Bem, já tem um tempo que estou querendo fazer isso, talez eu continue fazendo. Postagens frequentes sobre obras dos irmãos grimms em forma de poema. Então nada melhor do que começar com a minha favorita. O Pequeno alfaiate valente. Espero que gostem.




[Irmãos Grimm] O Pequeno Alfaiate Valente CG9fO_XO4bDM8h-x3T79lgtJM9dHtkNKlY2uTevq_OE
Ah, uma manhã de verão radiante,
O alfaiate em sua mesa trabalhava,
A camponesa anunciando sua geleia,
Seus gritos ecoando pela rua.

"Geleia boa! Geleia boa!"
O pequeno alfaiate ouviu, agradado,
Chamou-a para cima, a mercadoria inspecionou,
Pesando, cheirando, sua decisão tomou.

"Duas onças, boa mulher, será o suficiente,
Mesmo um quarto de libra, não me ofende."
Com o pagamento feito, ela partiu resmungando,
Enquanto o alfaiate, contente, começou a sonhar.

"Que Deus abençoe esta geleia",
Ele exclamou, esperando força e energia,
Um pedaço de pão, a geleia provou,
Mas o trabalho o chamava, não se demorou.

As moscas, atraídas pelo doce aroma,
Invadiram sua oficina com grande efervescência,
Ele, indignado, as enxotou,
Mas em maior número, elas voltaram sem pudor.

"Quem vos convidou?" ele bradou,
Mas as moscas não entenderam, ignoraram seu apelo,
Uma delas, atrevida, no nariz pousou,
E sem piedade, o pequeno alfaiate a golpeou.

Zás-trás, com um pano em sua mão,
Sete moscas tombaram, sem compaixão,
Ele, admirado, exibiu sua proeza,
E decidiu que o mundo inteiro conheceria sua destreza.

"Sete de um só golpe," bordou em seu cinto,
Orgulhoso, decidiu partir, destemido e inteiro,
A modesta alfaiataria era pequena demais,
Para conter sua coragem, suas habilidades.

Com um queijo velho e um pássaro no bolso,
Partiu o alfaiate, sem um tostão no dorso,
Encontrou um gigante, sentado em uma montanha,
E com destreza, mostrou-lhe sua façanha.

"Bom dia, companheiro," ele disse, sem temor,
Mostrando o cinto, provando sua valentia com fervor,
O gigante, impressionado, leu as palavras bordadas,
E decidiu testá-lo, com uma prova inesperada.

Pegou uma pedra e espremeu-a com vigor,
Água escorrendo, testemunha de seu ardor,
O alfaiate, ágil e leve, não se intimidou,
Com sua astúcia, mostrou-se valente e audaz, ao seu redor.


Na luta com o gigante, o alfaiatezinho,
Provou sua astúcia, seu valor, seu tino.
Com um queijo no bolso, ágil e esperto,
Mostrou-se destemido, mostrou ser experto.

O gigante, desafiado, pegou uma pedra,
E espremeu-a com força, água escorre, ele espera,
Mas o pequeno alfaiate, com seu truque sagaz,
Faz o mesmo com o queijo, e o gigante se desfaz.

Uma pedra lançada ao céu, alto e longe vai,
Desafia o alfaiate, mas ele não se desfaz,
Com o pássaro libertado, voando para o além,
Mostra sua valentia, sua bravura também.

Diante de um carvalho caído, o gigante o desafia,
Para carregar a árvore, ver se o pequeno sobrevivia.
Com artimanhas e argúcia, o alfaiate aceita,
Fingindo ajudar, mas a vantagem dele ajeita.

No leito do gigante, ele se esconde,
E a tranca pesada, o golpe que esconde.
Mas o alfaiate, ágil, sobrevive ileso,
E os gigantes, espantados, fogem do avesso.

Na corte real, o alfaiate é aclamado,
Por seu feito e destreza, é homenageado.
O rei, encantado, faz-lhe uma proposta,
Domar dois gigantes, o que o mundo encosta.

Com uma linda princesa e metade do reino em vista,
O pequeno alfaiate não recua, não desista.
Com coragem e valentia, ele parte sem medo,
A jornada solitária, para enfrentar o segredo.

Pela floresta escura, o alfaiate avança,
Determinado a enfrentar mais uma dança.
Encontra os gigantes, adormecidos ao relento,
E com pedras nos bolsos, prepara seu momento.

Ágil como um gato, sobe na árvore, sorrateiro,
E das alturas, lança pedras, sem rodeio.
Os gigantes acordam, confusos e aturdidos,
Sem entender as pedras que caem em seus ouvidos.

Discutem, mas logo retomam o sono,
O alfaiate, persistente, não se dá por dono.
Mais pedras caem, e os gigantes se exaltam,
Num frenesi de violência, que logo se acalmam.

Mas a ira cresce, e os gigantes se enfrentam,
Numa batalha feroz, onde árvores se quebrantam.
O alfaiate, esperto, observa de longe a briga,
Até que os gigantes, exaustos, tombam na fadiga.

Saltando da árvore, o alfaiate comemora,
Pela sorte de não ser vítima daquela triste agora.
Com sua espada, encerra o embate dos gigantes,
E corre para contar aos cavaleiros, triunfantes.

Com espanto, os cavaleiros vêm a cena,
Os gigantes caídos, a floresta serena.
O alfaiate exige sua recompensa, o rei prometida,
Mas o rei, hesitante, busca saída.

Exige uma nova prova, antes da recompensa concedida,
Um unicórnio, na floresta, causa temida.
Determinado, o alfaiate parte em busca do desafio,
Pronto para enfrentar mais um feito bravio.

Pelo bosque adentro, o alfaiate destemido,
Afronta o unicórnio, desafio conhecido.
Sem temor, encara o animal furioso,
E com destreza, prende-o, vitorioso.

O rei, porém, não lhe dá a recompensa merecida,
Exige mais provas, numa tarefa ainda mais temida.
Um javali feroz, aterroriza a floresta,
E o alfaiate, sem medo, aceita a nova aposta.

Sem levar caçadores, ele enfrenta a fera,
E com astúcia, vence a batalha, sincera.
Encurralando o javali numa capela próxima,
O alfaiate prova sua bravura, sem troça.

Perante os caçadores e o rei, ele exibe a presa,
E o rei, enfim, cumpre sua promessa, sem defesa.
As bodas são celebradas, mas há um segredo guardado,
Pois o alfaiate revela sua origem, desvelado.

A rainha, intrigada, ouve seu marido sonhar,
E descobre a verdade, sem poder disfarçar.
Querendo livrar-se dele, planejam um triste fim,
Mas o escudeiro, leal, revela o plano a ele, enfim.

O astuto alfaiate, conhecendo a trama,
Age com sagacidade, sem drama.
Ao fingir-se adormecido, desvenda o ardil,
E os guardas, amedrontados, fogem, sem perfil.

Assim, o pequeno alfaiate, com sua esperteza,
Permanece como rei, com grandeza.
Sete de um só golpe, seu feito aclamado,
Se torna lenda, para sempre lembrado.