e faço!

— Primeiro eu quero que voc... — esbarrou sem querer na auréola que estava sobre a cintura do garoto, levando um choque que o deixou carbonizado e inconsciente no chão frio. Se levantou abruptamente — Ai o que foi isso?! Por acaso pisamos em algum fio desencapado?! — Disse, olhando em volta, sofrendo com os espasmos musculares.

— Não, o que acontece é que você encostou na minha auréola, e como não tem o coração puro, levou um choque. — Notificou-o.

— Você tem uma auréola?! — Perguntou, afastando-se dele devido ao espanto, vendo-o assentir, o que apenas aumentou seu espanto — De onde você tirou isso? Ela é de verdade?

— Ela apareceu do nada em cima da minha cabeça, não sei de onde saiu, ela é de verdade. — Respondeu. — E eu também ganhei essas asas, olha! — apontou para as suas costas, de onde, para a surpresa do jovem a seu lado, cresceram asas.

— Você é um garotinho estranho, nunca topei com alguém igual a você. — Afirmou — Mas enfim, você é o que, um anjo?

— Anjo? O que é isso?

— Esquece. — Respondeu. — Como eu não sei o seu nome, eu vou te chamar de "anjinho". Anjinho, meu nome é Sasaki.

— Meu nome é Haru e eu...

— Não precisa. — O interrompeu — Como eu ia dizendo antes de levar aquele choque, eu quero que você traga pra mim uma garota muito bonita, quero que ela seja a minha namorada!

— Mas eu não sei o que é uma garota muito bonita, eu te disse que pra mim elas são todas iguais. — Retrucou.

— Relaxa. — Parou de andar, depois de se deparar com uma banca de jornais e revistas. — Veja, ali vendem revistas com fotos de garotas bonitas, eu vou te mostrar e você vai ter que gravar.

— Tá bom. — Concordou.

— Vem comigo. — E saiu puxando-o até a loja em questão.

Na metade do caminho, ele se tornou mais sorrateiro, misturando-se com a multidão e, por estar seguindo-o, Haru fez o mesmo. Ambos seguiram assim até chegar lá. Ele sussurrou para Haru, dizendo-o para que se escondesse ao lado da banca, o pequenino o obedeceu. A moça, responsável pela loja, estava distraída, tratando com um outro cliente, um homem de meia idade com um cigarro entre os lábios. Sasaki foi se aproximando devagar e, aproveitando-se da distração da senhora, ele pôs a mão sobre uma das muitas revistas eróticas que haviam ali. Logo depois de pegá-la, ele correu até Haru e o pegou pelo pulso.

Correu com ele dali, sem dar-lhe alguma explicação.

— Por que a gente tá correndo? — Indagou.

— Por isso... — disse, apontando para os dois rapazes que estavam a segui-los.

— Parem aí mesmo, seus ladrões! — exclamou irritado, o da direita.

— Depois que pegarmos vocês, nós vamos transformá-los em purê de batata! — Disse o outro.

— Você roubou o quê? — Haru perguntou, mas não obteve alguma resposta — Minha nee-chan disse que roubar é errado.

— Ah, eu não roubei, eu só... peguei emprestado. — Justificou-se.

— Aí tá tudo bem, mas por que a gente tá fugindo?

— Porque aqueles dois querem roubá-la de nós. — Mentiu.

— Se é assim, então eu posso dar uma lição neles! — Preparou-se pra parar de correr, mas teve seu braço puxado por Sasaki, que apenas o forçou a continuar fugindo.

— Você não pode fazer isso, além disso eu duvido que poderia, já viu o tamanho daqueles dois?! — Perguntou, recebendo um olhar muito confuso — Só... nos leve voando daqui, pro mais longe que puder!

— Tudo bem, isso vai ser fácil...! — O pegou pelo pulso e alçou voo, se afastando dali em um piscar de olhos.

Os dois que o seguiam enfurecidos pararam na metade do caminho para observá-los se afastarem, fitando-os apavoradamente. Ambos se entreolharam, engolindo seco.

Olharam novamente pra cima.

— V-Você viu o que eu vi? Ele voou, não foi? Me belisque se isso for um sonho.

— Não é um sonho, você viu certo, ele voou. Provavelmente é um samurai, por isso, ainda bem que nós não o alcançamos. Vamos voltar e dizer a mamãe que não deu pra pegá-los porque eles sumiram, ela não vai acreditar que eles saíram voando. — Decidiu.

— Aham. — Concordou o outro.

Como disse que faria, ele voou para o mais longe que podia dali e pousou sobre o terraço de um prédio, que era aberto, porém, cercado por uma cerca elétrica. O local era amplo, mas cheio de varais repletos de roupas lavadas, secas e molhadas. Sasaki tremia, "traumatizado", ainda assustado pela velocidade com a qual voara.

Haru se agachou ao lado dele.

— Você tá bem? — Perguntou.

— N-N-Não sei, n-nunca fui de um local pro outro tão rápido. — Lhe respondeu.

— Isso é porque você não tá acostumado, já voei várias vezes mais rápido do que isso. — disse-lhe. — Você não disse que ia me dizer o que é uma garota muito bonita?

— A-Ah sim, s-sim. — falou, levantando-se com a ajuda dele. — Aqui está, veja — Apontou para a capa — Assim é uma garota bonita, eu quero que você me traga uma igual a ela.

— Por que ela tá assim? — Perguntou, apontando, ele interpretou a pergunta dele como "cadê as roupas dela".

— Ela está posando nua e você não precisa saber disso. — Disse, lhe escondendo a revista e limpando o sangue que escorria de seu nariz. — Agora que você sabe como é uma, pode ir lá procurar, caso você consiga me trazer uma, eu vou lhe dar o talismã sem problema algum.

— Tudo bem. — Abriu as asas novamente, suspendendo-se alguns centímetros do chão — Isso é tudo, né?

— Não fale como se fosse pouco! — O repreendeu — Quero que você me traga uma com belos melões, iguais a estes! — disse, animado.

— Mas eu não tô vendo nenhum melão. — Pensou, analisando mais uma vez a foto — Eu já volto, fica aqui, viu!

— Pode deixar, não vou sair — falou, para só depois se dar conta de que ele já não estava mais ali, que já havia sumido por completo — Saiu voando outra vez, só que agora mais rápido. Que garotinho mais esquisito, que tipo de pessoa será que é? Bem, não importa, o que me importa é que ele trará a garota que eu pedi!

Haru voava para a direção na qual achava que conseguiria achar a tal garota, no entanto, não sabia muito bem o que fazer. Mencionar a palavra "melões" e depois apontar para a foto foi algo que conseguiu a impressionante proeza de deixá-lo ainda mais confuso do que já estava, ele não sabia o que fazer, só sabia que tinha que ser rápido, pois já se passou do meio-dia e embora tenha comido antes de sair da casa da avó de Naomi, não almoçou e já estava começando a ficar com fome, por isso tudo o que queria era terminar logo com a tarefa, pra poder voltar pra casa.

Conseguir o talismã da terra será mais difícil do que o nosso jovem Haru pensava. Sua primeira tarefa será achar uma garota, uma namorada para Sasaki. O que Haru pretende fazer? Continue conosco, acompanhe esta nova etapa na vida de Haru!

Fim do segundo capítulo.

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3: Um anjo da guarda ou um cupido?!


Sasaki pôs as mãos em baixo do rosto e dormiu sem preocupações sobre o chão gelado do enorme terraço no qual fora deixado há uma hora atrás. Os seus roncos eram os únicos sons que se faziam presentes ali, um lugar completamente deserto e frio, devido às correntes de ar frio que o sopravam constantemente.

Um sorriso próspero se formou em seu rosto. Sasaki sonhava com o que o garotinho que acabara de conhecer lhe prometera trazer: Uma garota muito bonita que estivesse disposta a ser sua namorada. Não foi capaz de evitar pensar no quão grande a sua sorte era, por conhecê-lo assim. Virou-se para um lado. Virou-se para o outro.

Uma sombra pousou sobre sua presença. A primeira reação que ele esboçou diante daquilo foi cerrar seus olhos com mais força e virar-se pro outro lado. Ele não sabia que tratava-se de Haru, que olhava-o com confusão no olhar.

Haru o cutucou, tentando fazê-lo despertar. Não funcionou. Voltou a cutucá-lo, mas, novamente, não deu em nada. Pôs a mão sobre o seu ombro e começou a sacudi-lo, mas ele não acordava de forma alguma. Bufou. Lhe deu as costas e pôs a mão sobre o queixo, pensava em uma forma de acordá-lo.

— Já sei! — Estalou os dedos, virou-se para ele e se agachou. Pôs as duas mãos ao lado do rosto e reuniu todo o ar que conseguira em seus pulmões. — ACORDA AÍ! — Berrou com todas as forças, próximo às suas orelhas.

Sasaki levantou-se em um único salto, com o coração quase saindo pela boca, tamanho era o susto que havia levado. De pé e com uma das mãos sobre o peito e a outra sobre o joelho, ele arfava pesadamente, enquanto, ao seu lado, o pequenino de cabelos laranjas se consumia em risadas.

Franziu o cenho, irritado. Cerrou os punhos e se virou pra ele.

— Você é idiota ou o quê!? É falta de educação acordar as pessoas assim, a sua nee-chan não te ensinou!? — Indagou-o, enfurecido.

— Ela também já me disse que não é bom dormir no chão gelado. — Retrucou inocentemente, após enfim conseguir cessar as gargalhadas. — Por que você tava dormindo aí?

— Você demorou tanto que eu acabei pegando no sono.— Disse-lhe em resposta, cruzando os braços meio ao bocejo. Um sorriso se abriu de orelha a orelha em seu rosto. — E aí? Cadê a garota que eu pedi pra você trazer? Ela está escondida? Cadê? Cadê? — Indagou, enquanto lhe perguntava.

— Você disse garota? Mas quando você falou em melão eu pensei que você queria a fruta.— Afirmou, indicando os melões que estavam por ali.

— Seu idiota, eu não quis dizer a fruta, eu falei de peitos! — Disse-lhe.

— Pra que você quer peito? — Pôs as mãos sobre o rosto, depois de formular uma teoria que o fez entrar em desespero. — Quer dizer que você não tem? Isso deve ser muito triste, eu não devia ter falado!

Aquela fora a gota d'água para Sasaki, que deu um tapa no próprio rosto e deslizou a mão sobre ele. Começou a pensar no quão raro era, encontrar um garoto como esse nos dias de hoje. Tentou também achar uma forma de se expressar melhor sem corromper a mente desprovida de maldades do garotinho.

Haru o olhava confuso.

— EU QUIS DIZER DE GAROTAS!— Exclamou, já sem paciência.— DE GAROTAS!

— E como é que eu ia saber? Você não explicou direito!

— NORMALMENTE EU NÃO TERIA QUE EXPLICAR! — Replicou.

— Você não vai querer mesmo os melões? — Perguntou, sorridente — O moço que me vendeu eles disse que tava muito bom.

— Teve dinheiro pra comprar melões mas não pra pagar por aquele talismã?

— É que eu só estava com algumas moedinhas aqui no bolso, eu vi agorinha mesmo.— Respondeu-lhe.

— Não, eu não vou querer, pode comer você mesmo.

— Valeu, hahah!— O pequenino correu todo alegre, pegou as frutas e, com uma única mordida, devorou mais que a metade de um. — Hmm, isso aqui tá muito bom, não vai querer? — Sasaki novamente disse que não. — Não sabe o que tá perdendo.

— Você é quem vai perder o talismã por não ter me trazido o que eu pedi. Agora, se me der licença, eu vou embora daqui. — E ameaçou ir, mas logo se deu conta de que não sabia aonde ficava a saída.

— Não, espera aí.— Haru o chamou.— Eu ainda posso trazer essa tal de garota bonita pra você, só me dá mais alguns minutinhos.

— Hum...— Olhou-o pensativo. — Não sei não.

— Por favor, por favor, eu juro que posso.— Prometeu, suplicando-lhe.

— Tudo bem, eu vou te dar mais uma chance.— Disse-lhe.

— É mesmo?— Indagou esperançoso, vendo-o assentir. Correu em sua direção e o abraçou com força.— Puxa vida, legal! Não vou mais te decepcionar, prometo!

— M-Me...solta...!— O pequenino lhe apertava com tanta força que ele já estava ficando roxo, mal conseguia respirar.— E-Eu...v-vou des...

— Hã?— Se perguntou confuso, fitando-o.— Ai, ai, ai, ai, desculpa aí, eu me esqueci de que vocês pessoas normais são muito frágeis.— Disse, um pouco antes de soltá-lo.

— "Pessoa normal", o que você quer dizer com isso...?— Indagou-o, ainda tentando recuperar todo o ar que lhe faltara.

— Bom, é que eu...— Haru estava para explicar, mas Sasaki lhe fez parar, interrompendo-o.

— Deixa pra lá, só...me leva embora daqui.— Disse, ainda buscando por ar. O pequeno Haru o pegou pelo pulso, manifestou suas asas e, em seguida, alçou voo.— Esse moleque tem muita força pra ser apenas um garotinho, como ele fez aquilo?

Em poucos instantes ele pôde ver que já estavam perto do chão, o menininho que o carregava fez suas asas desaparecerem, obrigando-se a aterrissar por intermédio do salto. Após ver-se no chão, ele deixou a Sasaki livre, o rapaz ainda tentava trazer para seus pulmões todo o ar que perdera com o abraço que Haru lhe dera.

Sasaki olhou pra ele. Se aproximou.

— Escuta, vem comigo porque eu...— Sasaki estava a ponto de lhe dizer qual era o seu próximo plano para encontrar a garota, quando uma em especial cruzou a esquina por onde ele olhava no momento.

Como pode ter esquecido-se dela? Se lembra de ser perdidamente apaixonado por ela desde que era um garotinho. A garota mais linda que jamais conheceu. Ela possuía longos cabelos lisos e ruivos, olhos verdes como esmeraldas e pele clara, lisa como o bumbum de um bebê. Trajava um vestido chinês branco com detalhes cor de rosa, além de estampas de flor espalhados por todo ele.

Seus cabelos estavam presos por em uma varinha tradicional, que formou um coque. Ficou tão encantado pela beleza da jovem moça que sequer notou que ela já havia ido há muito, muito tempo. Haru tentava a todo custo despertá-lo, pois queria ouvir o que ele tinha para lhe dizer, um pouco antes de entrar naquele transe. Balançava as mãos em frente ao seu rosto.

— Você tá bem?— Indagou, coçando o topo da cabeça.— Ei, o que foi? — Não obteve nenhuma resposta dele.— Eu acho que ele ficou doido do nada.

Depois de mais alguns segundos naquele estado de hipnose, não custou muito para que ele enfim despertasse. Moveu o rosto de um lado para o outro muito rapidamente, sentia-se tonto. Lembrou-se de que era assim que sempre se sentia, quando a via.

Sorriu e olhou pra frente, não encontrando o pequenino de cabelos laranjas que lhe trouxera ali. Olhou em volta.

— Cadê você?— Perguntou para o nada, procurando por ele.

— Eu tô aqui.— Haru respondeu, cutucando-o no ombro.

Ele impressionantemente levitava em posição de pernas de chinês, enquanto devorava sem dó o que restara dos melões que ele recusara há alguns instantes.

— Eu já sei qual é a garota que quero que você me traga.— Disse-lhe.

— Sabe?— Ele cruzou os braços e assentiu sorridentemente.— Diz! Diz!— Suplicou, ansiosamente.

— Ela acabou de cruzar a esquina. Estava com bolsas de mercado, provavelmente foi em um que há naquela rua ali.— Afirmou, apontando o lugar em questão com seu dedo indicador.

— É sério?— Ele assentiu novamente. — Me espera aqui que eu já, já tô de volta!

— Não, espere por mim! — Exclamou — Não quero que você diga alguma besteira e estrague tudo!

— Tá bom, então vamos.— E se pôs a andar, dirigindo-se ao local que ele lhe indicara.

Os dois cruzaram a esquina na qual o jovem Sasaki a viu entrar e seguiram andando até serem capazes de avistar o mercado em questão. Sasaki estava nervoso. Justo nesse momento, sua imaginação resolveu lhe pregar peças, fazendo-o pensar se ela iria reconhecê-lo — já que faz um bom tempo que não a vê —, se ela iria aceitá-lo ou se iria rejeitá-lo. Isso o fez parar a caminhada e se esconder atrás de um poste.

Porém, Haru continuou.

— O que você pensa que está fazendo?!— Sussurrou.

— Ué, eu vou atrás dela.— Afirmou.

— Primeiro que você não sabe quem é, já que nunca viu ela. E em segundo, como você pensa em chegar nela? O que vai dizer?

— Vou dizer que você quer namorar ela.— Afirmou.

— Não é assim que as coisas funcionam. Agora volte aqui de uma vez, precisamos de um plano!— Ordenou.

— O que a gente vai fazer?— Indagou o garotinho de olhar inocente — No que você pensou?

— Nós vamos fazer assim: eu vou lá, vou chamar ela e vou correr pra me esconder, aí você pergunta pra ela se ela se lembra de mim e vai falando coisas boas sobre mim. Eu vou chegar e fingir que estava ali por acaso, entendeu?— Perguntou.

— Aham, pode deixar!— Exclamou, mostrando-lhe o polegar como uma aprovação.

— Vamos lá, vem!— Chamou-o, pouco antes de agarrar-lhe pela gola da camisa e sair puxando-o.

Os dois correram agachados até se posicionarem nas paredes que se encontravam ao lado da entrada do mercado. De onde estava, Sasaki pôde avistá-la com um carrinho de compras a frente, enquanto usava as mãos para revirar as prateleiras.

Se preparou para gritar o nome dela.

— Emi! — Projetou sua voz e a gritou.

Ela o ouviu e ameaçou olhar diretamente pra lá, Sasaki pensou em fugir, mas quando estava para fazê-lo, o garotinho que viera consigo já não estava mais ali. Começou a procurar por ele, praguejando-se por não vê-lo em parte alguma. Olhou para o lado e o viu urinar sobre um dos muitos postes de madeira dali.

Só então se lembrou de que havia gritado o nome da garota pela qual morria de paixão. Congelou no lugar, enquanto era obrigado a olhá-la nos olhos.

— Sasaki? Sasaki, é você...?— Ela foi andando em sua direção que, boquiaberto, ficou definitivamente sem ação.— Ai minha nossa, é você mesmo!— Ela se animou por vê-lo, o que deixou mais tranquilo.

— É, sou eu sim.— Disse, pondo-se de pé com um sorriso na face, enquanto coçava agilmente a nuca.— Há quanto tempo não nos vemos? Você...vem sempre aqui?— Lhe perguntou, apoiando-se na parede ao lado.

Ela riu.

— Aqui é o mercado.

— Ah é, eu me esqueci.— Disse, sem graça.

— Continua hilário como sempre. Você mudou muito.— Disse-lhe.

— Você também mudou bastante, f-ficou...ficou muito mais bela.— Afirmou.

— Por quê?— Ela mudou de expressão.— Você me achava feia?

— N-N-Não, não, que é isso, c-claro que não.— Disse, nervoso.

— Eu tô brincando com você.— Disse, meio às risadas.

O tão indesejável silêncio se instalou entre os dois. Sasaki coçava a nuca, enquanto tentava puxar algum assunto. Por mais que ele tentasse pensar em algo, nada lhe vinha em mente. Começou a ficar nervoso e a suar frio.

Foi quando se lembrou de Haru.

— Ei, eu quero que você conheça o...— Olhou para o poste outra vez e não o viu. — O...— Procurou-o por toda a parte, não o achando em lugar algum.— Mas cadê esse moleque?!

— Olha, me desculpa, mas eu tô com pressa, eu deixei o carrinho de compras lá sozinho, então tenho que ir.— Disse-lhe ela, ele assentiu.— Mas foi muito bom te ver novamente.— Falou, enquanto se afastava.

À Sasaki só restou acenar, enquanto observava a garota dos seus sonhos se afastar diante de seus olhos. Abaixou a cabeça cabisbaixo por breves instantes, quando o que ela lhe disse antes novamente lhe veio em mente: "Foi muito bom te ver novamente". Isso lhe deu esperanças e o fez sorrir confiante, novamente.

Haru inesperadamente pousou ao seu lado, todavia, lembrar-se do que ela lhe disse o deixou tão feliz que ele nem se assustou. O pequenino de cabelos cor de abóbora mantinha a calça erguida com uma mão, ao mesmo tempo em que, com a outra, segurava a auréola que, de um jeito curioso, se abrira na metade, como um círculo incompleto.

Ele encaixou a auréola em torno de seu quadril e ela se fechou meio que sozinha, prendendo sua calça. Ele sorriu e cerrou os punhos, mas, em seguida, franziu o cenho, olhando para o céu.

— Eu sinto uma presença muito poderosa por aqui, com certeza é uma essência.— Disse-lhe.

— Do que você está falando?— Sasaki lhe perguntou, confuso.— O que você é, por acaso? Ah, eu acho que já sei! Você deve ser um...anjo da guarda!

— O que é um anjo da guarda?— Lhe indagou, em resposta.

— Se você não sabe o que é, então não pode ser.— Agora ele se viu imaginando o que ele seria.— Você é um cupido!

— O que é um cupido, é algum tipo de bala?— A sua resposta, outra vez, descartou a hipótese.

— Que seja, eu não me importo.— Deu de ombros.— Aonde é que você estava?

— Eu disse que senti uma presença muito poderosa enquanto fazia xixi, então eu fui investigar.— Informou-o.— Eu posso sentir, tá ficando cada vez mais forte...!

A terra, repentinamente, começou a tremer de modo abrupto. Até mesmo Haru foi obrigado a se esforçar para manter-se de pé. Um bom número de rachaduras foram se formando por todo o chão, a sensação que se tinha era a de que uma fera estava tentando chegar a superfície, o que fez Haru ficar em alerta.

Um braço imenso — que facilmente se equiparava às montanhas em tamanho — surgiu rasgando a terra, atingindo a superfície. O seu comprimento era tão fenomenal, que pôde facilmente envolver grande parte daquele vilarejo, que por menor que fosse, não deixava de ser impressionante, afinal tratava-se de todo um vilarejo. Um outro braço com o mesmo comprimento e tamanho surgiu ao lado.

— Ahh, o que é isso?!— Haru perguntou à Sasaki, meio ao caos e toda a gritaria das pessoas em volta.

— Eu não sei, não faço a menor ideia, isso nunca aconteceu aqui antes.— Sasaki lhe respondeu, protegendo o rosto dos resquícios que não paravam de voar.

— Tem alguma coisa em baixo da terra.— Disse Haru, fitando o solo — E se ela conseguir sair, vai destruir essa vila inteirinha!

— Essa não!— Exclamou desesperado, o jovem oportunista.

Haru analisava ambos os braços que há pouco saíram da terra, sem esquecer-se também da tremedeira que não cessava nem por somente um mísero segundo. Rachaduras continuavam a se espalhar por todo o chão e cresceram ao ponto de alcançar as casas. A forte ventania, que devia ter força para facilmente soprar pra longe vários seres humanos de uma só vez rasgava o chão com brutalidade, formando um caminho de destruição, junto com elas, cresciam o mau pressentimento que Haru não conseguia fazer sumir.

O caos se instala no pequeno vilarejo em que Haru está, com o surgimento repentino de dois braços enormes, que são capazes de esmagar toda a vila com apenas um movimento das mãos. O que fará Haru para resolver esse problema!?

Fim do terceiro capítulo.

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4: O vilarejo Kyoi é atacado pelas terríveis feras Sekai Kuro!


Haru podia sentir o peso que aquele misterioso poder influenciou pela atmosfera terrestre. Era algo surreal demais para os padrões de força de um guerreiro comum e o pequenino estava perfeitamente ciente disto.

O vilarejo era atacado por poderosas ventanias que não cessaram ou sequer perderam a potência com o tempo, muito pelo contrário, sua força era apenas sustentada, conforme os segundos corriam. O caos foi instalado pela região.

Pessoas gritando e correndo por toda a parte desesperadas, talvez mesmo elas tiveram a mesma sensação que ele, algo de muito ruim iria acontecer, se Haru não fizesse algo rápido. Uma forte onda subterrânea abriu um rasgo na terra, lançando a ele e Sasaki para cima.

— ARGH, SOCORRO! — Eram os gritos de Sasaki que se perdera no ar, clamando por socorro.

— Aqui vou eu! — Haru gritou em resposta ao notá-lo, abrindo suas asas para ir de encontro a ele.

Haru se focou em ir até ele; desviando das rochas que voavam pelo seu caminho em pleno ar, ele foi capaz de pegá-lo antes que ele colidisse com o chão, dirigindo-se a um local mais seguro, uma área mais "pura" para ser mais exato.

Efetuou um pouso calmo, deixando o seu acompanhante seguro no chão. Logo após deixá-lo, ele alçou o seu olhar determinado para o céu, que havia alterado radicalmente a sua cor de um azul claro, pra um roxo vivo, que cintilava continuamente.

Haru franziu o cenho, fitando o solo desconfiadamente.

— O que está acontecendo...?! — Sasaki estava aterrorizado com a situação.

— Ainda não sei, mas eu tô sentindo um Chikara maligno realmente poderoso bem perto daqui. — Dizer-lhe isso não iria acalmá-lo nem um pouco, Haru sabia disso, mas não podia mentir. — E tá ficando cada vez mais forte!

A tremedeira aumentou de forma abrupta. O solo se desfazia como um pedaço de papel em meio ao fogo, os pedregulhos levitavam e logo em seguida se rachavam, estourando-se automaticamente. Dois braços imensos surgiram ao derredor do continente, formando sombras em seu interior.

Suas mãos cercaram com facilidades todo o vilarejo, envolvendo-o de forma semelhante a que um globo de neve envolve seu conteúdo. A região mergulhou em completa escuridão, engolindo os seus habitantes em trevas.

Haru viu como solução inflamar o seu chikara e formar uma aura de chamas acesa em torno de seu corpo, que em poucos segundos se expandiu pela área e levou iluminação a todo o território. O pequenino se tornou um tipo de fósforo ou lâmpada "natural".

Sasaki se aproximou de Haru, protegendo o rosto do brilho que ele emanava.

— Q-Quem é você? É um anjo, ou algo do tipo...? — Mesmo Sasaki foi capaz de compreender a magnificência do garoto e olhava-o com espanto.

— Depois a gente fala sobre isso, primeiro eu vou lá dar um jeito no nosso problema.— Haru sabia que tinha que ir o mais rápido possível, era capaz de sentir a força de seja lá quem for a criatura aumentando e era preocupante, mesmo que fosse de forma gradativa.

— E-Essas mãos...! — Haru resolveu prestar atenção ao que ele lhe dizia, pois parecia que Sasaki sabia ou pelo menos desconfiava de algo. — Não pode ser! Isso é um... é um Sekai Kuro!

— Hã? Sekai Kuro? Nunca ouvi falar.— Jamais escutara falar de algo do tipo, por isso era totalmente cabível a sua falta de compreensão em tal situação.

— Eles são seres do mundo impuro, a lenda conta que eles surgem apenas em locais específicos e quando a maldade no coração dos seres humanos excede os limites. Eles castigam os seres humanos envolvendo todo o lugar em que moram com as mãos, bloqueando a luz solar e, em pouco tempo, todo o território volta a era do gelo.— Sasaki contou ao pequenino tudo o que sabia sobre tais feras, criaturas que nem mesmo ele acreditava na existência.

— Eu vou destruir isso. — Haru esticou o seu braço para o lado e girou a palma da mão pra cima, concentrando suas energias em apenas uma esfera de energia cor de abóbora. — Haaaa...!

— Espera! — Sasaki foi capaz de pará-lo a tempo. — Eu ouvi dizer que essas mãos, apesar de não parecerem, são frágeis. Se você lançar qualquer coisa contra isso, os destroços irão cair e vão destruir todo o vilarejo. Escavação também não adianta, uma vibração muito poderosa pode acabar levando tudo ao chão.

— Então vai ser mais complicado do que eu pensava. — E fez sumir a esfera materializada na palma de sua mão, como uma prova de sua desistência da ideia. — O que eu vou fazer? O que eu vou fazer...!? — Haru apenas tinha em mente que não podia deixar toda aquela gente ser morta, por isso se esforçava ao máximo pra pensar em algo. — Eu acho que já sei!

— Sério? — Sasaki se animou com a hipótese de salvação de seu lugar de origem. — No que você pensou?

— Eu não tenho certeza se vai dar certo, porque eu nunca na minha vida tentei fazer isso. Mas se eu quiser sair daqui, vou ter que fazer isso sem tocar nessa coisa! — Era tudo o que tinha em mente. A forma que conseguira para fazê-lo não era cem por cento segura.

— E como você vai fazer isso? — Sasaki realmente não fazia ideia do que ele pensava.

— Fica de olho e tenta me acompanhar! — Sasaki percebeu tarde demais que, o que estava ao seu lado, não passava de uma projeção óptica.

Haru nesse instante se dirigia a voo para os limites da cúpula que os braços formaram em torno da extensão. A sua velocidade de voo era tamanha, que o tempo "parou", todos, até a última mosca congelaram no tempo.

A porção de matéria que formava o corpo do pequeno já estava pronto para colidir com o corpo que formava o teto, quando, como se não fosse composto por matéria, ele atravessou a superfície dura que formava o seu impedimento.

A sua figura se fez presente já do lado de fora. Ainda incrédulo do que acabara de fazer, ele olhou para baixo para se certificar. Examinava-se com as próprias mãos, vasculhando seu corpo em busca de qualquer ferimento ou suas roupas atrás de um rasgo.

Seu corpo estava intacto, mas suas vestes curiosamente acabaram por se desgastar, estavam repletas de cortes e amarrotadas, era quase como se ele tivesse acabado de sair de dentro de uma tormenta.

— As minhas roupas ficaram todas rasgadas.— Haru acabara de atingir um feito que nem mesmo ele acreditava que fosse capaz. Mas resolveu ignorá-lo por um momento, afinal tinha preocupações maiores por agora.— Agora eu vou ir atrás desse monstro!

Sasaki procurava adoidado pelo pequenino que há mais ou menos um segundo estava a seu lado. A escuridão envolveu novamente o local, o que lhe fez deduzir que ele havia conseguido escapar dali, justamente como planejava.

Mas a grande questão era: como...?

— Será que ele...atravessou as paredes? Não, isso é impossível. As mãos, apesar de facilmente racháveis, pareciam ser muito espessas. E ele...é feito de matéria, não é...? Ou será que ele é...um fantasma...!?— Sasaki engoliu seco e suou frio, ao formular essa hipótese.

— Sasaki-kun!— O jovem Sasaki conhecia muito bem a melodiosa voz que chamou seu nome, não havia meios de não reconhecer. Era a garota de seus sonhos, que provavelmente procurava por ele.

— Emi-chan! Eu estou aqui!— Ele também se pôs a procurá-la, mas a ausência de luz não o permitia ver nada.

— Eu não estou enxergando nada, é queda de luz?— Imaginou que ela não sabia do que se tratava aquilo, por isso considerou compreensível ela estar tão confusa.

— Quando nos encontrarmos eu vou explicar melhor o que é.— Ele na verdade também não sabia ao exato o que era, só irá explicar a ela o que acha que está havendo. — Mas pra onde foi aquele garoto!? Espero que esteja bem, né...!

Enquanto seguia para a direção na qual captava rastros de energia, ele era capaz de sentir o aterrador poder da criatura aumentar. Haru já sabia o que tinha que fazer, acabar com esses seres esquisitos antes que os seus poderes aumentem ao ponto de obrigá-lo a lutar com todas as suas forças.

Haru não podia lutar com todas as forças em um planeta como a Terra. Simplesmente porque as consequências que tal acontecimento irão gerar serão terríveis para o mundo, já que o baixinho não controla a sua força tão bem quanto gostaria.

O nível de poder que tinha agora era algo muito novo para alguém inexperiente como ele, são poderes que, até mesmo Kin, no começo, teve dificuldades para compreender e ser capaz de manejar com sabedoria, usando-os para um bem maior.

A localidade na qual acabou indo parar era irreconhecível para ele, no entanto, era facilmente descritível. Tratava-se de uma área cercada de montanhas íngremes com cavernas, vários animais, muitos pinheiros e árvores enormes, mas não parecia um habitat digno de um humano. As condições climáticas eram de frio intenso.

— Cadê ele...cadê ele...eu sei que veio pra cá!— Em pleno ar, ele só se focava em uma coisa: encontrar a pessoa que causou aquilo. Alguns momentos atrás foi capaz de detectar uma essência bem próxima dessa região. Ao captar com exatidão o local de onde era irradiada a energia, ele olhou diretamente para lá. — Tá ali, encontrei ele!

E arrancou voo, seguindo para a direção na qual o detectara. Será agora que irá acabar com a palhaçada que está havendo, porque é bem óbvio que há alguém controlando aquelas criaturas. A mesma pessoa que fez todo um vilarejo acreditar em uma lenda que pôs medo em seus corações. Que tipo de pessoa brinca assim com outra?!

Sentado sobre o chão frio daquela caverna escura, um senhor de idade, que vestia o que parecia ser um quimono branco, a cintura envolta por uma faixa preta e tiras com a mesma cor em torno do pulso, parecia se concentrar em algo. Sua posição era pernas de chinês, suas mãos e dedos estavam juntas formando um triângulo. Os seus olhos estavam os dois cerrados e seu corpo emanava uma aura fria e escura.

— Moleque de merda...! — Ele se levantou, preocupado. O menino que acabou de escapar de sua "prisão" estava indo até ali para acabar com todos os seus planos. Não podia deixar que isto acontecesse, de maneira nenhuma. — É difícil de acreditar, mas ele voou tão rápido que fez todos os átomos de seu corpo deslizarem suavemente entre todos os espaços que compõem a matéria das mãos das minhas criaturas. Ele não é nenhum pirralho ordinário, tenho que reconhecer. Mas ainda assim eu duvido que seja capaz de acabar com os meus Sekai Kuro, hahahah!

O teto que sobre a sua cabeça foi ao chão com um único golpe. E para não ser pego pelos destroços, Hyuu foi obrigado a recuar. A poeira levantada pelo impacto dos pedregulhos com o solo sujo ocultou a figura da pessoa que invadira seu "esconderijo", mas em pouco tempo ela começou a se dissipar.

— Eu quero que você pare com isso agora, não vou deixar que faça mal a ninguém! — Haru não sabia exatamente o porque de ele estar lhes fazendo aquilo, mas não queria saber.

— Eu sabia que você estava vindo pra cá, anãozinho.— Hyuu, em segredo, se preparava para recuar, pois sabia que não tinha chances o enfrentando de frente. Sua maior força está nos seres que cria e é capaz de controlar, utilizando o seu elemento terra.

— Sabia? Então isso quer dizer que você também é um samurai e que é mesmo você quem tá controlando aqueles bichos.— Haru estava pronto para lutar, apesar de não sentir um poder que chegava a se comparar ao seu, vindo daquele homem.

— Olha ali naquele canto!— Hyuu apontou para um canto qualquer e dessa forma conseguiu desviar a atenção do garoto, que ingenuamente caiu em sua "armadilha".

— Hã? O que é?— Haru continuava a procurar, confuso por não ter encontrado nada. Porém, ao sentir a essência dele se afastar, deu-se conta do que ele lhe havia armado. Olhou para frente enfurecido, como o esperado, não o encontrando ali.— Volta aqui, seu medroso! Grr..não vou deixar você fugir! — E saltou no encalço do homem.

Detectou a sua essência nas áreas mais distantes dali. Usando sua velocidade, ele foi capaz de alcançá-lo no mesmo nano-segundo. A sua presença se materializou bem na frente do homem, que ao vê-lo quase caiu para trás, tamanho fora o seu susto e surpresa.

— Mas isso é impossível, estamos a mais de 340, 29 metros longe daquele esconderijo! — Ele se deu conta de que a força do pequenino era grande e que ele não deveria ser subestimado.

— Foi moleza pra mim chegar aqui.— Haru se agachou a frente dele e sentou em seu próprio calcanhar. — E aí, já tá pronto pra desistir?

— Nem pensar!— Disse desferindo-lhe um tapa, golpe do qual o garoto escapou apenas jogando o rosto para trás.— Adeus!

— Droga, volta aqui!— E voou de encontro a ele novamente.

Haru outra vez surgiu na frente do senhor em um segundo. Porém, Hyuu dessa vez não se abalou. Ele se agachou, pegou um pouco de areia no chão e jogou contra os olhos do pequeno, correu dali e adentrou na floresta, em busca de um bom lugar pra se esconder.

Haru coçava os olhos, que naturalmente se irritaram devido ao pó que entrara em contato com eles.

— Ai, meus olhos!— Ficara momentaneamente cego, no entanto, era capaz de sentir a essência do velho trapaceiro se afastar mais e mais — Trapaceiro! Eu vou te dar o que você merece depois que te encontrar! — E partiu em busca dele novamente.

Sua primeira ação foi voar o mais alto que podia, ficando acima do nível da região. De onde estava, tinha uma visão ampla da floresta na qual o velhote que perseguia havia entrado. Franziu o cenho, muito mais determinado do que nunca a encontrá-lo. Sua surpresa foi grande ao ser capaz de sentir a essência e o chikara dele desaparecerem.

Se indignou.

— O quê!? Como ele pode fazer isso, eu pensei que só a Sachi era quem podia fazer!— Jamais topara com outro alguém que tivesse uma habilidade semelhante. Para tal, era necessário um controle exímio de todas as energias internas: Física e Essência, sem esquecer-se da energia externa coletada, a Estelar.— Não importa, eu vou te encontrar de um jeito ou de outro!

Uma sombra imensa caiu sobre ele, que, assustado, olhava para o lado, imaginando o que seria. Uma mão imensa e aberta se movia em sua direção bem lentamente, sua intenção era clara: esmagá-lo como se ele fosse uma mosca. O baixinho agiu rápido; girou habilmente e agarrou o seu dedo indicador com uma das mãos.

— HAAAAAAA!— Urrava, enquanto empurrava-a para frente.

A força que usou foi tamanha que a criatura — que devia ter, em sua média, o tamanho de um continente inteiro — caiu para trás. Mas ao perceber a catástrofe que geraria aquele ser cair de costas na cidade logo ali atrás, ele deu a volta por ele e se moveu para as suas costas.

Acertou um chute voador nas costas da criatura, lançando-a para frente novamente. O ser de terra simplesmente desabou, colidindo com as montanhas a sua frente. O seu corpo abriu um rombo na região atingida, as ondas de impacto geradas pelo choque varreram todo o longo caminho a sua frente, o que abriu uma fenda, um rasgo enorme em seu centro.

Haru o observava de cima, ciente de que aquilo ainda não havia tido o seu fim. Ao vê-la se erguer, ele percebeu que aquela batalha acabaria por ficar ainda mais devastadora, achando mais viável levar a luta para um outro local. Voou rumo ao oceano mais próximo dali, chegando lá em um instante.

A mesma sombra de momentos atrás voltou a cobri-lo. O que o fez se desesperar foi perceber que, daquela vez, não era apenas a mão do monstro que vinha, mas sim todo ele. Ao comando do velho, aquele ser saltou com tudo em direção ao mar. Pensou em pará-lo com as suas próprias mãos, mas era tarde, foi obrigado a sair do raio de alcance.

Ao atingir as águas, ondas com em média cinquenta metros foram crescendo cada vez mais. Se aquele monstro cair na cidade iria ser algo catastrófico, aquelas ondas chegarem lá seriam ainda mais. Haru agiu com rapidez e inteligência; se posicionou de frente para elas e soprou com força, fazendo-as bater uma contra a outra e o mar se acalmar bem lentamente.

— Você vai pagar por isso, velho miserável...!— Aquilo já, com toda certeza, havia passado dos limites. — Eu tenho que acabar com essa luta de uma vez, acho que o país não vai ter tanta sorte, na próxima. O que eu vou fazer...? O que eu vou fazer...? — Pensava em uma estratégia pra acabar com aquele monstro de uma vez por todas. Estalou os dedos e sorriu. — É isso!

Haru se lembrou da energia maligna que aqueles seres emanavam e rapidamente teve uma brilhante ideia. Levou uma das mãos até as suas costas e retirou a sua auréola, algo que, nesse momento, ele usava pra nada mais nada menos do que segurar as calças. Ele a transformou em uma espécie de varinha dourada.

Segurou-a com firmeza e a lançou.

— CRESÇA E SE TRANSFORME EM UM CÍRCULO! — Gritou para a auréola, com o máximo de suas forças.

O objeto dourado cresceu de um modo assustador, sendo capaz de, inacreditavelmente, envolver toda a cintura daquele monstro, o que prendeu os braços dele contra seu próprio corpo. A criatura começou a se debater, como se estivesse em curto circuito. Uma luz dourada e ofuscante era irradiada do monstro, juntamente com os sons de sinais elétricos estourando.

Hyuu, que até então sorria com a vantagem mudou sua expressão. Sem entender o que estava acontecendo, ele pulou para o ponto mais alto dali, ou seja, um pinheiro nos limites de uma montanha.

— O que está acontecendo!? — Mesmo dali, ele foi praticamente forçado a proteger o rosto do clarão.— Isso não é possível...! Como é que aquele nanico pôde contra um dos meus Sekai Kuro!?

O resplendor dourado estava forte demais para o gosto de Haru, que como todos os outros, também era forçado a proteger seu rosto de tal brilho. Ao dar-se conta do que iria acontecer, ele voou até a criatura e lhe acertou no estômago com uma poderosa joelhada, lançando-o para cima como um míssil.

Movendo-se involuntariamente para cima com aquela rapidez, não bastou mais do que segundos para que ele deixasse a atmosfera do planeta Terra e se visse em pleno espaço sideral, mas continuou voando, seguindo caminho rumo ao Sol.

Ele só conseguiu explodir depois de, enfim, se ver no núcleo solar. Apesar de impossível de ser visto, as vibrações geradas por sua explosão fizeram dois dois planetas mais próximos do astro luminoso tremerem com extrema brutalidade.

A auréola de Haru retomou o seu tamanho normal e saíra voando de dentro do Sol, rumando o planeta Terra. Haru, que a esperava, já se preparou para pegá-la, esticando a mão, enquanto a outra usava para segurar sua calça. Após pegá-la, ele novamente a pôs em torno de sua cintura, prendendo a calça com sucesso.

— Ufa, essa foi por pouco! — Ele olhava para o céu com um sorriso no rosto.— Se eu não tivesse chutado ele pro Sol aquela explosão teria destruído a Terra inteirinha! — Ele pôde ouvir barulhos, vindos logo atrás. — O que foi isso? — Começou a procurar. Mas conhecia aquela energia vital. Olhou para aonde vinham seus sinais. — Ah é você Sasaki, o que tá fazendo aqui?

— Garoto, isso foi impressionante...!— Ele escalava a montanha, almejando chegar ao seu topo. Estava para cair, mas para evitá-lo ele se agarrou a ponta dela com todas as forças. Porém, escorregou mais uma vez. — Ai, ai, ai, eu vou cair!

Haru voou até ele e o segurou pela mão, não permitindo que ele caísse dali e acabasse por se ferir. Voou com ele até uma região segura, dentro da floresta. Pousou em uma das muitas trilhas dali.

Alçou voo novamente, posicionando-se aos 20 metros de altura.

— É melhor você voltar, isso aqui vai ficar perigoso.— Disse-lhe.

— Aonde você vai? Já acabou, não...?— Sasaki não entendia.

— O velhote que controlou aquele monstro ainda está por aí. — O seu olhar estava focado no último lugar em que pôde senti-lo.

— O que quer dizer com isso? — Sua surpresa foi muito grande ao saber que, na verdade, havia alguém controlando aquela criatura.

— Depois eu te explico, agora é melhor você ir!— Avisou-o, pouco antes de arrancar voo na direção em que achava que ele estava.

Era difícil acreditar no que escutara que aquele menininho tão jovem e inocente dizer que fez, todavia, não encontrava nenhum rastro daquele monstro que ele chutou, o que seria impossível, já que ele tem mais ou menos o tamanho de um país, de um continente inteirinho. Se ele caísse em algum lugar, qualquer lugar, coisas terríveis iriam acontecer. Foi isso o que o levou a acreditar no menino.

Haru consegue derrotar uma das apavorantes feras de Sekai Kuro e salvar o vilarejo, mas agora vai ao encontro do velho Hyuu, com o objetivo de fazê-lo parar com aquilo de uma vez por todas. No entanto, Hyuu não parecia disposto a se render, mesmo depois de ver uma de suas feras ser derrotada. Que tipo de truque ele terá na manga!?

Fim do quarto capítulo.

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5: O sistema solar corre perigo: o caos da espada de luz!

O mesmo pressentimento ruim que teve um pouco antes das mãos daquelas feras rasgarem com brutalidade o subsolo e saírem de dentro do mesmo não deixava o coração e a mente de Haru.

O baixinho resolveu sair a procura do velho que perseguia pouco antes de ser forçado a batalhar contra aquela criatura imensa. Para obter êxito em encontrá-lo, ele contava com a fundamental ajuda de suas asas e capacidade sensitiva, que melhorou consideravelmente com treino.

Suas asas o levavam para qualquer canto do mundo, isso dependia apenas de sua vontade, já que, além de sua capacidade sensitiva, treinou também sua velocidade de locomoção, tanto na terra quanto nos céus.

Porém, sua capacidade sensitiva havia tornado-se inútil. Seu inimigo foi capaz de ocultar todas as suas fontes de energia, tentativa descarada de enganar o pequenino. Ele só não contava com um artefato: a auréola de Haru, que, com algumas vibrações, lhe fazia perceber más intenções.

Somente agora ele descobriu essa capacidade. Quanto mais perto o nanico estava de seu novo oponente, mais forte a auréola vibrava em sua cintura. E sem perceber, ele já estava entrando no local em que já imaginava que ele estivesse: a floresta que viu, antes de começar a lutar.

Ao se dar conta disso, ele freou o voo e parou em pleno ar.

— Aha! Então era aí que você tava escondido esse tempo todo, né? — Haru falou o mais alto que podia mas não obteve resposta, o que de certa forma já era esperado.— Sai daí, seu medroso! Se você não sair de uma vez eu vou destruir tudo!— Ele levantou a mão, posicionando-no de forma que pudesse moldar a sua técnica.— Ai não, eu não posso fazer isso porque senão eu vou acabar matando os animais também!

O dominador de chamas se assustou ao sentir tremores abalarem toda a área. Não teve tempo pra investigar pois quando pensou em fazer isso, foi mais uma vez surpreendido pelo braço enorme que, dessa vez, saiu de dentro da floresta e o atacou com um soco.

Haru usou apenas uma mão para proteger-se do golpe. Derrubá-lo não seria difícil para o pequenino, mas ele não podia fazer isso, tendo em vista os desastres que causaria, caso o monstro fosse ao chão. Optou por apenas jogar o punho da criatura para cima.

— É bom vê-lo mais uma vez, jovem dominador de fogo.— O ser e o seu criador enfim deram as caras. O velho por quem procurava estava sobre o ombro do monstrengo.

— Até que enfim você apareceu, tava começando a achar que você tava com medinho.— Ele se pôs em posição de luta, preparado para dar logo um fim a aquilo.— Ai não, eu esqueci que eu não tenho como acabar com esse bicho sem causar um desastre! — Haru entrou em desespero e, consequentemente, perdeu o foco da batalha.

Foi golpeado de frente pelo mais poderoso soco da criatura, sendo rapidamente lançado para bem longe dali. O seu corpo colidia com várias montanhas no caminho, o choque as destruía com extrema facilidade, o que inevitavelmente deixou um grande rastro de destruição para trás.

Aquilo só acabou quando ele caiu dentro do oceano. Ele abriu seus olhos e sorriu. Olhou com determinação para a superfície, invocou suas asas e voou pra fora do mar como uma bala, arrancando de volta para a direção da qual foi lançado.

— Hahahahah! Morreu como uma mosca! — Hyuu comemorava a "morte" de seu adversário. — Quem mandou entrar no meu caminho!? Já disse que eu vou conseguir esse talismã e ninguém vai me deter!

— Ei!— Haru surgira ali, para a sua surpresa.— O que você disse que quer conseguir?

— Oooh!!!— Hyuu olhava-o como se tivesse visto um fantasma. — Como é possível que esteja vivo depois de ser golpeado daquele jeito?!

— Aquilo não foi nada demais, só rasgou as minhas roupas.— Suas roupas ficaram sujas de poeira, arranhadas e levemente amarrotadas. — Agora repete o que você disse, você também tá aqui atrás do talismã da terra?

— Esse anãozinho não é um samurai comum, é mais forte do que eu esperava.— A resistência e a força de Haru surpreenderam o velhote, que só podia pensar no que fazer. Ele sorriu.— É, é verdade. Eu estou aqui pra pegar o talismã da terra do conselheiro Yamada, para conseguir usar todas as suas técnicas. — O sorriso no rosto dele se fechou, assim que ele se lembrou do emblema que viu nas costas dele, instantes antes de arremessá-lo com o golpe. — V-Você é...do Reino de Áries!

— Acertou em cheio.— Fez um sinal de "paz e amor" para ele com os seus dois dedos.— E eu não vou permitir que você pegue ele! — Ele, outra vez, investiu contra ele, mas algo totalmente inédito aconteceu, o pequenino parou no meio do caminho.

— O que aconteceu? Por que não me ataca?— Nem mesmo Hyuu o entendeu.

— É que eu me esqueci que se derrubar esse bichão posso acabar detonando todo o país...— Envergonhou-se consigo mesmo.— Ei, você pode me dar dez segundinhos?

— Claro que não! Acha que sou algum idiota!?— A pergunta foi tão inesperada e inadequada que o fez sentir-se ofendido.

— Não, não é pra te atacar não, é que eu queria usar esse tempo pra ir em casa rapidinho buscar uma espada! — Explicou-se.

— O que diabos você pensa que vai fazer aqui, com uma espada? Que diferença fará?!— Hyuu estava achando-o engraçado. Jamais em toda a sua vida escutou pedido parecido.

— Eu posso mostrar que vai sim fazer a diferença, por favor, me deixa ir!— Suplicou-lhe.

— Grrr!! Está bem...!— Hyuu cedeu. — Mas são só dez segundos! E se esses dez segundos tiverem passado e você ainda não estiver aqui, eu vou destruir todo o país, me entendeu?!

— Entendido, eu não vou demorar!— E partiu como um míssil, foi seguindo sem desvios para a direção em que encontraria o que quer.

Perdido no meio do nada, Sasaki se arrependeu por ter ido até ali. Se soubesse que não seria capaz de ajudar em nada e que se perderia, não teria ido. Ele vagava por lá, desorientado pelo frio que fazia na região ele se perguntava se sairia com vida dali.

Suas esperanças retornaram quando ele viu um brilhante raio de luz reluzir no céu.

— Aqui, aqui!— Pulava agitando as mãos gritando, tentando chamar atenção de seja lá quem for ou o que for.— Me ajuda!

Para a sua sorte, tratava-se de Haru, que conseguiu escutá-lo. O olhou diretamente e se moveu em sua direção, surgindo a seu lado em um piscar de olhos.

Ainda levitando, ele parou ao lado dele e se deitou no ar, com seu corpo ereto.

— O que você...— Sasaki queria lhe perguntar o que ele pretendia, mas foi interrompido.

— Não tenho tempo pra explicar agora, sobe rápido!— Pediu, tendo o seu pedido imediatamente acatado. — Se segura!— Sem lhe dar uma oportunidade para dizer algo, alçou voo rumo ao seu objetivo.

Levou muitíssimo menos que um segundo para enfim se ver dentro da Ilha dos Yokais, local aonde, atualmente, moravam Yue, Sora, Naomi e Sachi. Em bem menos do que isso, ele já estava na rua da casa deles. Apesar de tudo, conseguiu efetuar um pouso bastante tranquilo, deixou o seu acompanhante em segurança no chão e correu pra bater na porta.

Sasaki apoiou as costas sobre a parede e deslizou levemente sobre ela, abraçando seus joelhos no fim. Ele começou a se balançar pra frente e para trás de maneira consecutiva.

— O que f-foi aquilo...?— Estava em estado de pânico. Acreditar que um ser humano era capaz de se mover em tal velocidade era difícil pra ele.— P-Parece que o tempo parou, eu não vi nada, foi assustador...!

Um segundo inteiro finalmente se passou sem que ninguém viesse o atender. A porta foi aberta por Yue, que até pensou em cumprimentá-lo mas quase foi arrastada pelo garoto, devido a rapidez e a pressa com a qual ele entrou na casa. Olhou para o lado e viu Sasaki sentado com os olhos esbugalhados e as mãos sobre os ouvidos.

Estava confusa. Olhou para Haru.

— Aconteceu alguma coisa?— Resolveu perguntar.

— Não dá tempo pra explicar, eu tenho que ser rápido!— O garoto vasculhava toda a casa em busca de uma lâmina.— Droga, não tem mais nenhuma?!

— Do que você está falando?— Yue se aproximou, desviando dos utensílios que ele jogava pro alto.

— Eu preciso de uma espada, é urgente!— Disse-lhe.— Ah não, já se passaram três segundos!

— Espada não tem mais nenhuma. O Sora saiu quase agora, disse pra gente que ia treinar, dar uma volta completa no mundo enquanto carrega uma montanha nas costas.— Informou-o.

— Ah não, não pode ser!— Se desesperou. Não fazia ideia de o que fazer agora. Ficou andando de um lado para o outro pensando no que ia fazer, até que enfim teve uma ideia.— Já sei quem pode me arrumar uma espada!

E saiu porta a fora, passou por Sasaki e levantou voo puxando-o de qualquer jeito. Tudo o que eles deixaram para trás foi uma menina de cabelos violetas confusa, Yue não entendeu nada. Mas deu de ombros e fechou a porta, se tratando de Haru e Sora, já não tinha mais como achar algo estranho.

Kin estava completamente perdida em devaneios. Ela simplesmente não conseguia parar de pensar nele. Arashi tomou os seus pensamentos, não pensava em outra coisa do que estar com ele ou em mais alguém.

E ela estava ciente de que isso não era nada bom, principalmente considerando que, nesse exato momento, estava no meio de uma reunião com todo o conselho do Reino de Áries.

— Kin-sama, qual é a sua opinião sobre isso?— O conselheiro que estava a sua direita lhe perguntou. Não obteve nenhuma resposta. — Kin-sama?

— M-Me desculpem a falta de atenção, pode repetir a pergunta?— Ela olhou diretamente para o conselheiro, quando algo inesperado veio a lhe acontecer: pôde ver o rosto de Arashi nele.— A-Ara...Arashi...?

— Como...?— O conselheiro lhe perguntou ao ouvi-la, trazendo-a de volta para a realidade.

— Não, não é nada.— Balançou a cabeça de um lado para o outro.— Com licença, mas eu preciso pegar um pouco de ar, não estou muito bem.— E se retirou da sala, sendo seguida pelos olhares de todos que ali estavam presentes.

Subiu as escadas, seguindo diretamente para o terraço. Ela andou até a beirada do mesmo e olhou para baixo. Sua atenção foi roubada pelo clarão que se acendeu no céu, ela rapidamente o reconheceu. Olhou para o lado no exato instante em que ele pousou.

Haru deixou Sasaki em um canto e correu até ela.

— O que você está fazendo aqui e quem é ele?— Indagou.

— Não tenho tempo pra explicar, rápido, me dá uma espada!— Ele estava com muita pressa, isso porque, de acordo com seus cálculos, ele já havia perdido cinco segundos.

— Tudo bem.— Kin esticou o braço para o lado e, em uma nuvem de energia dourada, fez surgir uma de suas espadas de luz.

Deu-a na mão dele que pegou, foi até Sasaki, o puxou pelo pulso e alçou voo, desaparecendo instantaneamente. Ela podia segui-lo com os olhos mais se distraiu e o perdeu, mais uma vez pensando em Arashi.

Hyuu deu a ordem para que o seu monstro se sentasse, para eles esperarem pacientemente pela chegada de Haru. Pôde sentir um rastro de energia muito pequeno, não teve tempo nem pra imaginar quem era, quando a presença do garoto se materializou repentinamente bem diante de seus olhos.

Pediu para o monstro se pôr de pé.

— Desculpe a demora, é que eu ainda tive que procurar, sabe.— Ele pousou levemente e deixou Sasaki em segurança no chão, logo depois ele levitou novamente, equiparando-se a altura do monstrengo.— Vamos continuar? Quero acabar logo com isso porque já tô começando a ficar com fome. — Ele se pôs em posição de combate mais uma vez, só que, agora, com a espada em mãos.

— E-Essa espada é...!!— Não acreditava no que via. Isso só fez lhe confirmar que ele vinha mesmo do Reino de Áries e que era amigo da dominadora de luz que derrotou Kazu e salvou o mundo, alguns anos atrás.— Grr!! Eu tenho que acabar com isso logo!

Deu ordem de ataque a seu monstro, que tentou acertar Haru com um soco. Haru se moveu para o lado desviando do golpe, voou por cima e levantou as mãos, preparando-se para decepar o braço da criatura. Ele o fez, deixando o braço do monstrengo cair.

Decidido a não deixá-lo colidir com o chão e acabar acidentalmente destruindo o continente, ele voou até o braço e, movendo-se com uma assustadora rapidez — tornou-se invisível aos olhos de todos — ele o cortou em vários pedaços muito pequenos de forma extremamente veloz.

Quando terminou, não havia restado mais do que o pó do membro daquele ser.

— I-Isso foi impressionante...!!— Hyuu estava incrédulo.

— Agora é a vez de vocês!— Haru agora pensava em uma maneira de cortar aquele monstro enorme com um golpe só.— Eu me lembro de que toda vez que a Kin colocava sua energia nela, ela crescia. Será que eu consigo fazer o mesmo? — Decidiu testar e adicionou uma parte de seu chikara na lâmina.

A lâmina cresceu a níveis assustadores, foi, inclusive, capaz de sair da atmosfera do planeta, chegando perto, muito perto de alcançar o Sol. Até mesmo Haru se surpreendeu com aquilo.

Sasaki pôs a mão acima da testa para poder ver melhor, enquanto se arrastava pelo chão das montanhas. Parou no caminho para observar e ver se estava vendo bem, porque realmente, era difícil de acreditar.

— Incrível...! — Se assustou ao constatar que o que via era certo.

Hyuu ficou de boca aberta. Os seus olhos percorriam cada extensão daquela lâmina dourada, que reluzia ao refletir a luz solar. O baixinho que a segurava em sua base tentava mantê-la em equilíbrio, ele sabia que, se caísse na Terra, as consequências seriam catastróficas.

Haru olhava a espada com espanto.

— É impressionante, e isso porque eu só adicionei uma parte muito pequenininha! — O nanico observava atônito, mas mudou sua expressão ao olhar para seus dois adversários.— Aqui vou eu!

Tudo o que ele fez foi mover a lâmina, a ventania gerada pelo abalo da lâmina teve força comparável a de um vendaval, cortando montanhas inteiras ao meio e levantando poeira, muita poeira. Sasaki lutava para não ser tragado pela força das correntes de ar.

O movimento unilateral que ele fez com a lâmina para a direita, fez com que toda a floresta se mobilizasse, somente a ventania fora capaz de facilmente cortar incontáveis árvores pela metade.

E de um instante para o outro, o monstrengo invocado por Hyuu já havia sido partido ao meio. Depois de fazer a lâmina retornar a seu tamanho normal, Haru se aproximou da parte superior daquela criatura e a lançou pra cima com um soco, jogando-a para fora da Terra. Moveu-se na direção da parte inferior e a chutou com a mesma força, também a atirando pra longe da atmosfera terrestre.

— Agora é a sua...— Haru se interrompeu ao não ser mais capaz de vê-lo. Começou a procurá-lo. — Ué, cadê ele?— Não o encontrava mais em parte alguma.— Sumiu? Velho medroso!

— Ele correu pra dentro da floresta, garotinho!— Sasaki lhe apontou a direção.

— Dessa vez ele ficou tão desesperado que se esqueceu de apagar a sua presença! — Haru posicionou a espada um pouco a frente do rosto — Não vou deixar você fugir!

Se preparou para adentrar a floresta a voo, porém antes de fazê-lo ele aumentou exageradamente o tamanho da espada, que dessa vez não só saiu da atmosfera terrestre, como também abrangeu facilmente o sistema solar inteiro.

Haru foi pego de surpresa pelo tamanho da espada e devido ao seu peso e a forma repentina como arrancou, ele acabou por ser atirado pra trás. O resultado foi a inevitável queda da lâmina, a única coisa que o pequenino pôde evitar, foi que ela caísse sobre a cidade atrás de si. Fez o movimento com ela pra frente.

A espada caiu por terra e abriu uma fenda no planeta. Os tremores, a ventania e os destroços levantados na área foram algo completamente fora do comum. Sasaki foi lançado pelos ares, mas foi capaz de segurar-se ao topo da árvore.

A Terra inteira sacudiu como se estivesse havendo um terremoto. Rachaduras se formaram ao redor do local atingido e se estendiam cada vez mais, a sensação que se tinha era a de que o mundo estava sendo atacado em toda parte por bombas nucleares.

Haru fazia o seu maior esforço para retirar a lâmina dali, mas o seu peso era sobrenatural. Retirou a energia que havia posto nela, o que a fez retornar a seu tamanho original.

Arrepios tomaram toda a pele do pequenino depois que ele parou pra ver os danos que causara. Boquiaberto e de olhos esbugalhados, ele só pensava em uma forma de consertar a besteira que fizera, por isso se esqueceu completamente de Hyuu.

— Ai não, o que eu vou fazer?! O que eu vou fazer?! — Ele quase foi atirado para o chão, quando mais um daqueles poderosos abalos que balançavam toda a Terra atacaram.

— O que...está...aconte...acontecendo...?— Sasaki se agarrou com todas as forças ao galho do pinheiro mais alto dali, que estava há muito pouco de ser puxado pelo tufão que vinha da fenda. Ele entrou em pânico ao ver o tamanho do buraco criado.— Ah meu Deus!

— Calma não fica nervoso, eu vou consertar, vou consertar! — Ele tentava convencê-lo a não ficar nervoso, porém, estava ainda mais do que Sasaki. O seu campo de visão aumentou de modo exagerado, após ele adicionar energia em seus globos oculares.— Ai não, não pode ser! Metade da Terra está rachando ao meio! E não é só aqui, também tá nos outros planetas do sistema solar!

Os planetas que se situavam na frente da Terra na colocação dos astros mais próximos do Sol no sistema solar também foram envolvidos naquela tragédia, seu solo se despedaçava muito lentamente, mas toda vez que se sacudiam, mais as rachaduras se estendiam.

Por não ter sido capaz de manejar direito a espada de luz de Kin, Haru acaba pondo em risco a existência da Terra e de alguns outros planetas do sistema solar. Agora ele tem que consertar isso rápido, ou o mundo inteiro e todos os seres que o habitam irão se extinguir em uma grande explosão!

Fim do quinto capítulo.

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6: O mundo submarino de Uozu!


Os abalos sísmicos continuaram mobilizando o mundo inteiro, a cada tremor que sacudia o planeta, mais rachaduras eram formadas e o rasgo feito em seu núcleo se aprofundava mais e mais. O desespero fez Haru se desconcentrar.

Nunca antes esteve em situação parecida. A auréola vibrando em sua cintura lhe avisava o tempo todo que algo não estava certo, o que já não era nenhuma novidade. Mesmo flutuando pelo ar ele percebeu que, como os demais habitantes da Terra, ele também não estava seguro.

A atmosfera se aqueceu repentinamente, o baixinho sabia que isso não era bom. Ele tinha em mente que devia fazer algo rápido, porém o desespero assíduo não o deixava raciocinar direito. O tempo passava e a situação apenas piorava.

Os céus pelo mundo inteiro escureceram-se e foram tomados pelos trovões, o que só fez o desespero dos dois ali aumentar enormemente. Pensar se tornava cada vez mais difícil, com a atual situação em que eles se encontravam.

— É o nosso fim!— Sasaki declarou em desespero.

— Não, não diz isso porque você tá me deixando mais nervoso!— O pequeno Haru ainda não perdera as suas esperanças.— Eu disse que eu vou consertar, só me deixa pensar!

— E como você pensa em fazer isso?!— O jovem aldeão já não via chances de sobrevivência para o mundo. Pra ele era ilógico existir alguém que seja capaz de consertar um dano como esse ao planeta.

— Você ainda tá com o talismã da terra aí?— Depois de pensar Haru finalmente enxergou uma luz no horizonte, uma chance de salvação para o mundo. Sasaki assentiu, o retirou do bolso e o exibiu.— Continua com ele e toma cuidado pra aquele velhote não te tirar ele, porque ele ainda tá por aí e quer isso!

— O que você vai fazer?— Sasaki não obteve resposta a essa sua pergunta, pois o tempo pra se fazer algo era curto e o garoto já estava agindo.

Haru bateu suas asas, efetuou um pouso apressado acima do início da fenda e esfregou as mãos uma na outra. Curioso, Sasaki — que havia acabado de conseguir chegar ao chão — engatinhou se aproximando e se escondeu atrás de um monte para observá-lo.

O nanico ergueu as mãos no ar, concentrou todas as suas forças em cada uma delas e as enfiou dentro da terra com brutalidade. Tudo o que ele fazia agora era se preparar para o esforço físico extremo que já, já teria que começar a fazer.

O máximo de suas forças foram concentradas na palma das suas mãos, com as quais ele fez pressão para o lado. Um intenso rubor cobriu todo o seu rosto, isso e as veias que em sua testa saltaram foram boas demonstrações do quão imenso era o esforço que ele fazia.

A força que ele usava ultrapassou os limites do ser humano. Toda a Terra se moveu com a pressão exercida sobre ela pelo garoto que agora sofria de sangramento nasal, tamanho era o esforço que ele prestava em consertar tal tragédia.

— Incrível...! — Sasaki estava boquiaberto. Não acreditava no que os seus olhos estavam lhe mostrando. Apenas um garoto movendo todo um planeta contando somente com sua força física.— E-Ele está...ele vai conseguir!

No entanto, para acabar com as esperanças do jovem aldeão, as bordas da fenda se destruíram devido a imensa força exercida sobre elas. O garotinho caiu deitado para trás, exausto. A dor que os seus braços e outros músculos lhe estavam proporcionando era algo cruel, nunca antes pensou que sentiria algo igual.

Um relâmpago clareou os céus de toda a Terra momentaneamente. A situação continuava a piorar, Haru sentia isso. A sua auréola brilhava com muita força em sua cintura e vibrava veementemente, o que de certa forma o atrapalhava. Haru pôs a sua mão sobre ela e a retirou.

— Fica calminha, eu juro que vou consertar.— Disse sorridente, sem se dar conta de que as suas calças haviam caído. A auréola flutuou até o topo de sua cabeça como se tivesse vida própria.— Vamos lá! Eu não vou deixar a Terra explodir!

E atravessou o chão com as mãos mais uma vez. Toda a força que tinha espalhada pelo corpo, Haru canalizou em suas mãos, preparando-se física e mentalmente para o trabalho que teria logo. Manteve-se assim por incontáveis minutos.

O seu esforço novamente começou a dar frutos, todavia, ele teve que ultrapassar todos os limites para chegar aonde está e para piorar, as suas forças já estavam se esvaindo. Mas ele se negava a desistir, a deixar que a raça humana se extingua por um vacilo seu.

Sua luta para consegui-lo era agora acompanhada por seus gritos de labuta. Haru jogou o corpo para trás, pondo mais de si naquilo do que deveria pôr. As suas roupas começaram a se romper e cortes foram se abrindo por todo o seu corpo.

A dor que sentia era o seu maior impedimento. Por um momento se decepcionou consigo mesmo, pensando que não iria conseguir. A forte dor que lhe tomou o corpo até o fizeram pensar em desistir, mas uma breve imagem mental da Terra explodindo e todos os seus amigos sendo consumidos na explosão o fizeram descartar a ideia.

E em um único impulso de força, ele uniu ambas as partes que ali dividiam o mundo. Os céus voltaram a sua cor clássica, os tremores se acabaram e a temperatura da atmosfera recobrou a sua normalidade. O pequenino caiu para trás sem forças para mais nada.

— Ufa...— Sasaki enxugou uma gota de suor que lhe desceu a testa e rolou para o lado, deitando-se de barriga pra cima.— Essa foi...essa foi...foi por bem pouco...!— O seu alívio e o susto que acaba de tomar foram tão grandes que respirar, de repente, ficou mais difícil para ele. Ele olhou para Haru, que ainda estava caído.— Esse garoto definitivamente não é humano...

— Ei...!— O jovem aldeão ouviu o chamado do garotinho.— Trás o...trás o talismã, com ele eu vou poder fazer sumir essa rachadura!

— Pega aí...!— E lançou-o pelos ares.

— Não faz isso, espera...!— O terror tomou conta do coração dele, ao cogitar a ideia de o talismã se despedaçar.

Aquilo era um artefato fragilíssimo, qualquer impacto poderia com facilidades fazê-lo em pedaços. Haru se pôs de pé e saltou, pegando-o a tempo. Após chegar ao chão, ele o analisou para ver se não encontrava nenhum tipo de rachadura.

Suspirou aliviado ao não identificar nada assim. Ele andou com toda a calma até chegar novamente a rachadura, segurou o talismã a frente de seu rosto e canalizou suas energias no mesmo. Todas as rachaduras começaram a desaparecer, agora era quase como se nada tivesse lhes acontecido.

Os choros do baixinho o fizeram pular de susto e se pôr de pé em um único salto. Ele correu desesperado até ele e parou ao lado, só ficava procurando o motivo disso.

— O que foi? O que aconteceu!?— Haru continuava a chorar, mas agora ele segurava uma das mãos. Sasaki não entendia definitivamente nada.

— Entrou uma farpa no meu dedinho!— Haru lhe exibiu o polegar.

— Então era só isso!?— Sasaki se indignou ao notar que entrou em desespero por tão pouco.— Me deixa ver.— Pegou a mão dele e puxou a farpa, removendo-a.— Pronto.

— Valeu!— Agradeceu-o, sorridente.

— Um cara que moveu um planeta inteiro chorando por uma farpa? Apesar de ser incrivelmente forte, não deixa de ser uma criança. — Era difícil de acreditar. Aquele garotinho com certeza não era normal.

Juntos eles retornaram para a civilização a pé. Haru com um sorriso no rosto, as mãos atrás da nuca e sem as calças. Os dois conversaram até enfim chegarem lá, aonde as pessoas, reunidas, pareciam discutir sobre os fenômenos "naturais" que acabaram de ocorrer pelo mundo.

Assim que bateu os olhos em Emi, Sasaki saiu de si mais uma vez.

— Você tá bem?— Haru novamente estranhou aquilo. Ele agora se focou em fazê-lo "acordar" mas, ao se dar conta de sua condição, ele se lembrou de algo.— Ah não, eu acabei esquecendo as minhas calças lá! — E arrancou voo, seguindo para o último lugar em que esteve.

Sasaki agora babava por ela, mas voltou à realidade assim que viu ela notá-lo. Emi sorriu para ele e foi andando em sua direção, dando-lhe o seu mais forte abraço. Ele nada fez além de retribuir, e por que não o faria, afinal, era a garota de seus sonhos.

Ele sorriu com o rosto corado, quando se separaram.

— Emi-chan, eu quero que você conheça o...— Ele olhou para seu lado e não o viu mais lá. Começou a procurá-lo.— Ué? Mas cadê ele?!

— Quem?— Emi se dispôs a procurar por quem sequer sabia quem era, juntamente com Sasaki.

— Um garotinho desse tamanho, de cabelos meio laranjas e meio loiros, uma auréola na cabeça e sem calças.— Continuava a procurar por ele.

Ela caiu em risadas.

— Você é engraçado.— Disse-lhe ela.

— Mas é verdade, eu...— Só então ele foi se dar conta do que isso significava.— Você não é a primeira que diz isso Emi-chan.

— Então...— Ela se aproximou dele.— Eu ouvi dizer que você salvou a todos do Sekai Kuro, eu só vim aqui pra...ter dar os parabéns.

— Mas não fui eu quem fiz isso, foi o garotinho que eu acabei de lhe descrever, eu só não sei pra onde ele foi.— Falou, sem parar de procurá-lo.

— Deixa de ser tão humilde.— Ela não estava acreditando, mas sim, ele tinha que admitir, era um absurdo.

— Mas é verdade.— Tentava lhe convencer. Antes, Sasaki até teria mentido e levado os créditos, mas aquele garotinho de alguma forma havia conseguido mudar o seu coração.— Quando ele vier eu te mostro quem é. Mas, antes disso, não quer...sair comigo?

— Claro...quero dizer, sim, vai ser legal.— Respondeu, corando.— Enfim, eu vou indo lá. Me busca hoje às 19:00?

— Tudo bem.— Sasaki tentava se manter tranquilo, mas por dentro estava perto de explodir, tamanhas eram a sua empolgação e felicidade no momento.— Nos vemos às 19:00.— Confirmou, vendo-a lhe dar as costas depois disso. — UHUUUUUUUUUUUUUU!— Gritou com todas as suas forças.

Emi, que escutou o seu grito, não pôde deixar de sorrir enquanto se afastava. E no exato momento em que ela dobrou a esquina, o pequeno Haru chegou voando ali e pousou ao lado de Sasaki, enquanto colocava a auréola em torno da cintura.

Ele agora olhava para si mesmo, esticando as roupas com a ponta dos dedos.

— Minhas roupas ficaram sujas e cheias de cortes.— Comentou, olhando-se.

— Ah, você está aí.— Sasaki finalmente notara a sua presença.— Aonde esteve?

— Eu fui pegar a minha calça, é que quando eu tirei a auréola da cintura ela acabou caindo e eu nem percebi.— Respondeu-lhe.— Vamos lá, vamos continuar com o que a gente tava fazendo!

— Não precisa.— Disse-lhe, sorridente.— Ela aceitou sair comigo, nós vamos ter um encontro hoje.

— Isso é muito legal, parabéns Sasaki!— Haru o felicitou.

— E foi tudo graças à você.— Não mentiu, fora graças a ele sim, já que ele acabou levando os créditos por Haru ter salvo o vilarejo. Retirou o talismã do bolso.— Eu já ia me esquecendo. Pega aí.— E o lançou pra ele, no entanto, jogou forte demais.

Haru não conseguiu alcançá-lo e o talismã acabou caindo dentro do ralo que havia atrás dele. Desesperado, ele correu e se agachou na frente dele pra ver se conseguia avistá-lo. Foi capaz de vê-lo afundar cada vez mais.

Se levantou e se afastou um pouco.

— Ai essa não, eu não posso perder esse talismã!— Prometeu à Kin que não falharia nessa missão, ela confiou nele, por isso não pode faltar com essa promessa.— O que eu faço agora!?

— Eu e a minha mania de ficar lançando as coisas!— Praguejou-se. Se aproximou de Haru e lhe tocou o ombro.— Olha, me desculpa por isso, juro que não foi de propósito.

— Tá tudo bem, eu sei que você não fez por mal porque eu não senti nenhuma intenção malvada vinda de você.— Disse-lhe.— Mas eu ainda tenho que dar um jeito de salvar o talismã, não posso deixar que ele caia em mãos erradas!

— O que vai fazer?— Ele realmente não fazia ideia mas, tratando-se dele e depois de ver pessoalmente tudo o que ele fez, já não duvidava mais dele.

Haru enfiou sua mão esquerda em um dos buracos da tampa do ralo e a puxou, arrancando-a facilmente e depois a jogou pro lado. Tapou o nariz pelo cheiro ruim que de lá escapou.

Ele agora pensava se devia ir ou não.

— Não me diga que você está pensando em pular aí dentro?— Apesar de já tê-lo visto realizar feitos que considerava impossível, não era capaz de acreditar que ele faria tal coisa.

— É o único jeito de pegar o talismã de volta. Aquilo lá tem muitas técnicas perigosas, se cair em mãos erradas eu não sei o que pode nos acontecer.— Explicou-lhe.

— Nossa. Eu não sabia que significava tanto pra você e que era tão importante, se tivesse me falado eu poderia ter te entregado rápido.— Lhe disse.

— Tá tudo bem.— Ele se aproximou um pouco mais da borda do rombo que criou, ao retirar a tampa do bueiro daquela forma. Olhou para ele, sorriu e acenou.— A gente se vê! — E pulou buraco a dentro.

— Não acredito que...!— Ele correu a tempo de vê-lo mergulhar e se aprofundar ainda mais nas águas sujas.— Apesar de ser estranho, é um bom garoto. Espero que fique tudo bem, também gostaria de me desculpar por ter tentado me aproveitar da sua ingenuidade e inocência. — Falou, pouco antes de se afastar dali.

Haru já estava nadando submerso há horas e horas, entrando por incontáveis túneis diferentes, seguindo aonde sua capacidade sensorial lhe dizia que estava o talismã da terra. Ele se afastava a uma velocidade assustadora, Haru entendeu que isso era por causa da forte correnteza.

O seu caminho pareceu ter acabado assim que ele deu de cara com algumas grades. Ele foi forçado a arrancá-las para prosseguir em busca do talismã, não podia mais perder tempo. Começou a pensar no que lhe aconteceria ou aconteceria ao mundo, caso o velhote com que lutou lá no vilarejo o tivesse em mãos.

Perceber que já estava em alto mar lhe retirou de seus devaneios. Ele resolveu subir a superfície para ver o que havia em volta e, como havia pensado, nada além de água. Estava em pleno oceano. Ele notou que nunca antes esteve tão perto do talismã quanto agora, por isso se submergiu outra vez.

O baixinho nadou por mais ou menos mais uma hora, explorando as profundezas do oceano e ultrapassando limites que nenhum outro ser sonhou ultrapassar algum dia. Estava tão fundo que nem ver o céu ele era capaz mais, e ele só fazia se aprofundar cada vez mais.

— Droga, aonde foi parar esse talismã?! Eu consigo sentir ele mas não vejo em parte alguma! — E continuou a nadar o mais rápido que podia rumo ao fundo.

Mais alguns minutos se passaram com ele nadando e, quando enfim se cansou, sentou-se sobre o topo de uma montanha, um local cercado de corais e peixes exóticos, criaturas marinhas cuja existência estava bem além da imaginação humana.

Peixes gigantescos com duas vezes o tamanho de uma orca ou o de um tubarão branco. Tubarões pequenos até demais, peixes com mais de dois olhos, com somente um, com chifres, muitas criaturas estranhas e diferentes do que as pessoas estavam acostumadas a ver.

Ele olhou para frente e viu algo fantástico: um mundo submarino, exatamente igual ao dos seres humanos. Incontáveis criaturas marinhas com aparência humanoide perambulando por toda a parte, meios de comunicação e de transporte espalhados pela cidade, estabelecimentos e casas.

— Incrível! — Ele se pôs de pé para observar aquilo melhor. Ficou ainda mais animado ao se dar conta de algo.— O meu talismã tá lá, eu consigo sentir!

E foi nadando em rota linear, seguindo o último rastro de energia que sentiu vindo da essência de seu talismã. Haru encontrava pelo seu caminho coisas que jamais imaginou encontrar ou jamais ouviu falar na existência. O mais impressionante de tudo foi descobrir a existência de uma civilização marinha.

Haru explora as profundezas do oceano em busca do talismã que perdeu e descobre coisas inimagináveis como a existência de um mundo submarino! Conseguirá ele recuperar o talismã antes que algum malfeitor ponha as mãos antes?! Que tipo de barreiras se colocarão em seu caminho!?


Fim do sexto capítulo.

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7: Haru consegue o talismã da terra!


Após aproximar-se o suficiente daquela desconhecida civilização, o baixinho se escondeu por trás de uma parede de rocha que parecia ter mais ou menos o triplo de seu tamanho.

Ele retirou a auréola da cintura deixando a calça cair e o objeto dourado lhe subir até a cabeça, retirou a camisa e, depois de se ver completamente nu, ele as escondeu atrás de um aglomerado de algas marinhas.

Haru se inclinou para frente e sorriu, olhando suas costas. Com um pouco de esforço ele liberou suas asas, retornando a sua posição normal depois de fazê-lo.

O garotinho esmurrou o próprio peito e em seguida olhou para frente determinado. Após decidido o que faria, ele inflou as bochechas e seguiu caminho em rota linear, a nado.

Os seus braços ainda estavam doloridos pelo esforço extremo que fizera para consertar o planeta e o seu estômago não parava de implorar por comida, suas forças se esvaíam pouco a pouco. Por isso ele sabia que tinha que encontrar aquele talismã de uma vez.

Dentro de algumas horas não terá energias nem pra voltar para o reino, se não agir rápido. Haru usava as mãos para retirar as águas da frente e abrir caminho, estava cada vez mais próximo da entrada da cidade.

O talismã também estava cada vez mais perto, ele sentia isso e era o que lhe dava motivação para continuar nadando. Ele enfim já estava entrando na cidade submarina, local que ser humano nenhum imaginaria a existência.

Ele atravessou o tráfego a nado e parou na calçada. Cruzou a esquina e seguiu caminho direto, se deixando guiar por sua capacidade sensitiva. Em pouco tempo já conseguiu ver pedestres perambulando pelas ruas.

Todos agiam de forma idêntica a que os seres humanos agiam e se assemelhavam bastante a um, as diferenças mais notáveis eram a cor de sua pele, as barbatanas que alguns tinham e as guelras que todos possuíam. Vestiam também trajes bastante exóticos, o que já era de se esperar.

Começaram a reparar em Haru, olhando-o como se ele fosse um extraterrestre ou um ser de outra dimensão. Comentários eram feitos por toda a parte sobre o garoto que, focado em seu objetivo ali, seguia caminho sem sequer notar que era dele que todos falavam.

— Esse lugar é muito grande, e a pressão da água tá restringindo os meus movimentos. O talismã continua se afastando, droga, o que eu vou fazer? — Ele parou no meio da rua pôs a mão sobre o queixo, enquanto pensava.

Os seres marinhos de repente começaram a cercá-lo. Estavam todos muito curiosos, ansiavam saber quem era aquela criatura tão estranha que do nada chegou até ali.

Haru era muito diferente de todos eles. Ele era diferente de tudo o que eles já haviam visto até então e olha que o oceano é um lugar vasto e cheio de estrambóticas criaturas.

Confuso, ele só conseguiu perceber os olhares que lhe caíram um pouco depois de parar de pensar. O baixinho olhava para si mesmo, se analisava em busca de alguma anormalidade.

Realmente não entendia o porque de tantos olhares caírem sobre ele. Pensou que talvez fosse assim porque estava completamente nu, mas descartou essa hipótese ao lembrar-se que eles não eram como os seres humanos.

É isso! Finalmente lhe caíra a ficha de porque atraía toda aquela atenção! Como vem da superfície, é lógico que é tão desconhecido pra eles quanto eles lhe são desconhecidos. Ele tentou falar, mas tudo o que conseguiu foi soprar bolhas.

— Esqueci que tô debaixo d'água, como vou pedir informação se não posso falar? — Estava encrencado, terá que sair dessa sozinho.

— Quem é você?— Perguntou-lhe um dos que se misturada a toda aquela multidão.

— De onde você veio?— Perguntou-lhe um outro.

— De que cardume você vem?— As pessoas não paravam de enchê-lo de questões como aquela, e quanto mais tempo se passava, mais pessoas se juntavam em torno dele.

— Está na cara que ele não é um peixe, né!— Disse um outro, em resposta ao último que lhe questionara algo.— Você é algum...tipo de projeto do governo?

Eles começaram a falar ao mesmo tempo, entendê-los tornou-se difícil. Sentiu o talismã se afastar, tudo o que queria agora era sair dali, mas não conseguia uma forma de fazê-lo.

Como a sua salvação, duas fêmeas da mesma espécie foram capazes de, de alguma forma, penetrar na multidão e retirá-lo dali às pressas.

Os três correram dali, se afastando de seus perseguidores. Essa era uma tarefa muito difícil, principalmente para Haru que, além de não estar em seu habitat natural e estar mais pesado devido à pressão que toda aquela quantidade assustadora exercia sobre seu corpo, já estava beirando a exaustão.

As duas notaram isso facilmente. Correram com ele para trás de um poste, esgueiraram-se sobre o mesmo até chegar a parede. Os três olharam para a esquina com o canto do olho e perceberam que a multidão estava vindo. Não desistiriam tão cedo.

— O que a gente vai fazer?— A de lisa cabeleira ruiva perguntou à outra.

— Não sei, acho que o melhor é...despistá-los e levá-lo para a sua casa.— Respondeu a de cabelos negros cacheados.

— Por que pra minha casa?— Perguntou, ela já podia imaginar a surpresa de seus parentes ou de algum conhecido ao ver um ser tão diferente lá.

— Porque o meu irmão está lá, você conhece ele e sabe como é boca grande e enxerido.— Retrucou.— Se notar qualquer estranheza ele vai logo investigar, você o conhece.

— Tudo bem, tudo bem, então vamos.— E saíram puxando-o.

Haru tentava se comunicar com elas, mas não conseguia fazê-las entendê-lo. Pelo que entendeu da breve discussão, ambas estavam focadas em salvá-lo daquele aglomerado de gente.

Após mais alguns minutos fugindo, elas entraram com ele em um beco e conseguiram despistar os outros. Depois de vê-los passar, elas o pegaram pelo pulso e correram com ele, saindo dali.

Depois de se livrar das pessoas, chegar em casa não foi difícil. O difícil mesmo foi entrar com o garoto em casa, mas o cobriram com uma lona azul e foram capazes de passar pelo pai e pela mãe, que já estavam sentados na varanda.

O patriarca folheava um jornal e a matriarca bordava um tecido. Até chegaram a estranhar a filha e a amiga passarem assim mas logo deram de ombros e continuaram com o que faziam. Elas o levaram até o quarto e o puseram sentado na cama.

— O que nós vamos fazer agora? Foi loucura trazê-lo até aqui, Wendy!— Disse a ruiva.

— Jade, olha, nós não podíamos deixá-lo lá, você sabe bem o que eles acabariam fazendo com ele. Alguém provavelmente chamaria o governo e iriam fazer experiências terríveis com ele.— Retrucou a outra.

— Ok, ok.— Suspirou e disse, em concordância. Se sentou logo ao lado dele que, confuso, apenas a fitava.— De onde você vem?

Haru mais uma vez tentou falar porém, novamente, tudo o que fez foi soprar bolhas e elas logicamente não entenderam nada do que ele disse.

Wendy se sentou do outro lado.

— Ele não pode falar, veja, não tem guelras. — Jade fora a única que até então entendera um pouco dele.— Como é que ele respira?

— Vou tentar fazer mímica pra ver se elas me entendem, eu não posso ficar mais nenhum minuto!— Decidiu o baixinho. Ele começou a apontar para cima com o indicador.

— Olha, ele está tentando se comunicar!— Wendy chamou a atenção da amiga para aquilo.

— Você...você...— Jade tentava decifrar aqueles sinais. Foi então que ela se lembrou de, algum dia, já ter visto alguém parecido com ele em uma fotografia ou algo do tipo.— Você veio da superfície!— Ao ouvi-la ele sorriu, o que confirmou o que ela deduziu.

— Mas...então ele é um humano? Os cientistas não disseram que é impossível um ser humano chegar até aqui devido à pressão da água e à necessidade de oxigênio?— Wendy raciocinava.

— Tem razão.— Concordou a outra.— E ele tem asas, veja.— Jade tocou em uma das penas douradas das asas brilhantes de Haru.— Seres humanos não tem asas, não pelo que eu me lembre. E veja essa auréola.

Ela ameaçou tocá-la mas, antes que o fizesse, Haru a deteve em desespero, pois sabia que se uma descarga elétrica a atingisse ali debaixo do mar ela morreria eletrocutada.

Nenhuma das duas entendeu o porque de ele ter agido assim.

— Já sei, você...você é um anjo!— Wendy tentou adivinhar.

— Hum...será? Nunca acreditei na existência de seres celestiais.— Disse Jade, pensativa.

— Olha, ele está pelado!— Wendy se levantou rapidamente, com pavor.

— É o que parece. Ei, vai lá ver se consegue trazer umas roupas do seu irmão pra ele, vai. — Pediu, vendo-a ir. Não podiam deixar que ele continuasse naquelas condições, por mais que estivesse escondido e que parecesse um garotinho ingênuo e sem maldade alguma.

Haru era baixinho demais, de pé ele sequer chegava a altura da cintura das duas. Para ir até o chão, ele teve que pular da cama. Jade apenas observava cada um de seus movimentos, analisando-o com curiosidade.

Ele engatinhou até um dos vários jornais de algas que estavam espalhados por ali, o pegou e começou a lê-lo.

— Oh, você sabe ler. Mas é tão pequenininho...deve ser bastante inteligente.— E continuou a observá-lo. Pelo que notou ele nem deve tê-la dado atenção, estava muito focado na leitura.

Haru de repente se entusiasmou e começou a apontar para a gravura de uma pedra estranha estampada na primeira página. Ela foi capaz de notar isso e entendeu que ele queria lhe dizer algo, por isso se aproximou e resolveu ler com ele.

Ela logo se lembrou de ter escutado uma notícia hoje mais cedo.

— Ah, sim!— Animou-se também.— Hoje de manhã o meu pai me disse que os cientistas encontraram um objeto muito estranho e disseram que provavelmente vinha da superfície.— Pensou mais um pouco.— É disso que você está atrás!— Haru assentiu sorridente, lhe dizendo que sim.— Certo. Eu sei aonde fica o governo e posso ajudá-lo a recuperar essa pedra, só espera a Wendy-chan chegar com as roupas do irmão dela.

Não demorou muito para que ela enfim adentrasse o quarto com as roupas que prometera trazer-lhe. Eram bastante estranhas como ele já esperava que fossem, além de serem grandes demais para ele, pareciam ser feitas de borracha, eram pretas e possuíam aberturas, muito provavelmente para as barbatanas.

Ele pôs a roupa e, depois de fazê-lo, eles saíram dali com cautela e seguiram com ele até a esquina do departamento dos cientistas do mar. Esgueiravam sobre um dos muitos postes que haviam por ali, e pararam.

— Nós vamos mesmo fazer isso...? — Wendy estava insegura com aquilo.

— Agora que estamos aqui não podemos voltar. E como eu já te contei, esse garotinho precisa dele e provavelmente não vai poder voltar pra casa até recuperá-lo.— Jade entendeu tudo, Haru ficou um tanto surpreso com a inteligência dela.— Vou dizer o que nós vamos fazer mais uma vez: você fica aqui fora vigiando tudo e se ver alguém entrar, aperta esse botão aqui — apontou, mostrando-lhe um botão vermelho no objeto que ela tinha em mãos — e a luz do que eu tenho nas mãos vai acender e nós vamos saber, ok?

Wendy assentiu, Jade puxou Haru pelo pulso e juntos eles foram andando até os fundos daquele local, que mais se parecia com uma indústria ou uma fabrica, aos olhos de Haru. Depois de muito andar, eles enfim chegaram a um local aonde parecia ser o fim.

Um cercado enorme repleto de arames farpados.

— Ótimo!— Jade perdeu as esperanças.— E agora, o que a gente vai fazer?

Haru se afastou do cercado e ela o acompanhou. Aproximou-se novamente e fincou as mãos no cercado. Com um único puxão ele foi capaz de arrancar tudo, logo depois o descartou, jogando-o para um canto qualquer.

Jade ficou boquiaberta, tamanho era seu espanto. Haru, que não queria mais perder tempo, a puxou pelo pulso e juntos eles entraram no local. Seguiram caminho pelos fundos, até que se viram em um grande espaço aberto.

Haru sentia que estava muito, mas muito perto de seu objetivo. Ele sorriu e correu até uma das portas de enrolar, que estava fechada. Se agachou e enfiou os dedos por debaixo dela, levantando-a sem qualquer esforço, o que mais uma vez surpreendeu Jade.

Ele entrou primeiro e ao vê-lo fazer isso, Jade entendeu que ele já não parecia mais precisar de sua ajuda, mas mesmo assim resolveu segui-lo e passou por baixo da porta antes de ela cerrar.

Ambos se surpreenderam com o tamanho do local. Haru fitava a tudo com os olhos esbugalhados e a boca aberta, mas Jade conseguiu mostrar-se ainda mais impressionada e curiosa do que ele.

— Trabalhar aqui sempre foi o meu sonho...— Comentou.

O baixinho não podia negar que se comoveu com aquilo, mas ele tinha que continuar e assim o fez, decidiu arrumar uma forma de lhes compensar mais tarde, de algum jeito. Eles seguiram aquele corredor a frente direto.

Jade o puxou para o lado e se agachou com ele, escondendo-se de um senhor que passava por ali naquele momento. Depois que ele passou, eles saíram e continuaram o caminho. Ambos eram guiados pelo sensor do garotinho, que lhe indicava a posição exata da pedra, já que por ali não existiam guerreiros.

Em poucos minutos eles já estavam perto da sala aonde estava o talismã. Tudo o que precisavam fazer para pegá-lo era cruzar aquele corredor mas o mesmo, infelizmente, estava repleto de cientistas que conversavam, dando a entender que não sairiam dali nem tão cedo.

Haru sorriu e estalou os dedos, teve uma ideia. Esfregou as suas mãos uma na outra e formou uma pequena esfera de fogo. Andou esgueirando-se até a ponta e atirou a esfera pelos cantos do chão. Ao chegar na outra ponta, ela explodiu dando um susto em todos os que ali estavam.

Eles correram para ver o que era, o que deu tempo para que os dois cruzassem o corredor, porém, não seria tão fácil quanto eles dois pensavam que seria. Havia um mecanismo que pedia uma senha ou reconhecimento de digital.

— Eu já imaginava.— Disse Jade, novamente sem esperanças.— O que vamos fazer agora?

Haru não viu um outro jeito além de arrebentar a porta. Enfiou a sua mão na mesma e a empurrou para o lado, destruindo-a. Acabou por arrancar uma delas, o que pareceu ter ativado um alarme. As luzes do corredor ficaram vermelhas e um som ensurdecedor soava.

Desesperados, os dois entraram e começaram a procurar pelo talismã, tinham que ir dali rápido. Haru rastreou devido ao sensor mas era difícil pegá-lo devido a escuridão que tomara o local. Levou alguns minutos mas logo o teve em mãos.

Ele a puxão pela mão e juntos eles saíram da sala, mas logo já estavam cercados por seguranças. Haru tentou seguir por um lado só que mais deles apareceram. Estavam completamente cercados. Ele, então, a pegou no colo e saltou em direção ao teto, abrindo um grande rombo no mesmo.

Já ao ar livre, ele a pôs no chão e juntos já podiam suspirar com alívio por se verem livres dos seguranças, o que durou pouco, pôs não demorou muito e eles cercaram o telhado. Alguns deles já até haviam subido, outros estavam lá em baixo, mas todos eles lhes apontavam armas.

— Entreguem a pedra já ou terão muito mais problemas do que já tiveram!— Ameaçou-os um dos guardas.

— Não posso entregar isso depois de todo o trabalho que eu tive pra conseguir!— Haru segurou-o com um pouco mais de força junto ao corpo.

— Entreguem logo!— Exclamou um outro, se aproximando deles bem lentamente. Este começou a estranhar a aparência de Haru.— Que tipo de ser é você?

A atenção de todos foi roubada pelo peixe gigantesco que cada vez mais se aproximava pelas alturas. Um tubarão imenso — pouco, muito pouco menor do que o departamento — com mais de mil dentes afiados na boca nadava a toda velocidade na direção deles.

Todos exceto Haru entraram em desespero, mesmo os guardas que estavam armados. Jade correu e tentou puxar Haru mas o garoto se mantinha firme no mesmo lugar. E ao ver que já não havia mais um modo de escapar daquela ameaça, ela resolveu se esconder nas costas dele.

— É um tubarão pré-histórico, ele já fez inúmeras vítimas. Ele ronda toda essa área, os cientistas já estão pensando em mudar daqui.— Jade lhe dizia.

O tubarão estava pronto para devorá-los em uma mordida, mas, antes disso, Haru pegou Jade e saltou sobre ele, acertando-o com um chute nas costas. O animal colidiu com o teto e ficou atordoado por breves instantes, tempo o bastante para eles mudarem de posição e se afastarem.

Haru a pôs em segurança no chão e se moveu o mais rápido que podia ali. Empesteou os punhos com chamas e atingiu o tubarão na face com um soco cruzado, finalizando-o com um chute lateral por baixo. O animal caiu sobre o solo, morto.

— Minha nossa, você é muito forte!— Jade o parabenizou.

— Meu jovem, isso foi incrível...!— Os seguranças saíam de onde estavam escondidos.— Tentávamos nos livrar desse animal há muito tempo mas ele resistia facilmente aos nossos tiros e devorava nossos guardas.

— Sim, isso mesmo.— O outro concordou.— Como podemos lhe agradecer?

— Eu posso falar por ele, já que ele não é daqui.— Os rapazes se entreolharam, confusos com a declaração.— Podem agradecer nos deixando ir e permitindo-o levar a pedra. Vejam bem, ele veio de lá da superfície nadando até aqui com o objetivo de pegar o talismã.

— Tudo bem, tudo bem, nós podemos dar um jeito. Vamos dizer que ele fugiu mas ele não pode mais voltar pra cá. Quanto a você, nós vamos ter que levá-la pra eles, mas não se preocupe, vamos dar um jeito de salvá-la de algum castigo.— Disse um dos guardas.

Haru sorriu para Jade e virou as costas, dando-lhe adeus. Ela só sorriu e acenou também. Após ver-se metros distante dela, ele se lembrou de que tinha que compensá-la de alguma forma, por tudo o que ela passou só para ajudá-lo.

Ele retirou uma das penas de sua asa dourada, voltou e a deu nas mãos dela, que apenas sorriu e aceitou. Ele nadou para cima mais uma vez, enquanto acenava sorridente para Jade e para os guardas.

— Muito obrigado por tudo. Essa pena vai te dar muita sorte, a Kin uma vez me disse que ela trás riquezas e longa vida a quem a tem, e a Kin sempre tem razão!— Pensou, enquanto se afastava, sem ainda retirar os olhos deles. Sua barriga roncou.— Esqueci de pedir alguma coisa pra comer...ah, mas não tem importância porque agora que recuperei um dos talismãs eu vou poder ir pra casa comer! A Kin vai ficar orgulhosa de mim quando souber que só faltam dois, hahah!

Animado e motivado, ele desviou seu olhar pra frente e seguiu o seu caminho rumo a superfície, ansioso por chegar em casa, pois tudo o que queria era ouvir Kin lhe dizer:"Bom trabalho". Ser reconhecido por ela é ótimo, já que superá-la tornou-se o maior objetivo de sua vida, desde que viu o jeito como ela lutou contra Kazu.

Depois de passar por muitas coisas, Haru finalmente põe as mãos no talismã da terra! No entanto, ainda faltam dois e ciente de que ainda terá muito trabalho, ele decide voltar pra casa para se alimentar e recuperar as energias!!

Fim do sétimo capítulo.

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8: "Novos" inimigos se envolvem na caçada!

Depois de várias horas nadando para cima, ele, enfim, foi capaz de enxergá-la: a tão almejada superfície. Justo quando suas forças já estavam próximas do findar, quando seus braços doíam e causavam-lhe câimbras, o momento de emergir chegou.

Pela primeira vez no dia, a sorte sorrira para o pequeno Haru. O garoto sorriu sem forças, nadando com mais vontade rumo aonde ele finalmente pudesse encher os pulmões de oxigênio, não que isso lhe estivesse faltando, um fato curioso que lhe causou muito espanto.

Splash!

Por fim emergira. Chacoalhou a cabeça molhada de modo rápido e bastante semelhante ao que um cãozinho faz, após um banho. Ele sorriu e levou a mão com a qual segurava o talismã até a altura de seu rosto.

— Finalmente te peguei, hahah!— O entusiasmo por tê-lo pego foi tamanho, que nem chegou a notar de imediato que já anoitecera. O seu estômago roncou como o motor de um carro, o que fez com que ele acordasse para a vida e enfim notasse que a noite já chegara. — Essa não, já anoiteceu! E com a fome e o cansaço que eu tô, não vou conseguir chegar lá a tempo de jantar e a Kin vai me matar!

O baixinho pensou em um modo de sair da água, quando algo deveras inesperado lhe aconteceu. Tudo o que viu passar a sua frente foi um vulto e o pouco que foi capaz de sentir, foi um momentâneo e pequeno rastro de poder passar por ele.

Já não sentia mais o talismã que estava na palma de sua mão. Ele olhou para se certificar de ainda tê-lo em sua posse, foi quando o drama de não possuí-lo mais começou.

— Argh, não pode ser!— Haru entrou em desespero.— Eu devo ter deixado ele cair na água, só pode ser...— Ele se auto-interrompeu após ser capaz de senti-la se afastar dali a uma incrível velocidade.

Captou a energia de um ser vivo, com certeza não era humano. Focando o pouco de força que lhe restava nas pernas, Haru tomou impulso para um salto, e passados alguns segundos, ele o efetuou.

A violência com a qual saíra da água foi tamanha, que espirrou-a por toda a parte e edificou grandes ondas, movendo todo o oceano. O pequeno Haru se lançou ao horizonte, voando em direção retilínea.

A gravidade atraiu-o para a superfície aquática, que pela rapidez com a qual as pernas dele se movimentavam, tornara-se plana e dura, em pouco tempo ele foi capaz de avistar o mal-feitor que lhe roubara.

O rapaz tinha o tom de pele esverdeado com manchas amarelas, cabelos louros penteados em um moicano e as laterais raspadas, e olhos avermelhados, possuía garras e presas afiadas; trajava uma calça preta e tinha presa em sua cintura uma cinta preta com duas siglas escritas em dourado.

O seu objetivo era claro: chegar à civilização, e Haru, como o esperado, estava em seu encalço, correndo de forma espalhafatosa e célere sobre as águas. O seu olhar desafiante pairava sobre o ladrão que cortava os céus, confiante de que chegaria a seu objetivo.

Não enquanto eu estiver aqui!

Haru estendeu seu braço pro lado, abriu a palma da mão, reuniu o pouco de chikara que conseguira colher e que as suas condições atuais lhe permitiam na palma da mão, concentrando-as em um único poder de formato esférico envolto por labaredas de fogo.

Se preparou para lançá-la contra seu inimigo, quando a técnica se apagou. Haru não entendeu de início, mas a tonteira que sentiu e o cansaço extremo que sentia o fizeram compreender o porque de sua técnica ter falhado.

— Desapareça da minha frente, inseto maldito!— Foram estas as palavras proferidas pelo bandido, momentos antes de o mesmo lhe lançar uma técnica do tipo vento.

A distância e os seus reflexos que foram abalados pela fome que sentia o prejudicaram no instante em que ele devia desviar da mesma, ele acabou sendo atingido de frente pela técnica e atirado para trás. O pequenino se desequilibrou e caiu de costas sobre a água.

Parte de sua camisa foi desintegrada pelo ataque e ele afundou. Já mais determinado a pará-lo, ele saltou como uma bala de canhão e, mais uma vez, se viu caçando-o como antes.

— Pensei que tivesse lhe matado com esse ataque!— Esbravejou o extraterrestre, lançando-lhe o seu mais gélido olhar.— Suma!— E lhe disparou mais uma lufada de ar, porém, o baixinho foi mais ágil dessa vez e se esquivou do ataque, movendo-se para a sua esquerda, o lado oposto para o qual a técnica foi atirada.

Mais disparos suscetivos semelhantes a aquele foram desferidos contra o nanico, que habilmente se movia em zigue-zague e saía da direção dos ataques. Seu oponente logicamente se irritou por não ser capaz de atingi-lo e tirá-lo de seu caminho, mas se acalmou quando percebeu que já estava perto do continente.

Notar a calmaria de seu adversário deixou Haru em alerta sobre os seus possíveis planos.

— Você não vai fugir de mim!— Haru fundiu os seus punhos, deu um salto em direção a ele e desferiu o golpe, quando se viu acima do mesmo.

No exato momento em que o golpe fora efetuado, seu inimigo se salvou de ser atingido ao instantaneamente se lançar para frente, o deixando ali para atingir as águas.

Ondas de vários metros de alturas foram levantadas e a água foi expelida por toda a parte. Uma fenda imensa foi aberta no oceano e o garotinho mergulhou novamente, porém imediatamente emergiu e em seguida reiniciou a perseguição, desvencilhando-se das ondas.

Já em terra firme, o alienígena sorria confiante de seu triunfo.

Não via mais sinais de seu pequeno empecilho, conseguira enfim o talismã, tudo o que faltava-lhe agora era chegar à sua nave para ir embora daquele maldito planeta.

Alçou voo atingindo as maiores alturas, de onde estava, ele fazia uma vistoria pela área, a fim de localizar a nave com a qual chegara ao planeta Terra. A avistou e imediatamente se dirigiu à mesma, não levando mais que alguns segundos para pousar de frente para ela.

A espaçonave não era grande, porém era confortante, ao menos o bastante para uma viagem espacial. Sua cor era azul-marinha, tinha duas enormes antenas em sua parte superior, um par de janelas em sua área frontal e dois apoios em sua região inferior, que lhe permitira ficar de pé.

Ele sorriu e retirou do bolso de trás da calça um controle remoto.

— Finalmente vou deixar esse planetinha de merda!— Exclamou animado, apontando o pequeno controle branco para um dos vários mecanismos da nave. Esbugalhou os olhos ao notar a presença dele, sorriu e olhou pelos cantos dos olhos.— Você não desiste mesmo, né?

— Eu já falei que não vou deixar você ir com o meu talismã!— Há alguma coisa diferente com Haru, isso era notável. De sua testa descia um suor congelado, suas mãos e joelhos tremiam freneticamente, além da palidez que tomara seu rosto.— Me entrega ele agora!— Ordenou-o, apontando-lhe o dedo indicador.

— E o que acontecerá se eu não entregar?— Provocar o inimigo em batalha era um feitio clássico dos samurais do alto escalão da tão famosa pela galáxia organização White Volcano.

— Eu vou tirar a força!— Haru estava no limite de sua paciência e aquele ser a estava testando. Segurava-se para não atacá-lo naquele exato instante em um momento de pura fúria, temia destruir o talismã — Me dá ele!

— Hahahahah!!!— O extraterrestre riu na cara de Haru, irritando-o ainda mais. Virou-se de frente para ele, com uma das mãos sobre a cintura.— Não me faça rir! Quer me convencer de que um fedelho de um planetinha medíocre como esse irá derrotar a mim, um samurai da elite do White Volcano!?

— O quê, White Volcano!? — Haru puxou na memória e logo foi se lembrou de onde havia escutado aquele nome. Recordou-se de que quando tinha apenas dez anos, derrotou toda a organização com a ajuda de Sora e Sachi. — Não me interessa de que planeta você veio, me devolve o talismã agora ou eu acabo com você!

— Pois se quiser esse talismã, terá que primeiro fazer isso.— O dominador de vento tinha plena convicção de sua superioridade sobre o seu inimigo.— Mas antes, deixe-me alertá-lo de uma coisa. Nós, os samurais da elite da organização White Volcano possuímos poder o suficiente para fazer sumir em um instante esse planeta que vocês chamam de Terra da face do universo.

— Isso não me interessa!— Guiado pelo calor do momento, Haru investiu contra ele com sua velocidade elevada ao máximo.

O ladrão observava-o parado voar em sua direção, sem mover-se um milímetro. Ele cruzou os braços enquanto esperava-o chegar, e se agachou, desviando do soco desferido por Haru. O movimento que veio a seguir foi uma canelada.

O visitante do planeta usou apenas o braço direito para bloquear o golpe, acertando-o em cheio no estômago, como um contra-ataque imediato. Desnorteado pelo golpe que levara, ao voltar ao chão, Haru recuou com a mão sobre o estômago, limpando a gota de sangue que lhe escorria o canto da boca.

Uma segunda investida foi efetuada pelo baixinho, que saltou uns poucos centímetros do chão e lhe desferiu uma joelhada na lateral na direção do rosto. Seu inimigo desviou facilmente e se pôs de pé bem há tempo de avistar uma brecha no garoto que lhe dera as costas após o golpe.

O alienígena retraiu a perna e o acertou com todas as forças nas costas, lançando-o contra o chão. Ele lentamente se encaminhou ao garotinho caído, acertando-o nas costelas com incontáveis chutes um seguido do outro.

Apoiou todo o peso de seu corpo na perna direita e em seguida o liberou, pisando as costas de Haru que apenas resistia indefeso. O E.T sacou uma espada e a ergueu no ar.

— Bah, você não passa de um vermizinho irritante. Com o seu nível de luta, você não é nem de longe um empecilho no caminho da White Volcano.— Atravessou de leve a carne dele com a sua espada, observando o seu sangue correr por suas costas.— Antes de matá-lo, vou lhe dizer aonde estaremos reunindo os talismãs, para que você se sinta um fracassado ao perceber quão perto esteve de alcançar o seu objetivo, enquanto agoniza!

— D-Do que você...t-tá falando...?!— Haru tentava se levantar mas não lhe restava mais forças. Se antes de ser golpeado de modo tão cruel já estava fraco, agora é que sua situação piorou, mas se sentiu interessado no assunto em que ele tocara.

— Toda a divisão mais poderosa dos White Volcano está reunida no planeta luminoso Big Bright, que se localiza a três dias-luz daqui. Lá se encontram os outros dois talismãs restantes, me disseram para vir aqui buscar o da terra porque um de nossos samurais o esqueceu. O nosso objetivo é reunir os três, para podermos dominar a Via Láctea! — Explicou-lhe. O espanto era visível na face de Haru. — Até nunca!

E atravessou-lhe as costas com a lâmina, transpassando-lhe o coração com a mesma. Após ficar a espada no peito do garoto e vê-lo perecer, ele soltou uma breve risada e se dirigiu à nave, dando uma continuidade ao que fazia antes da chegada do garoto.

Após pressionar um dos botões do pequeno controle remoto, abriu-se a comporta superior da nave espacial. Em um único salto ele adentrou a nave, fechou a comporta e a ativou.

A nave se ergueu a 2 metros do chão exalando vapor sobre o mesmo. Em somente um instante ele se viu fora da estratosfera, dirigindo-se aos confins do universo.

Haru podia sentir o calor e a vida abandonar o seu corpo, que se esfriava rapidamente. A consciência também o estava deixando, ele se sentia cada vez mais fraco. Sua visão acompanhava os sintomas da morte, tornando-se cada vez mais turva.

O baixinho já não sentia mais o corpo, por mais que tentasse, ele não era capaz de se mover. Tudo o que fazia era vomitar sangue, uma ação praticamente involuntária. Um sorriso falho se abriu na face do baixinho, que lutava para manter os olhos abertos.

— A-Ach...Acho que...q-que e-esse é o...é o meu...fim...— Haru já havia aceitado o seu destino e se entregado ao mesmo.

Com o pouco um minuto inteiro que lhe restara de vida, o nanico perdeu a consciência, desmaiando sobre aquele chão frio. As ventanias uivaram na região, esvoaçando seus cabelos e roupas.

Sora largou a montanha que carregava sobre o chão, liberando de suas costas toda a carga que levava desde que saíra pela manhã. Ele suava devido a exaustão, possuía arranhões e manchas de poeira espalhadas pelo peito nu.

A única calça branca que usava tornara-se preta, devido a sujeira que a impregnara. O jovem de cabelos brancos-azulados depositou todo o peso de seu corpo nas pernas, deixando-se cair para trás, enquanto a ofegação não lhe deixava.

— Nunca pensei que...me cansaria tanto...— Declarou entre as arfagens. Respirar havia tornado-se uma tarefa deveras complicada. E com dificuldades ele se pôs de pé.— Acho que...que já é hora de...de voltar pra casa...

Se preparou para usar a técnica de teletransporte que aprendera com Sachi, quando captou uma energia vital muito fraca e que caía cada vez mais conforme os segundos se passavam, próxima aquelas extremidades.

A fim de investigar, ele se teletransportou para lá. A sua presença se materializou de frente para o garoto que agora não possuía mais que um minuto de vida.

— Haru?— Era difícil de acreditar. Jamais pensou que o acharia ali, em um lugar como aquele a beira da morte.— Haru!— Sora correu até ele, o ergueu, jogou-o sobre as costas e invocou o relâmpago de sua técnica de teletransporte que os consumiu, retirando-os dali.

Não podia perder tempo, se quiser salvá-lo terá que agir rápido e Sora sabia disso, justamente por sabê-lo ele se deslocou para dentro da casa em que agora morava com Yue, Sachi, Naomi e com a avó da mesma.

Chegou de surpresa na sala de estar, aonde se encontravam Yue e Naomi, sentadas no sofá conversando distraidamente.

— Que susto!— Yue fora pega de surpresa.— Como é que você chega assim aqui?!

— Aconteceu alguma coisa?— Ambas olhavam para Sora que, devido a ter encontrado os limites de sua força momentos mais cedo, já não conseguia mais suportar o peso de seu próprio corpo e o do garoto que tinha nos braços.

— Não tenho tempo pra...pra explicar...!— Revelou quem tinha nos braços e o estado que se encontrava, ao cair de joelhos frente às duas.

— Haru!— Ambas exclamaram em uníssono.

Yue tirou proveito da força sobre-humana que ainda tinha, pegou Haru em seus braços e o deixou com cuidado sobre o sofá, de bruços. Retirou cuidadosamente a espada que atravessava o peito do garoto e a jogou sobre o chão.

Estava nervosa, não sabia o que fazer. Pôs o ouvido sobre o seu peito, checando seus batimentos.

— A-Ah não, n-não...!— Entrou em desespero ao constatar que ele estava morrendo.— O Haru...ele v-vai...!— Seus olhos marejaram-se.

— Procurem pela Sachi, eu vou mantê-lo vivo até que vocês a encontrem!— Ordenou Sora, já totalmente revigorado devido à sua habilidade especial.

As duas o obedeceram e entraram em cada canto da casa em busca da Yousei. Sora carregou a palma das mãos com a sua energia elétrica e tocou-lhe no peito. Funcionava como um desfibrilador e ele sabia disso antes de testar.

A cada descarga que era enviada ao coração do menino, o seu peito estufava grandemente. Sora pôs os ouvidos sobre o peito dele. Sim, estava funcionando. Mas isso não iria salvar a vida dele, apenas o mantinha vivo e isso por pouco tempo.

— Yue!Naomi! Venham rápido!— Suplicava em desespero.

Ambas saíram dos cômodos em que se encontravam, mas sem a companhia da Yousei. Correram até o sofá aonde o pequeno Haru agonizava.

— Não a encontramos em parte alguma!— Não pode ser, aonde ela estaria nesse momento?! Foi o que Yue se perguntou, ao informá-lo sobre a ausência dela.

— E o que nós vamos fazer?! Isso aqui não irá mantê-lo vivo por mais muito tempo!— Afirmou, após carregar o coração de Haru com mais uma descarga elétrica.

— Eu já sei, acho que eu posso salvá-lo!— Yue sorriu ao cogitar uma hipótese de sobrevivência para o seu irmão de consideração.— A Sachi...e-ela...ela estava me ensinando a vitalizar o meu chikara. No começo eu não me saí muito bem, mas acho que...que vale a pena tentar!

— Então tente de uma vez, ele não tem muito mais do que trinta segundos de vida!— Sora saiu de seu caminho se movendo pro lado após informá-la sobre isso.

Yue deixou de ser uma guerreira samurai, mas ainda se lembrava passo-a-passo de como recolher as energias necessárias para formar o Chikara. Ela os efetuou e concentrou todas as forças reunidas na palma das mãos.

Naomi rasgou o pouco que restava da camisa de Haru, deixando exposta a ferida sobre o peitoral dele. Yue pôs as mãos sobre ela e direcionou todo o seu Chikara para o profundo machucado que estava prestes a lhe ceifar a vida.

A ex-guerreira de Áries debulhava-se em lágrimas. Só a ideia de perdê-lo já fazia uma dor excruciante lhe subir o peito, isso porque o amava e cuidava dele como se ele fosse seu irmão mais novo. Haru esteve consigo desde sempre, vê-lo morrer estava fora de cogitação.

Ela engoliu o choro e dedicou-se ao máximo em salvá-lo. Devido ao tempo que ficara sem usar chikara, controlá-lo ficou mais difícil do que nunca. A energia roxa que ela irradiava saía falha e "tremida", mas o que mais a deixava nervosa era o fato de não estar surtindo efeito algum.

O nervosismo e o medo aumentaram.

— Aguenta firme! Por favor!— Yue proferira entre os soluços de seu choro.— N-Não morra!Não ouse me deixar!

— Yue...— Sora e impressionou com o carinho que ela tinha por ele, é a primeira vez que a vê demonstrar com tanta intensidade. Ele a tocou no ombro, dando-lhe mais energias.

Ela o olhou como resposta, mas logo depois continuou com o que fazia. A sua determinação em salvá-lo aumentou muito mais. Isso lhe trouxe recordações da época em que batalhava, a fazendo lembrar também de como usar o chikara com perfeição.

Como resultado, a ferida no peito dele começou a se fechar. Ela lentamente se fechava, em poucos segundos já não havia mais nada. Sem nenhum resquício de força pelo corpo, Yue caiu para trás com um sorriso no canto dos lábios mas, graças a Sora que a segurou no momento exato, ela não sofreu uma queda.

Yue caiu em seus braços. Ele a olhava sorridente enquanto ela, com os olhos semi-cerrados, olhava no fundo dos olhos dele. Forçou um sorriso.

— Conseguimos.— O raishin sentia-se orgulhoso por ter ajudado o amigo, mas a felicidade por vê-la sorrir tão feliz era quase tão forte quanto.

— Ai...eu tô morrendo de fome.— Foram as primeiras palavras proferidas por Haru, após ter sido salvo da morte. Ele coçava os olhos enquanto se sentava sobre o sofá.

— Haru-chan!— Naomi o abraçou com todas as forças. Também estava muito feliz por vê-lo bem.

— Haru!— Após ter suas forças revigoradas por Sora, Yue saltou em cima dele, abraçando-o com a mesma ou mais ternura que Naomi — Graças à Kami, você está vivo!

Haru de início não compreendeu a situação e o porquê de tantos abraços, mas um rápido flash de memórias brilharam e sua mente, o fazendo ter plena consciência de tudo o que lhe aconteceu nas últimas horas, naturalmente também lhe fazendo entender o porquê de tudo aquilo.

Haru estava à beira da morte quando por sorte, Sora, que terminava de dar uma volta completa ao mundo, o encontra, o leva pra casa e, contando com a ajuda de Yue, consegue salvar a vida dele. No entanto, o inimigo misterioso que o deixou assim provavelmente já deixou o sistema solar e se dirige ao seu líder. Qual será o destino dos talismãs agora que inimigos tão fortes se envolveram na busca!? Será Haru capaz de recuperá-los e salvar a galáxia de inimigos tão maldosos?!

Fim do oitavo capítulo.

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9: Deixe-me ir à Big Bright!


Haru era alvo dos calorosos abraços de suas melhores amigas enquanto, lentamente, assimilava tudo o que aconteceu. As duas choravam desenfreadamente em seu peito, emocionadas por vê-lo bem.

Mesmo depois de todo o tempo que passaram sem se ver e sem se falar, o carinho que elas sentiam por ele não havia diminuído nem um pouco, isso era visível.

Notavelmente atordoado, o garoto coçava a nuca com seu único braço livre. Haru olhou para baixo, finalmente reparando nas meninas que choravam de maneira frenética sobre os seus ombros.

— Não chorem meninas, eu já tô bem.— Enquanto falava, Haru olhava tudo a sua volta, perguntando-se como havia ido parar ali bem a tempo de ser salvo. Notou a presença de Sora, que observava-os sentado no centro da sala.— Como é que eu vim parar aqui?

— Eu te trouxe pra cá com a minha técnica de teletransporte e aí nós o salvamos. A sua sorte foi que eu estava passando por lá no fim do meu treinamento, nanico.— Sora explicou, também se perguntando de onde ele havia tirado tanta sorte. Talvez seja obra do destino, já que como Sachi lhes havia contado certa vez, ele ainda faria grandes coisas, tanto pela humanidade quanto por todos os outros seres que habitam o universo.

— Ah é, foi sorte mesmo, eu ainda me lembro de ter sido furado pela espada daquele cara bem no coração, hahah!— Haru concordou sorridente, ele tinha toda razão, teve uma baita sorte.

— E você ainda ri?!— Yue exclamou irritada com a atitude dele, lhe socando a cabeça.

— Ai!— Protestou o baixinho, pondo as mãos na região golpeada pela irmã mais velha.— Essa doeu pra valer, por que você fez isso?!

— Pra você deixar de ser desleixado com sua própria vida!— Lhe disse cruzando os braços emburrada, em resposta à sua pergunta.

— Eu só me lembro de ter ficado com muita raiva porque aquele cara tava me provocando, ataquei sem pensar e perdi a luta porque tava com fome e sem energias.— Explicou com a mão sobre a cabeça e o olhar distante, sua expressão deixava claro que ele havia acabado de se lembrar de tudo isso.

— Ele fez bastante estragos em você.— Sora se mostrava muito interessado em saber mais sobre o assunto. Ele se pôs de pé e parou ao lado dele.— A propósito, quem era esse cara?

— Eu não me lembro direito da cara dele, mas com certeza não era humano. Acho que ele era de outro planeta, ele também me disse que ele e o grupo dele estão em um planeta muito longe daqui, que se chama Big Bright. — Enquanto lhe contava sobre, Haru puxava em sua memória mais recordações sobre o misterioso guerreiro.

As revelações do garotinho haviam deixado a todos curiosos, no entanto, Sora, parecia mais interessado em algo, e matutava sozinho.

— Grupo...?— Ele pensou em voz alta.

— Eu acabei me esquecendo de que você conhece eles, você não se lembra de quando a gente era mais novo e derrotamos aqueles caras? Como é que se chamavam mesmo...?— A cabeça de Haru doía toda vez que ele tentava se lembrar de alguma coisa.— Os White...Ah, eu não consigo me lembrar!

— Quer dizer os "White Volcano"?— O espanto de Sora foi bem grande, mas o das meninas pareceu ainda maior, já que nenhuma das duas faziam a menor ideia do que ele falava. Haru assentiu, fazendo aumentar ainda mais a surpresa de Sora. — Não pode ser! Eu pensei que nós tivéssemos acabado com eles aquela vez!

— Eu também pensei isso, mas pelo que aquele homem estranho me disse, há mais deles espalhados pela galáxia e eles são muito mais poderosos e malvados do que os que a gente derrotou aquela vez!— O mau pressentimento que o baixinho sentia conseguia superar muito a excitação por voltar a enfrentar inimigos realmente poderosos que o obrigavam a usar todas as forças, para vencer.

— Não posso dizer que não estou animado com isso, mas...— Sora novamente pensava em voz alta.— Se teoricamente cada grupo se localiza em um planeta diferente, o que um deles estava fazendo na Terra?

— Ele me disse que veio aqui pra recuperar o talismã da terra do conselheiro. O seu plano é levar ele pra esse planeta, juntar todos os três que estão perdidos e usar eles pra dominar a Via Láctea!

Sora sorriu, cruzou os braços e disse, enquanto lentamente se dirigia ao quarto:

— Muitas batalhas interessantes estão por vir.— ele arrastou as cortinhas do quarto com a mão — Eu não vou ficar de fora dessa, e como eu costumava dizer quando era mais novo: vai ser eletrizante!— e sorriu, finalmente adentrando o cômodo.

— Esse Sora...! Não amadureceu nem um pouco, continua vendo as batalhas como uma diversão!— Esse jeito de ser do raishin irritava a amável e pacífica Yue, que exclamou dizendo, pondo-se de pé com o apoio do sofá, enquanto enxugava as lágrimas.

— O que você vai fazer agora, Haru-kun? — Naomi perguntara, pois, graças à Sora, ficou sabendo sobre o objetivo de Haru.

— Vou dar um jeito de recuperar os talismãs, prometi pra Kin que não vou falhar nessa missão e vou cumprir a minha promessa!— Dito isto, ele se levantou determinado.

— Não seja bobo, está mesmo pensando em continuar caçando o talismã com tanta gente perigosa atrás dele?!— Yue não entendia o porque da persistência dele. Se já havia sido derrotado e deixado a beira da morte, que sentido há em ir atrás da pessoa que fez isso de novo?

— Não se preocupa comigo — Haru pulou o sofá e se pôs de pé, se exercitando com um sorriso no rosto — eu só fui derrotado assim porque tava sem energias e com muita fome, posso garantir que da próxima vez não vou perder tão fácil.

— E o que você pensa em fazer?! Você mesmo disse que eles estão em outro planeta!— Retrucou, ainda confusa pela atitude dele.

— Eu vou ir atrás deles, ué. — Foi tudo o que Haru disse, mais uma vez, a deixando atônita.— Ele também me disse que esse planeta fica a três dias-luz daqui, o que significa que voando na velocidade da luz eu vou chegar lá em três dias. Se eu voar com toda a minha velocidade, com certeza vou chegar lá bem antes dele!— Sua barriga roncou novamente.— Mas eu ainda tô morrendo de fome, no meu estado atual eu não mataria nem uma mosca, hahah!

As duas ficaram boquiabertas diante da atitude dele. Haru tinha o péssimo hábito de sorrir nos piores momentos possíveis, tanto para ele mesmo, quanto para as outras pessoas.

Olharam-no se dirigir à porta.

— Você não está pensando em sair voando pelo espaço agora... ou está?— Yue esperava que a resposta à sua pergunta fosse "não".

— Eu vou comer alguma coisa antes de sair.— Invocou suas asas, andou até o portão, o abriu e depois se preparou para alçar voo, surpreendendo-se com um fato.— Eu posso sentir, as minhas forças voltaram pra mim! Deve ter sido o Sora quem fez isso.— Haru olhou para Naomi e Yue, que o observavam estarrecidas. Sorriu para elas e acenou sorridente, segundos antes de sair voando.— Tchau, a gente se vê!

— Nunca ouvi tanta loucura na minha vida.— Yue ainda não era capaz de acreditar em tudo o que ele lhe contara, pensar que, por aí, existiam pessoas com o nível de poder parecido com o de Kin que se se dispusesse poderia até mesmo destruir uma galáxia inteira com um único golpe, era, de fato, ilógico.

— O Haru-kun...vai ficar bem?— Naomi também estava bastante preocupada com o amigo.

— Espero que sim.— Falou enquanto se dirigia ao portão, a fim de fechá-lo.

Enquanto se dirigia ao Reino de Áries a voo, Haru tirou proveito do tempo para pensar em seus próximos movimentos. Claro que não irá desistir dos talismãs, irá recuperá-los de uma forma ou de outra.

Além da promessa que fizera à Kin, o que o instigava a continuar com aquilo era pensar que terá que deixar a Terra para obter êxito na caçada, algo que nunca antes havia feito ou pensado em fazer.

Aquilo atiçou a sua curiosidade. Imaginava se seria capaz de ficar vivo no vácuo aonde não havia oxigênio, mas depois de se lembrar de que, mais cedo, passou horas e horas debaixo d'água, deduziu que a falta de oxigênio não seria um empecilho.

Lembrar-se de que seria o primeiro terráqueo a visitar tal mundo o fez sorrir. Haru deitou-se de barriga pra cima sem frear o voo, levou a mão até o queixo e começou a coçá-lo, pensativo.

— A velocidade da luz no vácuo é igual a 299.792.458 metros por segundo, e mesmo se eu for voando tão rápido vou levar uns três dias pra chegar lá.— Pensar melhor nisto o fez ver que as coisas não seriam tão fáceis.— Eu vou ficar com fome. E se eu tiver vontade de ir ao banheiro ou de beber água? Ah é, agora me lembro daquelas tais maçãs milagrosas que a mãe da Kin me disse que tava cultivando! Elas com certeza serão de grande ajuda!

E aumentou brutalmente a velocidade de voo, entrando no Reino de Áries em um instante. Devido ao horário, ele se dirigiu diretamente a casa dos pais da jovem líder, que por culpa das circunstâncias, foram forçados a se mudar pra lá.

Ele pousou na rua da casa e pôs a mão no bolso de trás de sua calça, procurando pelas chaves.

— Esqueci que deixei as minhas roupas lá no fundo do mar, essas aqui são emprestadas!— Haru entrou em desespero.— Agora não vou poder entrar escondido sem a Kin me ver, ela com certeza vai acabar com a minha raça!

— Chegando tarde de novo?!— Haru conhecia muito bem aquela voz imponente e o seu jeito de falar. Era Kin.— Quantas vezes eu vou ter que te dizer pra não se atrasar pro jantar!?

— M-M-Me desculpa, é que eu tive um contratempo, é que justo quando eu tava voltando pra casa um alienígena me atacou, é sério!— Tentou se explicar, mas estava nervoso demais.

— Acho que já faço uma ideia do que aconteceu — ela andou com calma, dirigindo-se ao portão. Pôs a chave na fechadura, girou e o abriu.— Então o culpado daquele desastre mais cedo foi você? Tem ideia do que fez?!

— Isso foi um acidente, eu posso explicar!— Argumentou ele, entrando em casa.

— Eu tenho certeza que pode e vai ter que ser uma explicação muito boa pra me convencer a não estourar os seus pulmões! — Disse-lhe, agressiva e intimidadora como sempre.

Enquanto jantava, Haru explicava a ela detalhadamente tudo o que lhe aconteceu mais cedo. Contou pra ela que esteve bem perto da morte e que foi salvo por Sora, contou sobre a descoberta que fez sobre o mundo submarino e sua viagem por ele...

Era tudo muito fantasioso para Kin, mas ela já havia visto tantas coisas nesse mundo, que já não duvidava de mais nada. Por exemplo, ela jamais imaginou que algum dia seria capaz de voar pelo espaço em velocidades superiores às da luz, combater um inimigo que sobrevive mesmo que seja reduzido a puro átomo e salvar o mundo.

Mas o que aguçou a sua curiosidade, foi os inimigos dos quais ele lhe falou. Haru contou à ela que os outros dois talismãs não estavam na Terra, mas sim em outro planeta, aonde um grupo terrorista que causa grande rebuliço pela Via Láctea as estão reunindo.

O que mais a impressionou, foi o fato de Haru estar querendo ir, deixar a Terra para continuar caçando-as.

— Você não vai deixar o planeta pra ir atrás dessas pessoas, por acaso ficou maluco!?— Mas é claro que não o deixaria ir.

— O quê? Por quê?!— Ele realmente não entendia o porquê disso e queria saber.

— Eu preciso mesmo dizer? É perigoso demais!— Respondeu.— Além de serem adversários do tipo que você nunca nem sonhou em enfrentar, o espaço sideral é cheio de perigos.

— M-Mas...!!— Ele tentou contra-argumentar.

— Nada de "mas". Hayate me pediu pra cuidar de você até que ele volte de viagem, além de tudo, eu sou a líder do Reino de Áries e a minha resposta pra isso é não.— Explicou mais detalhadamente.

— Não é justo!— Exclamou emburrado, mas mudou de atitude depois de receber um olhar carrancudo dela.

— A Kin-chan tem razão, baixinho.— O pai de Kin se envolveu, em concordância com a filha.— Isso pode acabar ficando perigoso de verdade, eles são diferentes de tudo o que você já enfrentou.

— Isso não tem nada a ver, vocês dois estão exagerando.— A senhora Kaminari que até então apenas ouvia, também resolveu se envolver.— Acho que não tem nada demais, imagina as aventuras que o esperam lá?

— Mamãe!— Kin a repreendeu.

— É disso que eu tô falando!— Haru concordou, pondo o prato de metal sobre a mesa.— E além do mais eles não são desconhecidos, eu já enfrentei eles uma vez quando tinha dez anos e derrotei todos eles com a ajuda do Sora e da Sachi.

— Mas pelo que você me contou, esses eram diferentes, porque eles eram daqui da Terra!— Kin contra-argumentou.— Se o objetivo deles é dominar a galáxia, isso com certeza é demais pra você, por isso, a minha resposta ainda é não.

— Não seja tão estressada, Kin-chan, você precisa relaxar um pouco.— Sua mãe havia notado que o seu comportamento mudou, ela estava mais estressada do que o normal, desde a partida de Arashi — Você está assim porque não vê o retalhador bonitinho há quase três anos, né? — Tentou sussurrar próxima ao ouvido dela, mas todos ali haviam escutado, e riam dela.

— Mamãe!— Repreendeu-a, com o rosto ruborizado.— I-Isso não tem nada a ver com o Arashi, eu s-só estou assim porque...por causa de todo o trabalho que tenho tido, só isso!— Ela começou a recolher os talheres e os pratos que estavam sobre a mesa. Olhou pra Haru, após terminar de fazê-lo.— E a minha resposta ainda é não!

— Espera filha, tem muita louça, eu te ajudo a limpar.— O seu pai se ofereceu para ajudá-la, levantando-se com um prato em mãos e a seguindo, logo depois.

— Droga, não é justo, eu queria muito ir!— Haru resmungava bem baixinho, falando consigo mesmo.

A senhora Kaminari que ouvia os murmúrios do garoto. Ela sabia que a filha não agiria daquela forma normalmente, mesmo que ela não estivesse querendo admitir, a partida de Arashi havia mexido com ela, ela estava sofrendo com a ausência do seu amor.

Não podia deixar que ela cometesse a injustiça de impedir Haru de ir concluir uma coisa na qual trabalhara praticamente o dia inteiro, ele sem dúvidas se esforçou muito pra isso, isso era visível pelo modo como ele entrou ali; roupas rasgadas, sujas e totalmente diferentes das que ele saíra, de manhã.

Ela andou até ele.

— Não se preocupe Haruzinho, eu vou pensar em um jeito para que você vá a esse planeta.— Sussurrou pra ele, que a olhou animado.

— Sério?— Ela assentiu sorridente.— Puxa vida, obrigado! Você... quero dizer, a senhora é mesmo muito legal e gentil, diferente da Kin...

— Ora, não diga isso, ela não é tão chata assim. Só está meio aborrecida porque não vê o Arashi há muito tempo. Quando ele voltar, posso garantir que esse mau-humor vai acabar.— Explicou-lhe.— Mas não se preocupe, vou fazer com que você vá a viagem, já tenho um plano.

— E qual é?— Perguntou, interessado.

— Vá tomar um banho, trocar de roupas e depois eu te conto.— Pediu.

— Pode deixar!— Ele pulou a cadeira e correu para o quarto em que estava hospedado, para pegar roupas limpas pra tomar banho.

Depois de reunir suas roupas — especialmente bordadas a mão pela avó de Naomi — ele retirou as que vestia, chutando-as para um canto qualquer, no fim, ficando apenas de cueca. Correu animado para o banheiro, abriu a porta e entrou, batendo-a. Pensar nos inimigos que teria que enfrentar, o entusiasmara ainda mais. Todos vocês, podem esperar por mim, não vou deixar que vocês cumpram o seu objetivo!

Depois de escapar da morte, Haru se ergue com o seu mais novo objetivo em mente: chegar à Big Bright! Porém, Kin decide não permitir que ele vá, por achar muito perigoso. A esperança renasce quando a senhora Kaminari diz estar disposta a ajudá-lo, mas, como eles farão para enganar a Kin, que está disposta a não deixá-lo ir? Que tipo de perigos o aguardarão nesse planeta tão misterioso?!

Fim do nono capítulo.

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10: A ameaça de Kikuchi!

Um excruciante calor punia severamente o planeta rochoso de cor dourada, com tamanho e forma tenebrosas, de tão colossal que ele era. O gigantesco corpo arredondado era circundado por dois anéis alaranjados, o astro girava solo pelo cosmos.

A sua atmosfera possuía o tom de cor avermelhado e, o que o diferia totalmente dos demais mundos da Via Láctea, era o fato de não orbitar nenhum astro, estava definitivamente desacompanhado na imensidão.

O interior daquele mundo era composto por montes gigantescos de areia assim como o chão, que era banhado pelo mesmo material. Correntes de ar eram regidas constantemente, formando de modo contínuo as tão temidas e devastadoras tempestades de areia.

Tal lugar não parecia ser uma boa moradia. O número de tribos e vilarejos que o povoavam era demasiadamente pífio, ainda mais, se considerar o tamanho que possuía o planeta, que parecia emitir a sua própria luz.

As ruas dos poucos vilarejos populados mostravam-se desertas, não havia um ser sequer perambulando por ali. Raros eram os que se mostravam corajosos o bastante para vistoriar a região da janela. Os habitantes daquele mundo não eram tão diferentes dos terrícolas.

Suas características mais notáveis era o par de antenas que cada um continha na testa e o tom de pele amarelado, o estilo de se vestir também os diferia dos seres humanos; os machos da espécie vestiam longas túnicas de diferentes cores que lhes desciam até os pés e, em torno do pescoço, um lenço acinzentado.

As fêmeas trajavam roupas semelhantes, porém sem mangas e não tão volumosas, suas vestes desciam até os tornozelos e em suas cinturas haviam aberturas, além de ser mais coloridas. Nenhuma das casas eram perceptivelmente grandes.

Uma única torre atraía toda a atenção para si naquele lugar, tudo graças à seu colossal tamanho. Sua estatura era tão impressionante que ela por pouco não atingia a estratosfera. O seu decorrer constituía em incontáveis janelas abertas, permitindo a passagem dos ventos.

Seu interior era exageradamente luxuoso, o cenário medieval possuía várias lâmpadas em seu teto, quadros artísticos enfeitavam as paredes, além dos jarros de porcelana que adornavam as estantes, em seu corredor há um longo tapete vermelho que encontrava seus limites na porta de uma sala.

Porta esta que, nesse momento, era tocada por um ser que não parecia pertencer a aquele mundo. Sua pele tinha coloração azul clara e muitas manchas rosadas eram encontradas por todo o seu corpo. Sua cabeça era como a de um Velociraptor e as suas mãos continham apenas três dedos.

Suas vestes consistiam em armaduras samurais prateadas, um grande logo dourado com as siglas "W.V" enfeitavam o peitoral, uma única espada estava em suas costas. Ele suava sem parar, arfando com a língua azulada pra fora da boca.

— K-Kikuchi-sama...— Gaguejou, socando a porta com o pouco de forças que ainda lhe restavam.— P-Por favor...dê-me permissão pra...e-entrar...

— Está bem. Entre por favor, soldado.— Soou a imponente voz de seu líder, que se mostrava cortês demais para seu tom de voz.

Após ouvir que tinha permissão para adentrar a ventilada sala de seu mestre, sem esperar por mais nada ele girou a maçaneta e entrou com pressa. Ele bateu a porta e jogou as costas sobre a mesma, se deslizando por ela até cair sentado.

Levantou-se de imediato e bateu continência, ao lembrar-se que estava diante da intimidadora presença do líder do tão temido grupo "os White Volcano", homem de presença tão ilustre que sequer se deu ao luxo de levantar-se da cadeira para olhar seu servo.

Continuou sentado na mesma posição, de costas para a porta de entrada e de frente para as janelas da torre. A seu lado havia mais uma cadeira giratória e branca como a que ele estava sentado, a sua sala continha várias estantes que sustentavam inúmeros ventiladores igualmente grandes.

Dois ar-condicionados instalaram-se sobre as paredes, a sala já estava congelante, pelo menos o bastante para refugiar qualquer um do lancinante calor que castigava todo o planeta.

— Seja bem vindo, soldado.— O sarcasmo era presente em seu tom de voz.— Interrogou e assassinou os habitantes desse planeta do jeito que eu lhe pedi que fizesse?

O rapaz engoliu seco.

— Infelizmente não, chefe.— Afirmou com pesar. Viu-o recostar-se na cadeira, como uma demonstração de insatisfação.— O calor que faz lá fora é sobrenatural. Quando terminei de descer as escadas eu já estava exausto, não tinha forças para mais nada. Se eu o fizesse, os samurais desse lugar com certeza me matariam.

— Entendo.— O rapaz não ficou aliviado, pois o tom de ironia na voz dele ainda não havia saído. Ouvi-lo falar daquela forma apenas o deixou mais nervoso.— Mais alguma reclamação?— Percebeu uma certa mudança no modo de falar dele, algo que o fez ficar um pouco mais à vontade.

— Esse planeta é muito quente, senhor. Não há água fora dessa torre e é muito difícil respirar. As tempestades de areia estão cobrindo os países, por pouco não fui pego por uma. Essa torre também é bem alta, levo dez minutos para chegar até o topo, senhor.— Reclamou tudo o que tinha para reclamar.

— Big Bright é um planeta que emite luz própria, soldado. Seus habitantes são chamados "Luminosianos" e são capazes de suportar o calor por serem seres de sangue-frio. — ele vagarosamente se coloca de pé, aos poucos revelando sua figura imponente, que estava oculta nas sombras — Você sabe o porque de estarmos aqui, não sabe, soldado?

— S-Sim senhor, por causa dos talismãs essenciais, s-senhor.— O medo retornou a ele, que agora tinha ambos os joelhos tremendo.

— Sabe também que agora que Yukuzo recuperou o talismã da terra, só me falta o talismã da Neve para cumprir os nossos objetivos, não sabe?— o homem progrediu mais um passo, mostrando-se um pouco mais.

— S-Sim senhor.— o soldado recuou, preparando-se para fugir.

— Está bem. O perdoarei por falhar na missão dessa vez.— disse pouco antes de voltar a se sentar.

— A-Ah, obrigado senhor, prometo que isso não vai se repetir.— O suspirou aliviado e sorriu, correndo para a porta de saía.

Quando que de repente, para a surpresa do rapaz intimidado, as suas costas foram atingidas por um raio elétrico disparado pelo dedo indicador de seu mestre, e seu coração perfurado pelo mesmo. O seu sangue espirrou na parede a frente e ele caiu sobre seus joelhos, enfim perecendo.

Kikuchi finalmente revelou sua figura majestosa; sua pele era tão branca quanto farinha, sua cabeça redonda era raspada, suas orelhas pontudas como as de um elfo e em sua testa havia um chifre negro; possuía estatura medianamente alta, ele era magro.

Seus olhos vermelhos como sangue exalavam maldade e suas garras eram afiadas como as de um felino e os seus braços estavam cruzados em suas costas, ocultos. Seus lábios eram vermelhos como os seus olhos e seu peito estava nu, só mesmo suas pernas estavam vestidas com armaduras medievais.

— Mas a White Volcano não tolera fracotes reclamadores de seu tipo.— Afirmou, caindo em gargalhada momentos depois. Um pequeno aparato sobre seu ouvido esquerdo entrava em frequência.

— Kikuchi-sama, estou sozinho em um planeta chamado Venity que se localiza a três horas-luz de Big Bright, todos os guerreiros se uniram contra mim e estão opondo resistência, tenho permissão para destruí-lo? — A voz de um dos ilustres guerreiros que integravam seu grupo soou no aparelho.

— Pode, fique à vontade, soldado Grren. Não me importa a que métodos tenham que recorrer para trazer terror à Via Láctea, quero apenas que exibam o nome da "White Volcano" e deixe restar apenas um, quero que nosso nome se espalhe pela galáxia!— Declarou ele.

— Sim senhor, desligando, senhor.— Tudo estava saindo como o planejado por Kikuchi, a única coisa que lhe faltava, era o talismã da neve.

Ele sorriu, levou as mãos até as costas novamente e lentamente caminhou até as janelas, tendo o seu rosto sorridente refletido nos espelhos.

Com a sua visão super-aguçada, Kikuchi podia enxergar até dois anos-luz, tudo o que ele fez foi ajustar seus olhos para a irradiação de energia do último soldado com o qual falara e focá-los no planeta.

O mundo no qual ele estava era gigantesco, chegava pelo menos a metade do tamanho total de Big Bright. Kikuchi olhou a tempo de ver o seu subordinado deixar a atmosfera do planeta, apontar as suas mãos para o mesmo e disparar uma poderosa rajada de vento contra o mesmo.

Segundos bastou para que ele se deliciasse da visão do planeta se explodindo em milhares de pedacinhos. Observava o clarão que se expandiu momentaneamente pelo espaço sideral, se comprimir e em seguida desaparecer, deixando para trás nada mais do que fragmentos do que um dia algum ser já chamou de mundo.

Kikuchi caiu em gargalhada.

— Excelente, excelente, soldado Grren, será recompensado por isso!— Exclamou entre as gargalhadas.— O nome dos White Volcano ficará conhecido pela Via Láctea e, em pouco tempo, não seremos os donos somente da galáxia, mas também do universo inteiro, haha!

Na Terra...

Haru encarava o jardim a sua frente com um grande e orgulhoso sorriso no rosto, repousando as mãos sobre a cintura. Amanhecera há muito pouco e, como lhe prometera, a senhora Kaminari deu início ao seu plano de como fazê-lo ir à Big Bright.

Mostrava ao baixinho que no momento não trajava mais do que um bermudão azul com listras o lugar aonde cultivava as suas maçãs especiais, que batizou como "maçãs milagrosas". Elas pareceriam bem comuns, se não fosse pela cor, que era roxa, mas não era um roxo claro e bonito, e sim um roxo escuro.

A aparência delas fazia parecer que estavam estragadas. Mas o pequeno Haru não se deixava guiar pelas aparências, se ela lhe havia dito que era especial, então era. A senhora Kaminari lhe contou uma coisa sobre elas uma vez, mas de um modo bem confuso.

— O que é que elas tem de especial mesmo? Pode me dizer? É que eu esqueci, sabe.— Pediu o baixinho.

— É claro.— Afirmou a moça gentil, com um sorriso no rosto. Ela caminhou até uma delas, retirou uma e a levou até o rosto.— Mastigar um pedacinho dela vai fazer com que você fique sem sentir fome ou sede por um ano. Se você não comer, não precisará ir ao banheiro.

— Uou, fantástico!— Haru exclamou fascinado enquanto devagar se aproximava, ganhando as risadas da moça como resposta.— Isso quer dizer que se eu comer uma inteira...

— ...Nunca mais irá sentir fome ou sede de novo.— Completou ela, vendo-o rir com entusiasmo.— Descobri elas por acaso em uma viagem ao interior. Colhi alguns caroços e os plantei aqui, levou mais ou menos cinco meses para dar frutos. A Kin-chan me disse que elas são assim porque possuem chikara em sua essência vital.

— É incrível, de verdade!— ele pegou a que ela tinha em mãos, após ela ceder. Mordeu um pedaço mas, antes de começar a mastigar ele parou e cuspiu.— Não, não, não quero parar de sentir fome por um ano, eu adoro a comida da Kin!— Exclamou, limpando a língua.

— Fique tranquilo Haruzinho, ela só fará efeito se seu estômago a digerir.— Explicou, afagando-lhe os cabelos.

— Ufa...— Suspirou aliviado.— Acho melhor eu ir agora, enquanto a Kin ainda está dormindo.

— Sim, sim.— Concordou a moça.— Mas escuta, não é melhor vestir uma roupa antes?

— Hã?— Só então ele percebeu que não vestia roupas devidas para uma viagem espacial.— Ah é mesmo, como eu sou esquecido, eu vou lá pegar a minha roupa!

E correu adentrando a casa pelos fundos, mais uma vez. Devido a sua animação, ele não levou mais do que um minuto e já estava ali novamente, vestido.

Trajava as mesmas roupas de sempre, aquelas que foram bordadas especialmente para ele; uma camisa branca sem mangas com o logo do Reino de Áries no peitoral, uma calça cumprida da mesma cor, um par de botas pretas e uma faixa igualmente preta amarrada à cintura, faixa que, nesse momento, ele acabava de dar um nó.

Se agachou e pegou a maçã novamente, com delicadeza e muito cuidado. Levou-a até a frente do rosto e ficou fitando-a por alguns segundos, decidindo se iria mesmo fazê-lo. Engoliu seco, o seu maior medo era ficar mesmo sem sentir fome. Como disse, adorava comer a comida que Kin preparava.

— Qual é o tamanho do pedaço que eu tenho que comer pra não sentir fome por quatro dias?— Perguntou.

— Hmm...isso eu não tenho como saber. Coma um pequeno e conte com a sorte.— Aconselhou-o.

Haru lentamente levou a maçã até a entrada da boca. Abriu-a e com todo o cuidado, mordeu um pedaço bem pequeno, com tamanho exato de seu siso, por exemplo. O engoliu devagar e, a grande sede por água que sentia há alguns segundos, desapareceu por completo.

Ele sorriu maravilhado, fitando-se.

— Impressionante!— Exclamou. Olhou determinado para o céu.— É hora de ir!— Levitou dez metros do chão, parou, olhou para baixo e sorriu, acenando.— Tchau!

— Boa sorte!— Desejou a senhora Kaminari, não antes que ele se fosse desaparecesse de suas vistas.

Em bem menos que um segundo Haru já deixara a atmosfera da Terra e estava bem perto de ultrapassar Júpiter. Tudo o que o garoto deixava para trás era um grande rastro de luz dourada, expelida por suas asas.

Haru gargalhava entusiasmadamente, enquanto voava por todo o espaço. Um frio na barriga acompanhado de fortes arrepios o fazia rir desenfreadamente. Jamais fizera coisa igual, nem nunca imaginou que ainda haviam tantas coisas a explorar, na existência.

Acaba de descobrir um "mundo" fora da Terra: o espaço sideral. Um mundo bastante interessante, cheio de mistérios e curiosidades. Ele pensou em, depois de concluir sua missão, explorá-lo. Mas não, aquela não era a hora de pensar nisso.

— Puxa vida, nunca pensei que voar em 70% da velocidade da luz seria tão empolgante!— Dizia para si mesmo. Sorriu determinado.— Acho que já tá na hora de voar na velocidade da luz!

E arrancou para os confins do universo, partindo com sua rapidez máxima. Levou cerca de onze horas voando na velocidade da luz para enfim deixar o sistema solar, logo já se encontrava em uma área que era, sem dúvidas, completamente desconhecida para os terráqueos.

O único entretenimento que o garoto tinha, era observar todos os planetas e as estrelas pelas quais passara. Viu muitas coisas que não imaginou ver; cruzou uma chuva de asteroides todos tão grandes ou maior do que a Terra, viu satélites maiores e menores do que a lua da Terra.

Quanto mais se distanciava do sistema solar, mais animado ele ficava e mais a sua curiosidade aumentava. Afastou-se várias horas-luz do sistema solar em que se encontrava a Terra, o impressionante era que o cosmos ainda não parou de fasciná-lo.

Estava distraído demais e, graças a isto, não notou o que, de acordo a muitos, seria um dos maiores perigos do universo senão o maior: um buraco negro a alguns metros a sua frente.

Ele que possuía gravidade tão poderosa, que nem mesmo a luz era capaz de escapar. Que causava muita dor de cabeça aos cientistas e astrônomos, temido por ser capaz de chegar ao ponto de consumir galáxias inteiras.

Passou distraidamente por cima dele, o seu sorriso se cerrou um pouco depois que ele sentiu uma assombrosa força atrai-lo para baixo sem chances de resistência. Sua sorte foi que, graças a seus reflexos, ele pôde reagir a tempo.

Começou a lutar contra aquela força aterradora, que fez com que as suas roupas esticassem-se como elástico e estava a ponto de fazer o mesmo com o seu corpo. Sem outra escolha, o baixinho teve que lutar contra a atração, tentando com todas as forças sair dali, ir para bem longe de seu alcance.

A sensação que tinha era indescritível, uma dor imensa. Ele podia sentir a sua pele se esticando ao máximo que podiam — se não fosse por sua resistência, seus membros já haveriam se partido há bastante tempo — e ganharem um intenso rubor, assim como seus músculos, que doíam como nunca antes.

Era impossível para o garoto detalhar a situação, ele sequer era capaz de pensar. Sentia como se estivesse no topo de uma cachoeira indo contra a correnteza, e que a qualquer momento, poderia cair e desaparecer para todo o sempre.

Quando Haru finalmente deixa o sistema solar, um buraco negro o pega de surpresa e agora ele luta com todas as forças para escapar de tal ameaça. Qual será a solução em que ele irá pensar, para sobreviver a isto!? E quanto aos White Volcano, quem poderá detê-los?!

Fim do décimo capítulo.

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11: Os temidos soldados da White Volcano!

Kaboom!

Mais um corpo voava em vários pedaços, desaparecendo junto a fumaça que se dissipara pelo ar. Os luminosianos observavam a cena com pavor,jamais haviam presenciado tal ato de crueldade e violência.

O responsável por tal atrocidade apontava a palma da mão para o ar, enquanto abria um sorriso malévolo no canto dos lábios. Ele não pertencia a aquele planeta, isso era muito óbvio.

Sua pele possuía uma medonha pigmentação amarelada, os seus globos oculares eram inteiramente verdes como grama e suas mãos contavam cada uma com apenas três dedos, sua cabeça era raspada e ele não possuía sobrancelhas.

Os trajes que vestia eram os de um samurai da antiguidade, ele se equipava com uma espada e um escudo no braço direito. As suas roupas estavam encharcadas com o sangue dos indivíduos que ele ali assassinou.

Os aldeões a sua volta o encaravam com medo, repulsa e ódio. As crianças se escondiam nas costas dos pais e dos mais velhos, com pavor do ser que estava realizando uma verdadeira chacina ali.

O luminosiano mais jovem e que aparentava ter mais força, mais vigor do que os demais, engoliu seco e encheu o peito de coragem, se posicionando pouco a frente dos demais.

— Pela última vez — começou ele — nós não temos o que vocês procuram e nem sabemos quem o escondeu, então por favor, deixe-nos em paz! — Suplicou o jovem de pele dourada, antenas na testa, olhos negros, longa túnica azul marinha e cabelos alaranjados e arrepiados, penteados em um moicano.

— Hm...!— O ser cruel que estava de frente para eles o fitou com um sorriso no rosto.— Então você é o líder dessa tribo, não é...?

— Não, não é ele.— todos ouviram uma voz masculina proferir com imponência do topo da montanha a frente, roubando a atenção de todos ali para si — Eu sou o líder dessa tribo — o rapaz de cabelos negros e lisos amarrados em um rabo de cavalo, grandes músculos, olhos alaranjados, pele dourada e antenas na testa saltou a montanha parando de pé, frente ao invasor — e é bom se preparar porque eu não vou perdoar o que você fez a um de meus protegidos!

A multidão que, até então, tremia de medo do guerreiro que os atacara, se viu mais confiante com as palavras de seu corajoso líder e o aplaudiram com entusiasmo. O seu pequeno discurso encorajou até mesmo às crianças, que sorriam esperançosas.

O alienígena malvado se virou para o destemido líder.

— Ooh...— sorriu, com escarnia — Já esperava que o líder fosse um imbecil cheio de músculos que se acha invencível. Muito bem... o que acha de começarmos logo com isso?

— O que há com esse cara? De onde ele vem? Será que ele está com os assassinos que invadiram o planeta três dias atrás? Se for um deles, eu estarei com problemas...— A expressão confiante do invasor preocupava o destemido guerreiro, que não queria nada ali além de proteger a sua tribo.

— Vamos, me ataque.— o chamou com o dedinho — Quero ver do que você é capaz.

O sangue subiu a cabeça do nobre guerreiro com a provocação. Ele desembainhou a sua espada e investiu de frente contra o alienígena desconhecido, desferindo um corte contra o seu rosto.

Tudo o que o mesmo fez para se defender, foi segurar a lâmina da espada com seus dois dedos sem se mover um palmo dali. Retirou a espada da mão do líder da tribo sem nenhum esforço.

Em resposta, o grande homem o atacou com um soco cruzado usando o punho direito. O alienígena parou o movimento pondo o seu braço direito na reta, girou a mão e agarrou-o pelo pulso.

Apertava-o com todas as forças, fazendo o protetor da tribo se contorcer de dor. Todos perderam as esperanças e a confiança, tudo o que podiam fazer era assistir a pessoa mais forte de sua tribo cair.

Os responsáveis tapavam os ouvidos e os olhos de seus filhos, os proibindo de escutar os gritos do rapaz e presenciar uma cena um tanto horripilante.

Com um único movimento de seu braço livre, ele atravessou o coração do líder com suas garras, matando-o instantaneamente. Os que assistiam gemeram apavoradamente ao vê-lo chutar o cadáver para um canto qualquer como se fosse um saco de lixo.

— Agora que o líder patético de vocês caiu, já conhecem o poder de um soldado da White Volcano.— Lançou-os um olhar ameaçador, ao mesmo tempo em que limpava as mãos manchadas com o sangue de seu último adversário.— Ainda pensam em não dizer aonde está o talismã?

— N-Nós não sabemos aonde está, por favor, deixe-nos em paz — suplicava o mesmo jovem que se pronunciara antes do líder de lá surgir.

— Nós sabemos que algum de seus samurais o engoliu para que não o peguemos. Só quero que me diga aonde está esse guerreiro.— Ele falava com bastante calma, mas ainda assim não conseguia passar confiança.

Ninguém se pronunciou sobre o assunto e nem parecia que iriam fazê-lo. Ele sorriu maliciosamente e deu um passo a frente.

— Tudo bem, então.— ergueu a mão para o céu, deixando que, nela, se formasse uma pequena esfera em chamas.— Desaparecerão com esse país medíocre!

Ele saltou para trás o mais alto e rápido que podia, sem esquecer de levar a esfera consigo. Apontou o braço para o solo e, em poucos segundos, disparou a técnica contra a superfície terrestre.

O ataque explodiu-se instantaneamente após o contato com o solo, o modo como se expandia parecia ilimitado, seu poder destrutivo também era impecável; consumia, bem lentamente, tudo o que havia em seu alcance, inclusive os luminosianos que por ali estavam.

O som ensurdecedor da explosão e dos destroços levantados era o bastante para abafar as gargalhadas do ser responsável por tal feito, que observava a tudo do alto.

Casas, montanhas, árvores, florestas e muitas outras tribos iam desaparecendo, meio a esfera infernal. Levou segundos para que o poder englobasse todo o país e enfim se dissipasse, deixando pra trás somente uma grande nuvem de poeira.

A grande cortina de pó se dissipava, revelando de seu interior um abismo, uma grande cratera sem vida. Tudo o que se encontrava em seu centro fora reduzido a cinzas, a poeira. Após certificar-se de tê-los assassinado, ele se deixou pousar sobre o chão.

— Meu trabalho por aqui está feito, vou reportar a Kikuchi-sama.— Retirou um pequeno controle branco do bolso de trás da sua calça e pressionou levemente um pequeno botão avermelhado.

Uma pequena e esférica nave veio a seu encontro, ele adentrou-a cuidadosamente e deu a partida, dirigindo-se ao topo da torre aonde se encontrava o seu poderoso chefe.

A velocidade da nave era assustadoramente grande, por isso, ele não levou mais do que segundos para chegar ao topo da torre. Deu o comando para que ela se aproximasse da janela que se abriu.

Ele a pulou, adentrando a sala de seu mestre. O mesmo estava de costas para a janela pela qual ele entrara, com os braços cruzados e o olhar distante.

— Kikuchi-sama, fiz o que me pediu.— Informou-o, ganhando em resposta um gesto com a mão, que o dizia para prosseguir.— Eles são muito obstinados, não vão nos entregar tão facilmente.

— Ameaçou assassinar as crianças? Sempre funciona.— Afirmou o maléfico líder, soltando uma risada de seu próprio comentário.

— Eu assassinei o líder da tribo, mas como havia muita gente e eu não queria perder tempo assassinando um por um, eu destruí todo o país.— Informou-o.

— Você fez o quê?!— Kikuchi se mostrou furioso com o que ele lhe disse.

— E-Eu...destruí t-todo o...país...— Repetiu, já não tão seguro quanto estava antes.

— Idiota, não percebe o que você fez!? Se o talismã estava lá no momento nós o perdemos!— Kikuchi não acreditava na incompetência do soldado.

— C-Calma por favor, Kikuchi-sama, eu...— ele recuou e se virou para a janela, tentando fugir.

— Morra, inseto!— Exclamou, pouco antes de lançar contra seu soldado uma rajada de energia elétrica que explodiu e o reduziu a pó.— Grr!! De onde surgiram tantos soldados incompetentes?!— Kikuchi pôde ouvir baterem a porta.— Entre de uma vez!

Um homem gordo, de estatura baixa, pele azul-marinha, cabeça raspada, vestindo armaduras brancas com listras amareladas e um grande logo dourado com duas siglas — W.V —, uma longa calça verde-musgo e olhos vermelhos perfurantes adentrou.

Nitidamente nervoso, ele se pôs de costas sobre a porta. Notara o mau-humor de seu mestre, já conhecia um pouco de sua força e já fazia uma ideia do quão terrível ele poderia chegar a ser, por isso ele se impôs com mais respeito.

— Kikuchi-sama, recebemos um recado da tribo do Sul.— Disse-lhe, informando-o.

— Prossiga.— Pediu, já um pouco mais calmo.

— Disseram que o guerreiro que engoliu o talismã está disposto a se entregar, se nós formos embora.— Completou.

— Ora, até que enfim uma notícia boa.— Sorriu satisfeito.— E sim nós vamos embora, do planeta deles, mas não da Via Láctea.

— O senhor quer que eu vá pessoalmente pegá-lo?— Indagou.

— Não, não tem porquê, Veron. Você pertence ao ilustre grupo dos White Volcano, não têm que se rebaixar tanto.— ele se aproximou um pouco mais e lhe tocou o ombro — Mande chamar os soldados da classe mais baixa.

— Sim senhor.— o reverenciou — Com sua permissão, eu agora me retiro.— E se foi da sala.

Kikuchi se aproximou vagarosamente da estante que localizava-se de frente para a parede da lateral do canto da sala, virou-se para a parede e pressionou um pequeno botãozinho preto no interruptor.

A estante girou, revelando um alçapão. Sentado no chão com as mãos amarradas nas costas, a boca amordaçada e os pés presos, um senhor tentava, a todo custo, se libertar.

Ele possuía a pele dourada, típica dos luminosianos; um pequeno par de antenas na testa, uma longa barba branca e trajava uma longa túnica vermelha com lenços brancos em torno do pescoço.

Kikuchi sorriu.

— Como vai, grande rei? Está tudo bem aí?— Perguntou, logo em seguida, caindo em risadas.— Oh, me desculpe, esqueci que você estava com a boca amordaçada.— Retirou a mordaça da frente da boca do homem.— Diga-me grande rei, como se sente?

— Desgraçado!— Esbravejou.— Irá pagar caro por tudo o que nos está fazendo pagar, eu me encarregarei disso?

— E como planeja fazer, se está preso? Além do mais...— andou calmamente em direção a ele, levando as mãos até as costas — você já foi derrotado por mim, ou por acaso não se lembra?

— Grr...!!— Rosnou em resposta.— Ainda não entendo. Como eu o homem mais poderoso de todo o planeta e rei, pude ser derrotado com tamanha facilidade? Esse homem é realmente fora do comum! Ryan, Sara...espero que esteja tudo bem com vocês, meus filhos...

— Parece que o seu povo já começou a se acovardar. O rapaz que engoliu o talismã nos chamou, dizendo que queria se entregar com a condição de que deixássemos o planeta.— Avisou-o, esperando que ele entrasse em pânico, o que não ocorreu.

— Nenhum de nós faria algo assim. Ele, com certeza, tem algum plano. Não conseguirá arrancar nada de nós, maldito!— Grunhiu e se moveu, tentando avançar contra ele.

— Não entendo vocês.— deu-lhe as costas — Por que não nos entregam de uma vez o talismã e acabam com esse sofrimento tão desnecessário? Nós deixaremos o planeta de vocês, já não temos nenhum interesse.

— Acha que somos idiotas? Nós sabemos que o seu objetivo é dominar a galáxia, portanto mesmo que o entregássemos, isso não iria mudar em nada a nossa situação, pelo contrário, iria piorar. Além de piorar pra gente, envolveria outros seres inocentes da Via Láctea que sequer sabem lutar ou fazem ideia de nossa existência.— Declarou a ele.

— Inteligente, inteligente. Bem, vamos ver se continuarão vendo as coisas dessa forma, depois que eu der ordem para que assassinem todas as crianças desse planeta inútil.— Afirmou sorridente, um pouco antes de fechar a estante outra vez.

Cem milhas de distância dali...

Um único jovem de olhos azuis-claros destemidos, pele dourada, par de finas antenas na testa, estatura alta, corpo magro e peitoral desnudo se encontrava meio à multidão que o cercava.

Passando por entre todos, dois soldados utilizando armaduras de samurais da antiguidade, claramente pertencentes a outro planeta, se aproximaram dele.

— Você é o jovem que engoliu o talismã da neve, correto...?— Lhe perguntou.

— Sim, sou eu mesmo.— Confirmou.

— Venha conosco.— Chamou-o o da direita.

— Se quiserem me levar...— pôs-se em posição de combate — Terão que me matar primeiro!

— Tome cuidado, Ryan. Por favor, não morra.— Uma jovenzinha bastante parecida com ele, porém com longos cabelos róseos e um pequeno e feminino corpo esbelto acobertado por uma manta roxa lhe suplicou.

— Não se preocupe comigo, Sara. Tenho certeza de que esses homens não irão me atacar com todas as forças, pois o que menos querem agora é destruir o talismã que está dentro de mim.— Afirmou. Olhou para eles e sorriu.— Já vou avisando: não sou nenhum fracote. O único, aqui, que supera a minha força, é meu pai. Portanto, se não me atacarem com todas as forças, jamais me ganharão. E tomem cuidado ao me atacarem pois, se eu me mover com muita brutalidade o talismã pode cair no meu estômago e não vai demorar muito para ser absorvido pelos meus ácidos estomacais, já que não é tão grande.

— Merda, maldito pirralho...!!— Exclamou nervoso, um daqueles dois soldados.

— Não fique nervoso, é o pior a se fazer agora. Nós temos que pensar em uma forma de imobilizá-lo com calma, vou bolar alguma coisa.— Disse o outro.

Ryan se posicionou, preparado para enfrentá-lo. A pequena Sara estava apreensiva, pois após o seu pai ser capturado, as esperanças de todos se esvaíram, já que ele era o rei e, consequentemente, o ser mais poderoso do mundo. Eles não sabem o que aconteceu a ele, e a única pessoa que ela tinha agora, era o seu irmão.

Perdê-lo também era a última coisa que queria.

Em algum lugar do cosmos...

Suado, com as roupas desgastadas e alguns cortes espalhados pelo corpo, o pequeno Haru seguia seu caminho pelo universo o mais rápido que podia.

Pelo seu olhar, dava para ver que estava mais destemido do que nunca antes esteve. Acabava de cruzar o segundo sistema solar, de acordo com os seus cálculos, passaram-se dois dias, estava a um dia-luz de Big Bright.

— Se eu não fosse por aquele buraco negro, há essa hora eu já poderia tá lá! — Disse mentalmente, lembrando-se do trabalho que teve para não ser tragado pelo buraco negro e de toda a dor que ele sentiu. — Acabei destroncando o meu pé, isso tá atrapalhando!

Empinou voo, desviando do planeta rochoso avermelhado que viu pela frente. Continuou seu trajeto pelo espaço sideral na galáxia. A dor que sentia era imensa e ele sabia que, se não fosse por sua boa resistência, teria desaparecido no buraco negro.

Isso, infelizmente, o impedia de explorar melhor os planetas e as constelações pelas quais passava, enquanto voava em pleno espaço sideral. O lado bom foi que o motivou a chegar lá logo, o fez se focar melhor em seu objetivo ali.

— Sinto várias energias muito malignas vindas de lá!— apontou para a direção, com o dedo indicador — Por favor, esperem por mim, eu não vou deixar que esses malvados destruam o seu planeta!

E, em uma pequena explosão de impacto, ele se lançou rápido aos confins do universo, desaparecendo em um brilho momentâneo de luz no horizonte. Tinha um péssimo pressentimento sobre tudo isso, não sabia o que era, talvez fossem seus instintos de guerreiro da luz o avisando de que um grande mau iria acontecer.

Felizmente, Haru consegue escapar do buraco negro! Agora ele segue mais determinado do que nunca em sua viagem pelo cosmos, a uma distância de um dia-luz de Big Bright! Haru, faça o possível para chegar lá de uma vez, eles precisam de você!

Fim do décimo primeiro capítulo.

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12: A estratégia de Ryan!

Ryan estreitou os olhos. Olhou para um. Desviou o seu olhar para o outro. Sorriu. Seus dois adversários ficaram de mãos atadas após o ouvirem. Os tinha em suas mãos, exatamente como imaginou.

No entanto, os dois ainda estavam dispostos a lutar. Certeza o jovem Ryan só tinha uma: não podia deixar de maneira nenhuma que o talismã chegue a seu estômago e seja dissolvido por completo.

Isso porque, aquele talismã era, muito provavelmente, a última esperança de seu mundo para escapar da devastação. Se explorasse-o bem, poderia conseguir com que fizessem tudo o que eles querem.

Faria exigências até conseguir pensar em alguma forma de salvar os luminosianos da erradicação. Ryan estava disposto a fazer qualquer coisa para salvar o seu mundo, inclusive morrer.

Decidira isso assim que engoliu o talismã. Como o príncipe dali e segundo homem mais poderoso, o seu dever é proteger o mundo na ausência de seu pai, o rei. E não irá falhar nisso.

Não queria mais ouvir nem a sua amada irmã mais nova e nem mais nenhum luminosiano chorar ou implorar pela vida. Uma terrível sensação de impotência o tomou, desde que isso teve início há 3 dias.

Os ventos uivavam no local, fazendo esvoaçar as roupas dele. A multidão a sua volta lentamente se afastava, preparavam-se bem pra presenciar um embate violento.

— Vou voltar a repetir para caso não tenham entendido...— Ryan se pronunciou novamente — se meu corpo receber um forte impacto o talismã vai cair em meu estômago, e não vai demorar muito para ser dissolvido. Se me desintegrarem, o talismã desaparece também. E aí, o que vão fazer?

Ryan estava tirando proveito daquilo e os dois soldados da White Volcano sabiam disso. Assim como sabiam também que ele os estava provocando para que eles percam o foco e fiquem nervosos.

Sara assistia-os com o coração na mão. Não bastara a morte de sua mãe, o sequestro de seu pai e agora o seu irmão estava de frente para o perigo.

Não queria perder mais ninguém. Sofreu muito e não queria mais sofrer. Desejava com todas o seu ser que seu irmão estivesse certo, que estivesse mesmo com a situação sob controle.

Estava com o pressentimento de que ele iria dar a sua vida desde o momento em que o viu engolir o talismã. Tentou fazê-lo desistir da ideia mas, como o esperado, não conseguiu. Ryan conseguia ser bem mais teimoso que o pai.

— Por favor não morra, irmão...— Proferiu mentalmente.

O primeiro movimento foi, enfim, efetuado. Eles atacaram-no de frente com espadas, desferindo-lhe um corte frontal. Ryan se agachou e se pôs de pé outra vez, após desviar do corte.

Segurou o que estava a sua direita pelo pulso, o puxou atraindo-o para frente e o acertou com uma joelhada na boca do estômago. O golpeou com a faca da mão no pulso, fazendo-o soltar a espada.

Usou-a para bloquear o movimento seguinte do guerreiro que lá estava a sua esquerda. O movimento foi um corte unilateral desferido contra o seu rosto, mas ele prontamente o defendeu.

As lâminas colidiram, um pressionava a sua contra a do outro. As espadas tremiam no combate, ambos usavam todas as forças nisso. Ryan moveu sua espada para cima com força e desarmou seu inimigo.

Um ligeiro salto mortal sobre o primeiro golpeado foi efetuado. O jovem Ryan usou a cabeça de seu oponente como apoio, moveu-se para as costas dele e o perfurou com a espada, vendo-a transpassá-lo o estômago.

Desprendeu a lâmina do corpo de seu oponente, posicionando-se em guarda mais uma vez. Seu inimigo, já mais temeroso, repetiu seu gesto, se irritando com a multidão a volta, que aplaudia Ryan o parabenizando por ter conseguido exterminar um.

O soldado investiu frontalmente contra Ryan, desferindo-lhe um soco direto. Ryan jogou o corpo para o lado oposto, moveu-se rápido para frente e transpassou o seu estômago com a lâmina.

Seu adversário caiu sobre os joelhos a sua frente, enfim pereceu. Os luminosianos foram ao delírio, todos estavam felizes por terem se salvado.

— Irmão!— Sara exclamou emocionada, abraçando-o com todas as forças.— Você foi fantástico!

— Obrigado, mas eu só cumpri com a minha obrigação.— Ryan retrucou, retribuindo o abraço. Separou-se do abraço da irmã, andou até o homem que tinha a espada fincada no estômago e a retirou. Ele a ergueu para o céu, orgulhoso.— Prometo proteger Big Bright com todas as minhas forças na ausência de meu pai, não vou permitir que mais alguém morra!

Todos urraram em resposta ao discurso do jovem, com exceção de Sara, que ainda demonstrava preocupação com o bem estar dele. Apesar de ter ficado tranquila ao ver que ele estava certo, ainda não se acalmou.

Tinha um péssimo pressentimento. Algo que lhe dizia que coisas muito ruins iriam começar a acontecer.

Kikuchi destruiu a mesa de sua sala com um soco. Acaba de vê-lo assassinar dois de seus soldados, apesar de serem de classe mais baixa, não deixava de ser humilhante.

Veron, que encontrava-se de costas para a porta no momento em que ocorreu, se assustou com a repentina ação de seu mestre. Ele correu até a ele, a fim de questioná-lo sobre o que acontecera.

— Kikuchi-sama, aconteceu alguma coisa?— Indagou-o.

— Esses maldito moleque, ele...!— Kikuchi não conseguia crer no que estava para declarar.— Ele nos tem em suas mãos!

— O quê?! M-Mas por quê?— Mesmo Veron ficou desconsertado com a notícia.

— Ele engoliu o talismã e agora nos ameaça, porque sabe que é o que queremos. Sabe que nenhum de nós pode matá-lo ou golpeá-lo com todas as forças pois nada pode acontecer ao talismã...— Kikuchi se negava a acreditar.— Esse inseto f-foi inteligente! Maldição!

— O que ele está fazendo agora?— Ao ouvir a pergunta de seu subordinado, Kikuchi resolveu investigar dali mesmo.

— Continua assassinando nossos soldados sem dificuldade!— Lhe informou.— Maldito seja!

— Se me der permissão, Kikuchi-sama, eu mesmo posso ir até lá para me encarregar dele.

— Tudo bem, vá.— Kikuchi permitiu.— Mas lembre-se: você não pode matá-lo ou atacá-lo com força, se uma dessas coisas acontecer, nossas chances de perder o talismã são muito altas!

— Não se preocupe com isto, senhor. Vou pensar em uma forma de trazer o talismã aqui, intacto.— O reverenciou e saiu pela porta, em seguida.

A mais de cinco mil milhas de distância dali...

Fileiras de cadáveres dos soldados da White Volcano espalharam-se por toda a parte. Passos marcados com sangue eram deixados por onde quer que Ryan passasse.

O jovem rodava o país, assassinando todos os soldados que, no momento, ameaçava a vida de qualquer luminosiano. Sozinho, seguia o seu caminho, salvando a todos que conseguia.

Sua irmã até quis segui-lo mas, obviamente, ele não permitiu. É claro que não iria pôr em risco a vida de sua irmã, sem falar que ainda havia o risco de ela ser pega como refém.

Era parabenizado e aclamado como herói por onde quer que ele passasse. Mas isso não inflava o seu ego, pelo contrário, apenas fazia-o sentir mal, pois achava que fazer aquilo era a sua obrigação.

Com a mão direita, ele segurava um cadáver pela garganta. Com a esquerda, ele retirava a lâmina do estômago do mesmo. Após fazê-lo, ele deixou o corpo já sem vida do inimigo cair sobre o chão.

— Não vou perdoar qualquer um que levantar a mão para um de meu povo, não permitirei que os luminosianos desapareçam!— Disse, em fúria.

Sua capacidade sensitiva desenvolvida após um longo treino com seu pai o avisou de que uma essência pousou sobre as suas costas. Virar-se para a pessoa foi uma ação automática.

Pensou em perguntá-lo quem era ele mas, ao se deparar com as siglas W.V, deduziu instantaneamente quem ele era e o que queria ali. Ryan fez a sua característica pose de combate.

— Relaxe, eu não vim aqui para lutar.— Veron foi o primeiro a se pronunciar — Foi você quem engoliu o talismã, não estou certo...? E é você quem está assassinando os nossos soldados, não é? — Ryan não lhe deu resposta, mas Veron não precisava ouvi-lo, pois sabia que a resposta para todas elas era um sonoro sim.— Muito bem. Estamos dispostos a cumprir com todas as suas exigências, se você regurgitar o talismã.

— Hunf, acha que eu sou algum idiota?— Ryan sorriu — Se eu lhe der o talismã agora, serei assassinado sem dúvidas, além do que, isso iria ajudá-los a conseguir o que querem. — O chamou com o dedinho — Venha, vamos lutar de uma vez.

Em um movimento instantâneo, Veron surgiu nas costas de Ryan que, atônito, surpreendeu-se com isso, pois não havia visto nem mesmo o seu vulto.

Se pôs de pé, paralisado. Olhou-o com o canto dos olhos.

— É muito rápido, eu não pude nem ver! É possível que ele seja tão veloz quanto o meu pai...— Estava aterrorizado com seu inimigo, no entanto, não queria demonstrar. Ryan sorriu.

— Embora eu queira muito matar você, eu não posso fazer isso.— Disse-lhe Veron.

— Eu sei.— Afirmou, sorridente.— Agora vocês já sabem quem é que faz as regras aqui. É melhor me obedecerem ou um simples golpe no estômago que eu der em mim mesmo pode acabar com todos os seus planos.

Escondida detrás de um poste, Sara observava seu irmão mais velho em ação. A presença daquele homem esquisito que acabara de chegar ali a deixou preocupada.

Alguma coisa nele fazia seus joelhos bambearem e suas mãos se estremecerem pelo medo. Sara engoliu seco, sentia tanto medo que não conseguia nem se mover.

A pequena luminosiana jogou as costas sobre o poste e o rosto para o lado a fim de observá-los, a jovenzinha não parava de ofegar. Desviou os seus olhos pra lá novamente, parando-os sobre o homem que estava com o seu irmão.

— Quem é ele...? E por que... por que eu me sinto assim? Por que estou sentindo tanto medo...? — Perguntava-se, encarando-o.

O olhar de Sara exalava todo o terror que ela estava sentindo no momento. Viu aquele homem sorrir de um jeito maléfico, o que a fez arrepiar-se por inteiro.

Voltou a prestar atenção na conversa.

— Então, como primeira exigência, você deseja ver o seu pai...? — Ryan assentiu para ele — Pois bem. Siga-me e se prepare, porque nós vamos andar muito.

Veron seguiu andando na frente e, Ryan, mesmo receoso sobre, resolveu segui-lo. Os dois foram andando calmamente, seguindo para o Leste.

O país em que estavam naturalmente possuía muitas ruas, vilas e tribos, eles levaram cerca de meia-hora para deixar a civilização.

O jovem Ryan parecia não saber mas, esgueirando-se pelas paredes, sempre seguindo pelas sombras, a sua frágil irmã os seguia.

Levaram pouco mais que sete horas andando naquele ritmo pra finalmente chegar a torre. Veron, que seguia na frente, aproximou-se do portão e, após pressionar alguns botões, o mesmo se abriu.

A distância que Sara estava dos dois era consideravelmente boa, muito grande, porém mesmo assim ela era capaz de ver tudo. Pôde vê-los subir as escadas, mas o portão começou a se fechar.

Chegou a hora de agir!

Sara encheu o peito de coragem e correu até lá, sendo capaz de chegar pouquíssimo antes que o portão se fechasse. Não conseguia ver nada pois estava tudo escuro.

Mas graças a tê-los visto subir as escadas antes, ela tinha uma breve imagem mental da mesma o que a ajudou a encontrá-las. Ela decidiu seguir em silêncio, não queria que eles se dessem conta de sua presença.

Seguiram subindo as escadas até atingir o andar de cima, aonde uma luz vermelha se acendeu, mostrando-lhes um elevador. Sara se escondeu atrás de uma pilastra próxima mas não tirou os olhos deles.

Ambos entraram no elevador que, após o comando do homem que acompanha Ryan, subiu a uma impressionante velocidade. Sara continuou escondida, pensando no que faria agora.

Pensava se devia continuar ou parar por ali. Não que estivesse com medo, mas o caminho era muito, muito longo. Apesar de estar no segundo andar, ela não conseguia ver os limites da mesma, parecia infinita.

Os segundos se passaram com a pequenina decidindo o que iria fazer quando ela, de repente, escutou ruídos vindos do alto. Olhou pra cima e pôde ver um outro elevador descer e se posicionar no local em que o outro estava.

Ela correu até ele e parou na frente, esperando a porta se abrir. Adentrou-o e virou-se para o lado, procurando pelos botões que iriam levá-la para o andar que queria.

Se lembra de já ter estado com seu pai ali muitas vezes mas ela nunca se interessou em saber como funcionava aquele elevador. Sara começou a apertar aleatoriamente vários botões, na esperança de que algum deles o levaria para cima.

— Vamos, vamos...!!— Estava inquieta, impaciente. Ela não sabia como estava o seu irmão e nem o que ele estava fazendo agora, por isso, dava para entender como ela se sentia.

Depois de pressionar muitos botões, ela finalmente obteve um resultado positivo. O elevador começou a subir, a levando para cima a uma grande velocidade.

O mal de tudo era o estrondo que o mesmo fazia, Sara não parava de torcer para que ninguém a escutasse. Olhou a sua volta, o elevador estava mais sombrio do que pode se lembrar.

Não havia iluminação no mesmo, estava em completa escuridão. A pequena sala é estreita e na porta de ferro pela qual ela entrou ali há um pequeno vidro aonde ela podia enxergar lá fora.

Um pouco acima deste mesmo espelho há furos, idênticos aos do teto. Estava tudo muito diferente do que se lembra, ela agora só se perguntava o que teria acontecido. O elevador finalmente parou.

A porta se abriu, deixando-a frente a frente com um corredor. O percorreu com passos curtos e sutis até chegar a porta do final. Sara se agachou em frente a porta de metal e pôs os ouvidos ali.

— Está tudo muito quieto...— Tentava a todo custo escutar o que ocorria lá dentro mas não ouvia nada, era quase como se fosse uma sala anti-som.

Kikuchi levou as mãos às costas e pacientemente caminhou até a estante. Pressionou levemente o botão avermelhado que fez a estante girar, revelando a Ryan, que estava a poucos metros dele, a figura do rei do mundo, amarrado e amordaçado, totalmente indefeso.

Veron arrancou a mordaça da boca do rei com violência, dando-lhe liberdade para se comunicar com o filho que, como exigência, pediu para vê-lo.

— Papai, o senhor está bem!— Ryan correu para abraçá-lo mas, foi parado por Kikuchi, que se pôs entre eles.

— Entregue-nos o talismã primeiro.— Ordenou o maléfico líder.

— Ryan meu filho, então foi você quem engoliu o talismã?— O rei lhe perguntou, com certa angústia no olhar.

— Sim papai, fui eu.— Confirmou.

— Sem dúvidas é uma bela reunião de família, não estou certo, soldado Veron?— Veron assentiu. Kikuchi caminhou até as costas de Ryan.— Agora que o imbecil do seu filho engoliu o talismã, ele terá que dar um jeito de regurgitar.

— Não vou regurgitar nada até que vocês cumpram com todas as minhas exigências!— Ryan não tinha a intenção de regurgitá-lo nem mesmo se eles cumprissem com as exigências, talvez eles soubessem disto, mas ele continuaria blefando, pois estava certo de que os tinha em suas mãos.

— Muito bem, muito bem.— Kikuchi sorriu — Vamos ver se você vai continuar pensando assim depois que eu lhe mostrar quem é que nós temos aqui.

Kikuchi apontou para a parede ao lado da estante e ela começou a mudar de forma. Puderam ver um pequeno braço de cor amarelada, com isso eles deduziram que era um luminosiano.

A figura do ser capturado era revelada conforme os segundos se passavam, e para o espanto dos dois, era alguém que eles conheciam muito bem.

Ryan sentiu as pernas fraquejarem e os olhos encherem-se com água.

— Sara-nee-chan!— Ryan não acreditava no que seus olhos lhe estavam mostrando.

— Sara!— Exclamou o rei, esforçando-se para ficar de pé.

— E então, jovem Ryan? Ainda pensa em não nos entregar o que nós tanto queremos?— Disse-lhe Kikuchi, meio às gargalhadas que ele partilhava com seu subordinado.

Próximo a atmosfera de Big Bright...

Haru estava estupefato. Observava de cima a imensidão daquele planeta, não se lembra de, algum dia, já ter visto algo tão grande. Não só a sua grandeza o impressionava, como também sua beleza.

Aproximou-se bem lentamente do mesmo. O brilho magistral do astro gigantesco irradiava na face do garoto que usava as mãos para proteger os olhos dos raios ultra-violetas.

— Incrível...— O baixinho sentia como se estivesse em um tipo de transe ou sob efeito de um encantamento, estava maravilhado e se esquecera completamente do que fora fazer ali.— Esse planeta é muito grande, ele é maior do que o Sol da Terra! — olhou em volta, estranhando a ausência de algo — Cadê a estrela em que ele orbita, eu não tô vendo por aqui...

Haru finalmente chega a Big Bright, mas se distraiu com a beleza do planeta e esqueceu para o que veio. Enquanto isso, o rei e seus filhos estão tendo problemas com os vilões da White Volcano. Vá depressa Haru, há seres precisando de sua ajuda!

Fim do décimo segundo capítulo.

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13: Haru finalmente chega à Big Bright!

Ryan estava atônito. O que ele mais temia aconteceu: foi-se feito um refém, e o pior de tudo, é que o refém era a sua irmã menor e eles, seus sequestradores, com certeza já sabiam disso.

Aquele parecia um pesadelo. Primeiro o seu pai, e agora ela. A sua situação se reverteu de uma forma impressionante: antes os tinha em suas mãos, agora são eles quem tem tudo sob controle.

Viu-os lentamente caminhar para perto dela, que terminava de emergir das paredes. Kikuchi usou a sua mão imunda para empurrá-la com violência, a fazendo cair sobre os joelhos, para frente.

— Miserável...!— Praguejou o rei impotente.

— E então, pequeno Ryan? Já mudou a sua maneira de pensar?— A ironia e a confiança falavam mais alto e claro no tom de voz de Kikuchi, demonstrando-os que já sabia sobre sua imensa vantagem.

Ryan não lhe deu ouvidos, estava ocupado demais pensando em uma forma de se livrar daquela situação. A sua calmaria deixava claro que ele estava analisando a sua atual condição para elaborar um bom plano.

O luminosiano agiu rápido. Bateu a palma das mãos no solo e fez moldar, frente a ela, um braço feito com o mesmo material que agora compunha o chão.

Os dois ao lado dela sequer tiveram tempo de reação, quando deram-se conta do ocorrido, a pequenina já havia sido pega e levada janela a fora.

Kikuchi franziu o cenho, cerrou os dentes e, com uma única e aparentemente simples braçada ele partiu o braço na metade, algo que causou espanto em Ryan.

Sem qualquer sustento, a garotinha, ainda nas mãos do membro de terra, acabou por cair junto com o mesmo. Veron saltou a janela e parou no ar.

O perseguidor voou frontalmente direção à ela, estendendo a sua mão para tocá-la. Já a milímetros de tocá-la, ele sorriu para ela que o olhou aterrorizada.

— Guuaaargh!— Gritou em uma tentativa inútil de agarrá-la, mas tudo o que pegou foi nada.

O que havia a sua frente era nada mais que um brilhante rastro de luz dourada que se dissipou com o movimento de sua mão mas claramente marcava todo um caminho a sua frente.

Percorreu-o com os olhos em busca da pessoa que o deixou ao passar por ali, notando que o mesmo desapareceu no horizonte, em um pequeno brilho de luz.

— Q-Que diabos...?!— Veron não entendeu nada.— Será algum samurai...? Mas quem aqui nesse mundo, além do rei, seria capaz de se mover a essa velocidade?

— O que está esperando aí, soldado Veron?! Vá atrás dela!— Seu mestre apareceu da janela e lhe deu a ordem.

— Sim, Kikuchi-sama.— E avançou ao horizonte, seguindo aquele rastro de luz deixado para trás.

Kikuchi se virou a tempo de ver Ryan erguer o punho para socar-se no estômago, mas se moveu tão rápido para as costas dele que foi capaz de chegar lá antes que ele pensasse em efetuar o movimento.

Ele o agarrou pelos pulsos e liberou em seu corpo uma inebriante descarga elétrica, tão poderosa que ao atingir o seu sistema nervoso, o paralisou por completo.

— AAAAAAHH!— Ryan gritava, enquanto o seu corpo estremecia, esfumaçando-se.

— Ryan!— Exclamou o rei, preocupado com o filho que havia se ofuscado com o brilho dos sinais elétricos que não cessavam os seus estouros.

Ao enfim alcançarem o sistema nervoso de Ryan, as descargas elétricas o paralisaram por completo, deixando-o a mercê do malvado Kikuchi.

Ryan foi, com todo o cuidado, posicionado de joelhos por Kikuchi que claramente tinha medo do que poderia acontecer ao talismã, que ele ainda tinha no estômago.

Kikuchi levou a mão esquerda até a cabeça de Ryan, agarrou-lhe os cabelos e os puxou, fazendo-o retrair a expressão com a dor.

— Você vai ficar aqui quietinho...— soltou-o — Terá que ficar bem acordado para presenciar o sofrimento de sua querida irmãzinha, após a pegarmos.

— M-Maldito! Não ouse tocar um só dedo nela ou eu...!— Ryan o ameaçou.

Kikuchi dava risadas de Ryan, pelo fato de o mesmo, no instante, estar incapaz de mover um dedo e de joelhos, mas ainda insistir em enfrentá-lo.

Ignorou-o pois não podia feri-lo, levou as mãos às costas e se dirigiu à janela, a cerrando para impedir que todo o ar gelado de sua sala emanado pelo ar-condicionado escapasse pela abertura que ela dava.

Lá fora, a perseguição continuava. Sara mantinha seus dois olhos fechados, ela curiosamente ainda esperava pela queda. Não se dera conta de que fora salva.

Salva por um garotinho que sequer era um habitante do mesmo mundo que ela, um jovenzinho nada típico, baixinho, de cabelos cor de abóbora arrepiados, pele clara e brilhantes olhos castanhos.

O topo de sua cabeça era enfeitado por uma brilhante auréola de cor dourada assim como suas asas, que forneciam um rastro contínuo de luz por onde quer que ele passasse.

Ele a tinha em seus braços, carregando-a no colo por onde quer que fosse. Sara lentamente abriu os olhos, cansada de esperar pelo destino que nunca lhe vinha.

— Hã?— olhou para um lado, olhou para o outro. Desviou o seu olhar para cima, fitando o rosto de Haru.— Quem é você?

— O meu nome é Haru, mas e você, por que tava voando pela janela quando eu cheguei nesse planeta?— Indagou-a, confuso.

— É claro que eu não fiz aquilo de propósito, eu nem sei voar, por que eu faria uma loucura dessas?!— Esbravejou.— E além do mais você claramente não é desse planeta, então me diz logo o que está fazendo aqui e de onde vem!

— Hum...eu vim da Terra, sou um terráqueo!— Sorriu e lhe disse em resposta.

— Já ouvi falar desse planeta mas...lá, todo mundo tem asas e uma auréola...? Tipo um anjo...?— Curiosa, ela levou o dedo até a sua auréola, tocando-a de leve.

— N-Não!— Haru tentou impedi-la pois já imaginava o que iria lhe acontecer, pois ocorria com todos. Mas ela não levou nenhum choque ou reagiu de modo estranho, o que o fez deduzir que ela, assim como ele...— Uau, você também tem o coração puro!

— Como é...?— Não entendeu bulhufas do que ele disse, mas no exato momento em que tiraria essa história a limpo, a sua atenção foi roubada por seu perseguidor, que ainda estava no encalço deles.— Ei, olha ele lá, ele está vindo!

— Tá falando daquele cara que tentou te pegar quando você tava caindo?— Questionou-a, olhando para trás. Ela assentiu.— Você pode ficar tranquila, eu não vou deixar ele te machucar!

E explodiu em impacto, arrancando para o horizonte e sumindo em um brilho momentâneo de luz. Vê-lo aumentar sua velocidade de voo de forma tão abrupta, fez Veron deduzir algo.

— Eles já sabem que eu estou quase os alcançando.— Franziu o cenho, o seu maior medo era falhar na missão de levá-la de volta pois uma falha era algo que Kikuchi definitivamente não tolerava.— Eu não vou deixá-los fugir!

Veron também explodiu em impacto, aumentou a sua rapidez de voo em um só instante e desapareceu no horizonte. Em pouquíssimos segundos já podia vê-los novamente.

O vilão se desesperou, ao descobrir-se incapaz de acompanhar a velocidade de voo do garotinho lá na frente. Ele se afastava cada vez mais e Veron, ao contrário dele, se aproximava do cansaço.

Como último recurso para impedi-los de escapar, começou a os atacar com suas esferas de ar comprimido. Como o esperado por ele, Haru esquivava-se de todos, porém o seu objetivo foi atingido: fazê-lo retardar a velocidade de voo.

As esferas de ar comprimido colidiam com as montanhas abaixo, reduzindo-as a pó em somente um instante. Haru não deixava de se impressionar com o poder de seu inimigo, mas não podia lutar com ele ou pelo menos não por enquanto.

— Ele tá quase alcançando a gente!— Sara, que podia vê-lo, não parava de avisar a Haru sobre a posição do oponente.

— Vou tentar despistar ele!— Haru cortou voo para a direita e foi, como o imaginado, seguido por ele.

Veron continuava a lançar esferas de ar comprimido contra Haru que somente desviava de todas, com um sorriso serelepe nos lábios. Ele dava giros em pleno ar, divertindo-se com aquilo.

O seu adversário se irritou com isto.

— Maldito nanico, está brincando comigo!— Praguejou. Sorriu ao se ver ao lado dele.— Agora eu te pego!

Haru olhou para o lado perplexo por vê-lo tão perto. Ele esticou o braço para o lado e efetuou o bote tentando pegá-los mas, mais uma vez, tudo o que conseguiu pegar foi nada.

Somente uma projeção óptica foi deixada para trás pelo garoto que centenas de metros a frente dava língua e acenava para ele. Haru continuou seguindo para o norte a todo vapor.

Ele efetuou o pouso após encontrar um local aonde achava que poderia enfrentá-lo. Pôs Sara de pé e virou-se de frente novamente para a direção da qual viera. Sara estranhou a sua atitude.

— O que foi? Despistamos ele, não...?— Perguntou, desconfiada.

— Quase isso, mas ele ainda tá vindo por aí.— afirmou o baixinho — Se esconde atrás daquela parede e só sai quando eu disser.

— Por quê? O que você tá pensando em fazer?— Perguntou.

Haru olhou mais para cima e viu um ponto de luz brilhar. Era ele, não tinha dúvidas.

— Corre!— Ordenou em desespero, ao constatar que era ele, de fato.

Sara o obedeceu, escondendo-se dentro do quintal de uma das muitas casas abandonadas daquela cidade. Ela apoiou as costas sobre a parede a frente e jogou o rosto para o lado, a fim de observar tudo.

Podia ver Haru parado, esperando por seu perseguidor, que, no instante, terminava de pousar de frente para ele. Sara se perguntava o que ele pretendia.

Muitas coisas ela se perguntava sobre ele, o que é de se esperar quando, do nada, você vê alguém totalmente diferente da raça de seu planeta chegar e te salvar.

Mas ignorou as dúvidas, resolveu prestar atenção.

— Saia da minha frente e vá embora, nós não temos porque lutar já que a White Volcano não tem nada contra você.— Começou Veron.

— Mas eu tenho tudo contra vocês, e diferente do que você acha eu digo que também deveriam ter contra mim.— pôs-se em posição de luta — Não vou deixar que você machuque ela!

— Pela aparência, você vem da Terra. E-Espera!— Veron passou a se lembrar de algo que escutara sobre um terráqueo que perdeu pra Yuzuko quando o mesmo esteve na Terra.— Você é o nanico que foi derrotado pelo Yuzuko...! — se colocou em sua pose de batalhar — Deixe-me alertá-lo sobre uma coisa: dentro dos White Volcano, ele, o Yukuzo, sempre foi o mais fraco.

— Também quero te avisar de uma coisa: nenhum de vocês já conhece a minha verdadeira força, eu não vou perder tão facilmente!— Exclamou, confiante.

— Ora, que anãozinho mais petulante...— falou, segundos antes de finalmente investir contra ele.

Na metade do caminho, Veron sacou a sua espada e desferiu o corte frontal contra o rosto de Haru, que se agachou e contra-atacou com um chute no estômago.

O golpe foi tão forte que arremessou para longe e o teria jogado sobre o chão, se o mesmo não tivesse levantado voo no instante. O golpe seguinte desferido por Veron foi uma voadora vinda do ângulo em que ele estava.

Haru recuou e ele atingiu o chão com todas as forças. Um rápido chute giratório foi efetuado depois, o garotinho se agachou, girou e o atacou com uma veloz rasteira. Veron deu um breve salto escapando do golpe do garoto.

Ainda no ar, ele girou novamente e desferiu o chute. O baixinho se defendeu do chute usando os braços, girou as mãos, o agarrou na canela e começou a girá-lo com toda a força e velocidade.

Para encerrar a sequência, ele o atirou contra o chão com força, saltou e caiu sobre o estômago dele com os dois pés, a quantidade de saliva que ele vomitou deixou claro que o golpe doera nele, e muito.

Com um único salto mortal para trás Haru se distanciou dele. Os dois eram observados por Sara, que se surpreendeu com o que vira ocorrer.

— Impressionante! — Sorriu esperançosa.— Ele é muito forte, ele tá vencendo!

Veron se levantou da cratera na qual fora enterrado, limpou de leve o canto da boca com as costas da mão e voltou a encará-lo.

Ele percebeu que, um inimigo do tipo dele, Haru jamais seria capaz de derrotar em uma batalha. Isso o ajudou a perceber também que a Via Láctea é grande, assim como o resto do universo.

Há guerreiros mais poderosos do que os da White Volcano.

Dar-se conta disso o fez enfurecer-se. Já não bastava Santsuki, e agora um "anãozinho" que veio de um planetinha como a Terra?! Se sentia humilhado.

— MALDIÇÃO! MALDITO SEJA!— Praguejou com todas as forças. Desviou o seu olhar para Haru, ainda em fúria.— Eu não vou... NÃO VOU PERDER PRA UM ANÃO COMO VOCÊ!

Veron esticou os braços e abriu a palma das mãos, mostrando-as para ele. O vilão concentrou todas as suas energias na esfera de ar e um raio de vento comprimido foi disparado.

Haru ficou em guarda. Abriu a boca e concentrou chikara frente a seu rosto, formando uma esfera em chamas. Sorriu para ele.

— Seu bobão!— estufou o peito, jogou o rosto para trás e, após voltar, soprou chamas na esfera — KITSUNE BII!

Um jato de fogo foi disparado da esfera materializada por Haru, o raio colidiu com o outro e o sobrepujou consumindo-o facilmente, e depois percorreu todo o caminho até atingi-lo em cheio e explodir.

A explosão levantou ventania e poeira, forçando Haru a lutar pra se manter no chão. A força do impacto fora tão grande que fez todas as rochas do solo desprenderem-se do mesmo.

A explosão finalmente cessou, revelando, além de uma cratera, uma mancha enorme de fumaça que se dissipava com o ar. Ele viu que nada sobrou de seu adversário.

— Incrível, você é muito forte!— Sara o abraçou pelas costas, lhe agradecendo por tê-la salvo.— Obrigada por me salvar.— O beijou no rosto.

— Não foi nada.— Retrucou Haru, afagando-lhe os cabelos com a mão esquerda.— Ei, você pode me contar o que tá acontecendo aqui? Por que aquele cara tava te perseguindo e por que você caiu daquela janela?

— Há três dias esse planeta foi atacado por alguns alienígenas. Eles mataram um monte de gente, muitos conseguiram deixá-lo bem há tempo mas alguns não tiveram a mesma sorte e foram mortos depois de pegos. O meu pai foi o único que ousou desafiá-los, mas foi facilmente derrotado pelo chefe deles na frente de todos. — Contava-lhe com certa angústia no olhar, era notável.— Eles dominaram a torre do meu papai e levaram ele preso, disseram pra gente que só iriam deixar ele ir se déssemos o talismã da neve.

— Então não era mentira e eu não me enganei, ele estava aqui o tempo todo!— Haru agora estava mais confiante.

— O meu irmão mais velho teve a ideia de engoli-lo para que eles não pusessem as mãos, m-mas...por culpa minha ele foi preso igual ao meu papai. Graças a ele eu pude escapar mas eu teria sido pega de novo, se não fosse por você. Obrigada.— Agradeceu-o novamente.

— Sem problemas.— Disse-lhe ele, em resposta.— Escuta, por que é que aqui tá fazendo tanto calor?— Haru se abanava o tempo todo, notou isso desde que entrou na atmosfera.

— Eu nunca soube o porque em detalhes, mas o meu papai uma vez me contou que é porque o nosso planeta emite luz própria, ele não precisa orbitar nenhum astro. Aqui não existe a noite como nos outros planetas e nós não precisamos de água para nada além do banho, mas isso o meu papai e o meu irmão trazem de outros lugares todos os dias e levam para uma sala especial que temos aqui.— Lhe explicou.

— Ah, então é por isso.— Haru olhou em volta — O seu planeta é bem maior do que a Terra, e é muito bonito também. Tá bom — ele esmurrou o peito, determinado — eu vou ajudar vocês a se livrarem desses bandidos!

— Sério?— Indagou-o, esperançosa.— Eles são muito perigosos, você acha que pode com os outros? Quero dizer, o chefe deles pôde vencer o meu papai facilmente...

— Não se preocupa comigo, eu também sou muito forte, posso te garantir que não vou perder tão facilmente! Além do mais, eu já ia ter que lutar com eles de todo o jeito, já que vim aqui pra recuperar o talismã do meu reino...— Retrucou.

— Então você também tá atrás do talismã...— ela desviou o seu olhar para o pé do garoto, que não estava no chão.— O seu pé... ele tá machucado...?

— É, eu...— Haru estava prestes a explicar a ela tudo o que teve que passar para chegar até ali, quando sentiu uma energia que lhe era muito familiar. Desviou o seu olhar para o céu.— É ele, tá chegando!

— Q-Quem...?— Sara lhe perguntou, fitando a mesma direção.

— O malvado que me derrotou lá na Terra e quase me matou.— Respondeu. Sorriu.— Agora eu vou ter a minha revanche! Corre pra lá de novo, esse cara também é perigoso!

Sara assentiu e correu, voltando pro lugar para aonde escondeu-se na primeira ordem e no primeiro inimigo de Haru. Sara observava o pequenino que parecia ter a mesma idade que ela — se não for mais novo — sorrir confiante olhando pra cima, enquanto uma nave branca se aproximava mais e mais da superfície.

Depois de salvar Sara das garras de Kikuchi, Haru enfrenta e derrota um dos temíveis guerreiros da White Volcano! Agora, ele se vê de frente para a última chance de recuperar o talismã da terra! Dê o melhor de si, Haru, você consegue!!!

Fim do décimo terceiro capítulo.

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14: Confusão: A chegada de um jovem misterioso!

Haru não conseguia parar de sorrir, era estranho para ele porque, de certa forma, estava ansioso por aquilo. Na verdade sentia-se assim internamente desde que deixou a Terra, mas vê-lo chegar pareceu ter feito esse sentimento vir à tona.

Os seus olhos pararam sobre a nave do inimigo, seguindo assim o trajeto que a mesma percorria no céu, antes de alcançar a superfície do planeta. Podia sentir, o Talismã Essencial ainda estava com ele.

Era isso o que fazia tudo valer a pena. Isso justificava a sua forte vontade de derrotá-lo, de vingar-se dele pelo que ele lhe fizera quando esteve na Terra.

Uma das coisas que mais desejava ali era mostrar a eles que não deviam subestimá-lo e provar o quanto é forte, mas a sua mais nova motivação falava mais alto: a de salvar o mundo de Sara das garras daqueles malvados.

Yukuzo estava desconcertado. Tudo começou no momento em que rompeu a barreira do som com a nave, ao adentrar a atmosfera do planeta.

Todos os comandos da nave se inverteram; quando pressionava um botão, uma ação diferente era executada. Quando se aproximava dos fios, dos interruptores e das tomadas, levava uma atordoante e dolorosa descarga elétrica.

Sentiu cheiro de combustível, os seus olhos marejaram e o seu nariz se irritou, tudo devido a fumaça que agora subia dos espaços por entre os botões no painel que havia a sua frente.

— Grrr!!— Grunhiu com as mãos sobre a cabeça.— Mas o que é que está acontecendo aqui?!

Ele se lembrou que aquele planeta era totalmente diferente dos outros em que já esteve algum dia, e muito provavelmente todos os defeitos que ali ocorriam, devia-se a isto.

Um planeta que emitia energia própria...era raro, até mesmo no universo. O membro da organização mais poderosa da Via Láctea pôs a mão no bolso de trás da calça, checando se ainda tinha o talismã.

Suspirou aliviado ao constatar que o mesmo ainda estava ali. Ele já estava se preparando para o pior: saltar da nave para escapar de uma possível explosão.

E infelizmente para ele, isso não demoraria muito a ocorrer...

Yukuzo correu por toda a pequena sala da nave, pressionando de modo aleatório todo e qualquer botão que via pela frente, a sua última tentativa de salvar a nave.

De repente, as luzes ali começaram a piscar em um forte tom de cor escarlate, iluminando toda a sala. Ruídos ensurdecedores tomaram todo o cômodo e algumas letras começaram a piscar no telão.

Como se já não bastasse isso, a nave foi violentamente atacada por Haru que a atravessou por baixo, ao atingi-la com um gancho na região em questão.

Ele transpassou o teto tão rapidamente que não deu nem tempo de reação a Yukuzo, o jovem alienígena não pôde ver nem o seu vulto ou o seu rosto, tudo o que sabia era que foi atacado.

— Mas o que diabos...!?— Ele se auto-interrompeu ao ver que, agora, não faltavam mais do que alguns segundos para aquela espaço nave detonar.

Correu na direção do buraco aberto no chão por seja lá quem foi que o atacou e saltou, vendo-se do lado de fora momentos depois. Enquanto se preparava para manter-se no ar com o seu voo, Yukuzo olhou para trás a tempo de vê-la explodir em plenos céus.

Os destroços da nave pulavam meio a cortina de fumaça deixada pela detonação da nave. O que Yukuzo temia não era a explosão em si — estava convencido de que sairia intacto dela — mas sim algo que pudesse acontecer ao talismã.

Quando a nuvem de fumaça se espalhou pelo ar, desaparecendo, ele finalmente pôde ver quem foi que o atacou. Parado no ar, com os braços cruzados, um sorriso no rosto e as asas batendo, ele parecia desafiá-lo.

Haru...

Yukuzo ficou perplexo ao lembrar-se daquele rosto. Achou que o havia matado enquanto esteve na Terra e nem se lembrava mais dele, porém agora viu que estava redondamente enganado.

Enquanto lentamente se aproximavam do chão no mesmo ritmo eles se encaravam, Yukuzo abriu um meio-sorriso para Haru, que fez o mesmo, como se retribuísse.

Tac!

Pousaram ao mesmo tempo, a poucos metros de distância um do outro. Haru agora mantinha uma expressão séria na face, mas seu inimigo, diferentemente dele, não parava de rir.

Ventos frescos chegaram a arena desértica, esvoaçando roupas e cabelos dos guerreiros que se defrontavam frontalmente. Sem ainda se mostrar, Sara foi se aproximando para vê-los melhor.

Escondeu-se por detrás de uma rocha que tinha duas vezes o seu tamanho, se agachou e inclinou o rosto para olhá-los. Nenhum dos dois ainda havia feito um movimento.

— Você é o pirralho que eu deixei a beira da morte enquanto estive naquele planetinha chamado Terra...— Yukuzo buscava em sua memória os últimos momentos em que esteve lá.— Pensei que você tivesse morrido, eu deveria ter ficado para me certificar. Mas enfim, eu vou me encarregar de matá-lo e de não deixar que você saia com vida dessa vez, garotinho sortudo...

— Fique sabendo que dessa vez não vai ser tão fácil, eu não tô pretendendo perder! Agora eu tenho coisas muito mais importantes pra proteger aqui, não vou deixar que vocês façam mal às pessoas desse planeta!— Haru declarou, e pôs-se em guarda.

— Bem, chega de falar...vamos logo acabar com isso porque eu ainda vou...— Ser golpeado diretamente no estômago pelo baixinho que, até então, apenas o escutava, fez-o se interromper.

Uma projeção óptica era o que estava no local em que ele antes olhava, deixada para trás pelo garoto no local em que estava de início, tamanha foi a velocidade com a qual ele se deslocou para frente dele.

— Impressionante! Ele é muito rápido, não deu nem pra ver!!— A pequena Sara esfregava os olhos com as mãos, uma tentativa fútil de tentar acompanhá-lo.

Ao tocar os pés no chão, Haru enterrou o punho no estômago de seu oponente, que cuspira sangue, o golpe lhe causou incontáveis danos internos.

Yukuzo se recusava a acreditar. Como uma criança como aquela pôde machucá-lo tanto com um simples soco? Ele estava confuso. Na Terra o surrou sem dificuldades, mas agora isso ocorre.

— O q-que...!?— Perguntou, levando a mão até a região atingida. — C-Como isso é... é p-possível...?

A dor que sentia era grande demais, jamais imaginou que algum dia iria chegar a passar por isso. Tudo a sua volta começou a girar, ele mal conseguia manter-se de pé.

Com a mão sobre o estômago, a boca aberta e somente um dos olhos esbugalhados, ele recuava lentamente, sem entender. Foi, inesperadamente, golpeado no peito por mais um chute voador dele.

Yukuzo foi lançado para trás com todas as forças sendo, no fim, arrastado pelo chão até se chocar com uma rocha e parar. Com muita dificuldade ele se sentou, apoiando as costas sobre a rocha atrás.

Olhou bem a tempo de vê-lo abrir as asas e voar em sua direção preparando um soco com a mão direita, porém por reflexos foi capaz de voar no último segundo, escapando do golpe.

Haru atingiu a rocha e a fez em pedaços, mas desviou seu olhar para o céu em busca de seu inimigo. Sentiu uma quantidade massiva de energia concentrada em um único ponto.

O nanico olhou mais a fundo e viu formar-se, na palma das mãos do inimigo, uma grande esfera de ventos. O poder concentrado nela era tão grande que fazia o Big Bright inteira tremer.

Poderosíssimas ventanias eram regidas, criando tempestades de areia em volta de Haru, que protegia os olhos da terra que flutuava de modo frenético.

Furacões mesclados em areia e ar ergueram-se na região, o que forçou Sara a procurar algum lugar bom para refugiar-se, do contrário ela sabia que seria carregada pelos ventos que ficavam cada vez mais fortes. Ela se afastou dali o mais rápido que pôde.

— O quê?!— Haru se assustou com o que notou, logo depois de medir todo o poder colocado na técnica.— Tá maluco!? Se você atirar isso aqui, vai acabar destruindo tudo!

— Isso não importa!— Exclamou enfurecido. Não há nenhuma dúvidas, ele está fora de si.— Me nego a perder pra alguém como você!

E atirou a técnica contra Haru, que recuava vagarosamente, ao mesmo tempo em que pensava no que iria fazer para salvar o mundo do trágico destino que o aguardava, caso a técnica viesse a colidir.

Uma última ideia lhe veio em mente. Quando estava prestes a se consumir pela esfera, ele apontou as duas mãos para ela em um sinal de "pare" e, em poucos segundos, moldou duas esferas em chamas.

As disparou contra o poder gigantesco, fazendo grande esforço para repeli-la para fora da estratosfera. Fincou os seus pés no chão e depois olhou em volta, observando a destruição causada.

A área detonada era equivalente a uma cidade, e isso porque a técnica nem chegou a colidir com o chão. Haru adicionou mais poder às esferas que criou e as atirou com todas as forças.

O poder lançado por ele colidiu com o do inimigo e, facilmente, o sobrepujou, lançando-a em direção a ele. Sem nenhuma chance de escapatória, Yukuzo foi devorado pela própria técnica.

Carregado por ela, ele foi para fora da estratosfera, percorreram um longo caminho pelo cosmos até estarem bem longe do planeta, e enfim o poder detonar, emanando um pequeno pontinho de luz ao longe.

Haru suspirou caiu sentado, enquanto um suor lhe descia a testa.

— Ufa...— suspirou, enxugando o suor — Mais um pouquinho e o planeta inteiro teria desaparecido numa grande explosão, não imaginei que me cansaria tanto assim... Essa não, eu acabei me esquecendo do talismã! Droga, eu acabei destruindo ele junto e pus tudo a perder!

Haru se martirizava por ter desintegrado o talismã junto com ele, ao repelir o ataque de volta para seu inimigo. Com as mãos sobre a cabeça e os olhos cerrados, ele se negava a acreditar no que fez.

— Tô ocupado agora, eu destruí o talismã!— Exclamou, ao sentir um toque no ombro.— Não pode ser! Não pode ser! Como eu pude ser tão burro!?

— Do que você tá falando, o talismã tá aqui.— Sara exibiu pra ele o artefato que tinha em mãos, fazendo-o parar com o auto-martírio para lhe dar atenção.

— Hã?— ele se pôs de pé, virou-se para ela e o tomou de sua pequena mão. Sorriu ao ver que era ele mesmo.— É verdade, é o meu talismã! Hahah, muito obrigado!— E a abraçou fortemente, erguendo-a no ar.

— Não tem de quê, é o mínimo que eu pude fazer, depois de você ter me salvo duas vezes.— Retrucou, dizendo-lhe.

— Mas como você pegou ele, eu pensei que tivesse com aquele cara.— Perguntou-a.

— Acho que ele soltou o talismã no último segundo, quero dizer, antes de ser pego por aquela bola de vento. Eu estava em cima de uma árvore quando vi ele voar, por pouco ele não caiu e se quebrou.— Respondeu.

— Se esse talismã tivesse sido destruído eu teria um problemão, você salvou a minha pele.— Haru fitava a peça, sorridente, finalmente o conseguiu, o talismã do conselheiro.— Tá bom, já tá na hora!

— Na hora de quê?— Não fazia ideia do que ele estava falando, pensou que talvez tivesse perdido alguma coisa.

— Na hora de ir salvar o seu irmão e o seu pai.— o pequenino de cabeleira laranja-loura levitou alguns metros do chão após abrir suas asas e deitou no ar. Ele apontou para as próprias costas.— Sobe aqui, rápido.

— Tá bom.— Obedeceu-o, montando nas costas dele com muito cuidado, tudo para não acertá-lo no pé, que parecia machucado.

— Se segura firme, porque agora eu vou voar muito rápido!— Avisou, vendo-a assentir.

Após senti-la segurar em seus cabelos, ele arrancou voo rumo a direção em que sentia as presenças mais poderosas, deduzindo que é lá que o rei e os que o sequestraram estavam.

Achou que seria o suficiente apenas romper a barreira do som, claro que com muito cuidado com o talismã e com Sara. O baixinho seguia voando distraidamente e freou de maneira abrupta, ao receber um aviso de sua auréola.

Mas como resultado, a cabeça de Sara acabou batendo contra a sua, o que os fez gemer de dor.

— Ai, por que você parou assim!?— Sara lhe perguntou, coçando a testa com dois dedos.

— Eu não sei o que é, mas a minha auréola tá detectando uma presença muito malvada e ela tá vindo dali!— Ignorou a dor e lhe disse em resposta, usando o dedo indicador para mostrar a direção.

— Eh...?— Sara não entendeu nada. Então quer dizer que aquela auréola não era um enfeite, que ela era verdadeira e que prestava pra alguma coisa.— Você definitivamente é um anjo...

— É estranho...— Haru começou a pensar em voz alta — Se tem alguém andando pra cá, por que eu não pude sentir a presença? Será que essa pessoa tem a capacidade de esconder a presença como a Sachi-chan faz? Deve ser aquele velho!

— De quem você está falando?— Sara estava perdida, ouvi-lo dizer essas coisas só estava piorando a situação dela.

— Você vai entender depois, acho melhor a gente ir investigar, a minha auréola tá me dizendo que é alguém muito malvado!— Afirmou, um pouco antes de arrancar voo na direção.

Um jovem de lisos cabelos negros escorridos pela testa, um par de olhos negros como ébano, corpo bem definido para a idade que ele aparentava ter e tatuagens negras espalhadas pelo rosto alvo, andava fitando o horizonte.

Não somente o seu rosto, como também o resto de seu peitoral nu era enfeitado com tatuagens que se estendiam até o seu abdômen sarado. Ele trajava apenas uma calça jeans negras como seus olhos e botas da mesma cor.

Um jovenzinho baixinho, gordo, de pele clara, olhos ocultos pelos óculos de grau personalizados que ele usava, trajando roupas sociais, com a atenção voltada ao que parecia ser uma calculadora que tinha em mãos o seguia pouco atrás.

— Sorata! E-Espere!— Gritou chamando pelo companheiro que a sua frente andava, acenando com a mão direita e ajeitando os óculos desconcertadamente.

— Diga.— o peregrino foi curto e grosso, a frieza era clara em seu tom de voz. Ele apenas virou o torso, olhando-o de lado.

— O meu aparelho sensitivo está detectando a presença de um ser vivo, e-está se aproximando a uma velocidade incrível, é s-sério!— Avisou-lhe.

— Hunf...— Sorata virou-se para frente novamente.— Deve ser só mais um erro entre muitos que você já cometeu, desde que nós dois chegamos aqui.— voltou a caminhar — Não fale comigo a não ser que seja urgente, me entendeu?— indagou, rispidamente.

— Mas nas outras vezes não era nenhum erro, os seres vivos desse planeta é que são muito estranhos, além do mais esse planeta emite luz própria, há vida por toda parte.— olhou novamente no seu aparelho — Espera, vou checar com os meus óculos de raio-x.— ajeitou os seus óculos pela armação, virando-os para cima — É s-sim, não é um erro, tem alguém se aproximando! E ele está voando muito rápido, talvez tão rápido quanto você!

— O quê?!— olhou atônito para a mesma direção, e sorriu.— Não seja idiota, não existe alguém tão rápido quanto eu no universo, você sabe disso.

— Mas eu não estou enganado, segundo os meus registros ele também é capaz de romper a barreira do som, é sério!— avisou, impressionando o companheiro novamente — Veja, ele está chegando aí!

Haru efetuou um pouso suave, pondo-se na frente de Sara, após fazê-lo. Franziu o cenho para encarar o jovem a sua frente, que, pela aparência, devia ser um pouco mais novo do que Kin. Mas havia alguma coisa nele que não agradava Haru, a sua auréola também não parava de lhe avisar sobre algo, apitando a todo instante. Mesmo Sara assustou-se ao vê-lo, pôde sentir a aura maligna que ele emanava.

Quando está a caminho da torre de Kikuchi, Haru esbarra com um jovem misterioso, cujo tem um mau pressentimento! E agora, quem será esse rapaz? Será um inimigo, ou um aliado?! E qual será o motivo da má impressão de Haru!?

Fim do décimo quarto capítulo.
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